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Anvisa recebe notificações de reações adversas em pacientes que usam anti-retroviral nevirapina

Belo Horizonte, 10 de Janeiro de 2001 (Bibliomed). A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), por meio de sua Unidade de Farmacovigilância, faz um alerta quanto à notificação de possíveis efeitos colaterais graves em pacientes que fazem uso do medicamento nevirapina – um dos 16 anti-retrovirais distribuídos pelo Ministério da Saúde para composição do coquetel contra o vírus HIV.

Entre os efeitos colaterais descritos, estão reações cutâneas como a chamada síndrome de Stevens-Jonhson e a necrólise epidérmica tóxica (síndrome de Lyell). Também foram relatadas reações como a hepatite e a insuficiência hepática, com relato de mortes. O aparecimento das reações se dá, com maior freqüência, no período inicial do tratamento com a nevirapina.

A Agência Regulatória de Medicamentos do Reino Unido (Medicines Control Agency - MCA) recomenda o uso de apenas metade da dose padronizada da nevirapina durante as duas primeiras semanas de tratamento, a fim de reduzir a freqüência e a gravidade das reações adversas (hepatotoxicidade, graves reações cutâneas e reações de hipersensibilidade).

Um estudo recente foi realizado, sendo descritos 22 casos de reações adversas graves atribuídos ao programa de profilaxia pós-exposição HIV, no qual a nevirapina estava inserida. Entre os problemas citados estão: insuficiência hepática causando a necessidade de transplante; hepatite clínica medicamentosa; elevação de enzimas hepáticas.

Outro estudo adicional realizado no Reino Unido descreveu reações adversas relacionadas ao uso da nevirapina na profilaxia do HIV-1, sendo cinco casos de hepatite e dois associados a rash cutâneo (lesão vermelha na pele).

Médicos e pacientes devem discutir a possibilidade de uso de uma baixa dosagem no início do tratamento, bem como o monitoramento contínuo das enzimas hepáticas. Os pacientes devem estar atentos para qualquer sinal e/ou sintoma de reações de hipersensibilidade na pele, comunicando rapidamente o problema ao médico.

A nevirapina, juntamente com outros medicamentos anti-retrovirais, é indicada para tratamento de adultos e crianças infectados com vírus HIV-1 (vírus da imunodeficiência humana). Desde de 1998, a nevirapina é comercializada na União Européia e, no ano de 2000, começou a ser produzida no Brasil. Desde então, pertence à lista de medicamentos do Programa Nacional de DST/AIDS do Ministério da Saúde, distribuídos gratuitamente à população.

O medicamento nevirapina é considerado um inibidor não-nucleosídeo da transcriptase reversa. A trancriptase reversa é uma enzima que possibilita ao vírus HIV se incorporar às células do homem, mudar seu código genético, forçando-as assim a “trabalhar” para o vírus e fabricar proteínas de que ele necessita para se reproduzir no organismo.

Assim como a nevirapina, há outros dois inibidores não-nucleosídeos da transcriptase reversa disponíveis para a formação do coquetel contra a Aids: a delavirdina e efavirenz.

A Aids é hoje a quarta causa de morte no mundo. No Brasil, existem cerca de 150 mil pessoas contaminadas, que fazem uso dos medicamentos anti-retrovirais. Isso representa 0,5% da população brasileira.

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