Notícias de saúde

Gene que Faz Célula Viver sem Oxigênio é Novo Alvo no Câncer

Por Anne Harding

NOVA YORK (Reuters Health) - Bloquear a ação de um gene que ajuda as células a viver com menos oxigênio poderia proporcionar uma nova estratégia para combater o câncer, informaram pesquisadores.

A equipe de David M. Livingston, do Instituto do Câncer Dana-Farber, em Boston (Massachusetts), projetou uma nova molécula que interrompe o caminho pelo qual o gene HIF inicia uma série de ações que permitem que as células se adaptem a baixos níveis de oxigênio. A molécula diminuiu o crescimento do câncer humano de mama e cólon implantado em ratos, conforme publicado na edição de dezembro da revista Nature Medicine.

"Estas descobertas criam possibilidades animadoras de haver um novo tratamento para o câncer, apesar de várias questões exigirem análises cuidadosas para ser desenvolvidas como estratégia", avaliou, em artigo que acompanha o estudo, a equipe de Peter J. Ratcliffe do Wellcome Trust Centre for Human Genetics, em Oxford (Grã-Bretanha).

Enquanto as células saudáveis sobrevivem melhor em um ambiente rico em oxigênio, os tumores geralmente apresentam hipoxia, redução drástica do fluxo de oxigênio.

O gene HIF-1 é uma parte crucial do sistema pelo qual as células podem sobreviver e proliferar sem oxigênio. Ele aciona, por exemplo, outros genes que comandam a produção de proteínas que iniciam o crescimento de novos vasos sanguíneos para suprir o tumor com oxigênio e nutrientes, fenômeno conhecido como angiogênese.

A molécula que a equipe de Livingston projetou impede a proteína HIF-1 de interagir com outra proteína, a p300/CBP. Os pesquisadores demonstraram que a molécula evita que o HIF-1 provoque a manifestação de outros genes importantes para a sobrevivência sem oxigênio.

Uma série de questões devem ser resolvidas antes que a molécula ou similares possam ser usados como terapia contra câncer, observou a equipe de Ratcliffe. Primeiro, os pesquisadores precisarão ter certeza de que a molécula não interfere em outros mecanismos do metabolismo.

"Por fim, será importante determinar como uma interrupção geral e efetiva do HIF poderia ser uma estratégia contra o tumor", avaliou a equipe de Ratcliffe.

Um tipo de tumor para o qual esse tipo de tratamento poderia ser efetivo é o câncer de células claras do rim, que geralmente não responde à quimioterapia, observou a equipe de Ratcliffe. Sabe-se que o HIF-1 é muito ativo nesses tumores.

"É uma experiência científica básica e terá que resistir à prova do tempo", disse Livingston à Reuters Health.

Sinopse preparada por Reuters Health

Copyright © 2000 Reuters Limited. All rights reserved. Republication or redistribution of Reuters Limited content, including by framing or similar means, is expressly prohibited without the prior written consent of Reuters Limited.

Faça o seu comentário
Comentários