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Células-Tronco Podem 'Invadir' Tumores Cerebrais

NOVA YORK (Reuters Health) - Imagine um tratamento em que células cancerosas no cérebro são rastreadas, seguidas para onde quer que se espalhem e mortas sem qualquer dano para os neurônios vizinhos. Pois os cientistas deram mais um passo em direção a esse sonho -- pelo menos em camundongos.

Tumores malignos no cérebros são extremamente difíceis de tratar, em parte porque as células cancerosas parecem se deslocar livremente pelo cérebro, infiltrando-se no tecido cerebral normal e, às vezes, percorrendo grandes distâncias a partir do tumor original.

Células-tronco neurais (NSC, sigla em inglês de neural stem cells), células primitivas precursoras das cerebrais, têm uma capacidade semelhante de percorrer o tecido cerebral e podem funcionar como mísseis teleguiados para localizar e erradicar esses tumores, de acordo com Evan Y. Snyder e sua equipe, da Escola de Medicina de Harvard, em Boston, Massachusetts.

No novo trabalho, os cientistas alteraram geneticamente as células-tronco neurais para produzir uma droga anticâncer, quando tratadas com um agente atóxico conhecido como 5-FC.

Essas células modificadas foram injetadas em camundongos adultos portadores de células cerebrais cancerosas humanas e, em seguida, os animais foram tratados com o 5-FC.

O resultado? Depois de duas semanas, os tumores diminuíram 80 por cento em relação aos animais que não receberam tratamento.

O segredo do sucesso do tratamento pode ser a habilidade que as células-tronco neurais têm de migrar pelo corpo atrás de células cancerosas.

Numa série de experiências, os pesquisadores descobriram que as NSC podem se infiltrar em tumores cerebrais bastante agressivos e até no limite entre o tumor e o tecido normal.

Só quando as células do tumor penetram no tecido normal é que as NSC parecem segui-las, como se estivessem perseguindo as células malignas.

Mesmo quando NSCs são injetadas em áreas do cérebro distantes do local do tumor -- às vezes no lado oposto -- elas se acumulam nas células cancerosas.

Além disso, depois de serem injetadas na jugular dos ratos, as células-tronco deslocaram-se para o cérebro, concentrando-se na região do tumor e não em outras regiões do corpo.

O estudo foi publicado na edição deste mês da Proceedings of the National Academy of Sciences.

Novos estudos serão necessários para determinar se essa terapia é segura e eficaz para seres humanos.

"Os problemas a serem resolvidos para que essa nova abordagem terapêutica seja benéfica são consideráveis", de acordo com editorial assinado por Mark Noble, do Centro Médico da Universidade de Rochester, em Nova York.

"Como até agora nenhuma das terapias bem-sucedidas em laboratório parece ser efetiva em seres humanos, a necessidade de continuar a pesquisa nessa área é grande como sempre".

Sinopse preparada por Reuters Health

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