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Mídia Geralmente é Favorável ao Consumo de Charutos

05 de Fevereiro de 2001 (Bibliomed). A crescente tendência popular de fumar charutos parece ter a aprovação da mídia, avaliaram pesquisadores. As conclusões dos especialistas mostram que muitas revistas e artigos de jornais encaram o hábito de uma forma positiva.

"A cobertura da mídia impressa sobre charutos foi injustificavelmente favorável e não mostrou ao público os riscos de saúde envolvidos", disse a chefe do estudo, Lynn Wenger, da Universidade da Califórnia (em São Francisco), à Reuters Health. "As perspectivas dos indivíduos associados à indústria do tabaco foram muito mais bem representadas que as dos partidários da saúde pública", disse a especialista.

Em uma análise de quase 800 artigos de revistas e jornais sobre charutos, a equipe verificou que quase 40 por cento concentraram-se sobre os aspectos comerciais, enquanto apenas 4 por cento tratou de seus efeitos para saúde.

Quando os efeitos para saúde foram mencionados "geralmente estavam embutidos em artigos que retratavam o charuto positivamente, minimizando o seu impacto", informaram os autores na edição de fevereiro do American Journal of Public Health, publicação da American Public Health Association.

Em artigos que compararam charutos e cigarros, os charutos pareciam ser mais aceitáveis socialmente, menos perigosos para a saúde ou contendo menos substâncias químicas que os cigarros, informou a pesquisa.

"A mídia parece ter sido seduzida por uma campanha agressiva de marketing da indústria", disse Wenger.

"O público deveria ser cético quando lê matérias retratando o uso do tabaco como uma tendência popular, glamourosa ou atraente", disse a pesquisadora. "O fato é que tabaco mata", concluiu a especialista.

Em outro estudo, Monica N. Feit, diretora do programa do Projeto Hope, na Bósnia-Herzegóvina, tentou relacionar o alto número de meninas fumantes entre 1992 e 1998 ao aumento de número de imagens de charutos nas revistas femininas no mesmo período.

"Quando charutos ou outros itens são mostrados como glamourosos e os fumantes são retratados como bem-sucedidos, esta mensagem também chega aos adolescentes", disse a pesquisadora.

Feit identificou quatro imagens de charuto em revistas de 1992, sendo que 25 por cento mostravam uma mulher fumante. Em 1998, 16 imagens apareceram em revistas e 64 por cento incluíram uma mulher fumando. As conclusões também foram publicadas no American Journal of Public Health.

Mesmo que 30 por cento das imagens de charuto tenham aparecido como publicidade, muitos anúncios foram de produtos sem tabaco, observou a autora. "Foram usados como uma proposta de estilo de vida de sucesso e suntuosa para vender outros itens de luxo", disse Feit à Reuters Health.

Já 91 por cento das imagens de cigarro foram usadas em publicidade e quase todas, 97 por cento, em anúncios de tabaco.

"Enquanto fumar charuto for promovido na cultura popular como uma atividade desejável para adultos influentes e bem-sucedidos, vai atrair adolescentes", concluiu a autora.

Para Feit, são necessárias mais pesquisas "para entender melhor os efeitos de fumar charuto em adolescentes e mulheres e para entender melhor a influência da mídia na iniciação ao fumo".

A pesquisadora realizou o trabalho durante curso de graduação na Universidade de Columbia, em Nova York.

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