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São Paulo, 21 de Maio de 2001 (eHealthLA). Um em cada quatro brasileiros adultos sofrem com alguma espécie de dor, principal responsável pelas faltas ao trabalho.
O 5º Simpósio Brasileiro e Encontro Internacional sobre a Dor, que está sendo realizado em São Paulo, reúne renomados especialistas da área para discutir o assunto.
Apesar de todos os avanços científicos da medicina e da indústria farmacêutica, o doente brasileiro está entre os que mais sofrem dores e os que morrem em maior padecimento físico no mundo.
“No Brasil os pacientes com dor são subtratados, por vários motivos, dentre eles a falta de informação de médicos, pacientes, familiares e autoridades sanitárias”, afirma Dr. Luciano Braun, presidente da Sociedade Brasileira de Estudo para a Dor (SBED).
O tratamento da dor, atualmente, traz várias questões á tona. “A dificuldade da equipe médica para fazer o diagnóstico, as falhas do currículo dos cursos de medicina, a dificuldade na atualização profissional no que se refere ao tratamento da dor e do uso de opiáceos (medicamentos para dor), e as dificuldades legais para prescrever e adquirir esse tipo de medicamento são as principais causas da deficiência da prescrição de drogas para o alívio da dor”, resume o especialista.
Um dos vilões da história é o baixíssimo uso da morfina e seus derivados no Brasil.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, o paciente brasileiro recebe 500 vezes menos medicamentos contra a dor que o norte-americano, enquanto o uruguaio recebe 60 vezes mais que o brasileiro. Segundo Dr. Braun, o Brasil consome 20 vezes menos morfina que a Dinamarca e 10 vezes menos que EUA e Canadá.
“Diferente do nosso País, os países do Primeiro Mundo reconhecem a Dor como o maior problema de saúde pública”, reclama Braun.
A luta pela morfina
No ambiente hospitalar não há dificuldades para aplicação da morfina, porém para os doentes que não estão internados, comprar a droga acaba se tornando um grande transtorno, tanto para o médico que prescreve quanto para o paciente que precisa do medicamento.
Isso porque para que o médico receite medicamentos opiáceos é obrigatória a utilização do chamado “formulário amarelo”, numerado, que para ser obtido exige um cadastramento feito pessoalmente em uma repartição pública.
As dificuldades continuam quando o paciente sai em busca do medicamento. As drogarias que vendem morfina ficam sob uma rígida fiscalização. Somente as grandes redes de farmácias dos centros urbanos comercializam medicamentos como a morfina, a metadona e a codeína.
“A terceira barreira é criada pelos próprios familiares do paciente com dor crônica, que hesitam em aceitar a prescrição por acreditar que a morfina é indicada somente em casos terminais, o que não é verdade”, completa Braun.
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