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Intolerância à Lactose

© Equipe Editorial Bibliomed

Neste Artigo:

- Introdução
- Manifestações Clínicas
- Exames complementares
- Abordagem terapêutica
- Conclusão
- Referências Bibliográficas

A Intolerância à Lactose (IL) é um problema bastante comum, porém de incidência variável: menos de 5% dos indivíduos do norte da Europa sofrem com o problema, ao passo que mais de 90% dos africanos e asiáticos são afetados. Apesar da produção da enzima Lactase começar a diminuir por volta dos 2 anos de idade, a IL é rara em pacientes com menos de 6 anos.

Introdução

A Lactose, um dissacarídeo característico do leite dos mamíferos, é utilizado pelo organismo para intensificar a absorção de vários sais minerais, incluindo cálcio, magnésio e zinco. Ela também promove o crescimento de bactérias intestinais e é uma das principais fontes de galactose, um nutriente essencial para a formação dos galactolipídios cerebrais.

A deficiência congênita de Lactase (enzima responsável pelo metabolismo da Lactose) é extremamente rara. Contudo, o desenvolvimento de deficiência de lactase durante a infância ou a idade adulta é bastante comum e pode ser herdada como um traço autossômico recessivo.

Alguns pacientes podem apresentar uma deficiência transitória de lactase, devido a alterações na mucosa intestinal causada por processos infecciosos, alérgicos ou inflamatórios.

Manifestações Clínicas

Os sintomas gastrintestiais são a manifestação predominante da intolerância à Lactose. Flatulência, cólicas abdominais e meteorismo surgem poucas horas após a ingestão de leite e derivados. Os sintomas são mais intensos quando a ingestão de laticínios é acompanhada por alimentos ricos em gorduras ou carbohidratos. O paciente também pode relatar fezes aquosas associadas a urgência evacuatória.

O exame clínico pode revelar baixo desenvolvimento pôndero-estatural em crianças, mas a desnutrição é rara. A palpação do abdome não desencadeia a dor (sinal de Blumberg negativo).

Exames complementares

A Intolerância à Lactose pode ser diagnosticada através da resolução da sintomatologia duas semanas após a introdução de uma dieta livre de lactose, ou recorrência de sintomatologia após a reintrodução de uma dieta contendo lactose.

O Teste de H2 no ar expirado (> 20 ppm de aumento do hidrogênio no ar expirado, medido 60 minutos após uma dose de lactose de 2 g/kg ou 25 g) é mais confiável que a historia clinica, mas deve ser interpretado por um gastroenterologista.

A Diminuição do pH das fezes é de utilidade, mas não é específico para a má absorção da lactose ou de qualquer outro carboidrato. Testes fecais de redução de substancias não são tão sensíveis quanto à medida do pH das fezes.

Abordagem terapêutica

O tratamento da intolerância à lactose inclui o uso de substancias livres de lactose, e leites com baixo teor de lactose; substitutos do leite a base de arroz, soja ou proteínas; lactose fornecida em pequenas quantidades e junto com outros alimentos; leite achocolatado; yogurte natural; queijo maturado; cápsulas orais de substitutos da lactase; e utilização de derivados do leite.

Diminuir muito a quantidade de leite na dieta pode diminuir a quantidade de cálcio do organismo, enquanto que as dietas que não contêm leite podem diminuir a absorção do cálcio. Contudo, em lactentes, O leite materno deve ser continuado.

Fórmulas com baixo teor de lactose, ou ausentes de lactose, não são úteis nos paises desenvolvidos, no tratamento de casos de intolerância à lactose, cólicas, durante a fase de crescimento da criança, em comparação com formulas com conteúdo normal de lactose, mas podem ser benéficas em crianças muito desnutridas com quadro claro de intolerância à lactose.

Conclusão

Apesar da Intolerância à Lactose ser bastante comum, não é considerada um problema grave de saúde. O diagnóstico é simples e pouco invasivo. O tratamento deve ser direcionado para um gerenciamento no longo prazo. Existem vários produtos capazes de auxiliar a digestão da lactose, diminuindo a irritação gastrintestinal e permitindo uma escolha mais ampla dos alimentos. É importante que o paciente aumente a ingestão de outras fontes de cálcio, além do leite, para manter sua saúde óssea e muscular.

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