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Hipoparatireoidismo

Neste Artigo:

- O que é Hipoparatireoidismo
- Sintomas
- Incidência na População
- Causas
- Tratamento
- O Tratamento com Hormônios Está em Estudo
- A Importância da Dieta

"O hipoparatireoidismo é uma doença rara que causa o abaixamento do nível de cálcio no sangue. Pode ser congênita ou adquirida e seus sintomas podem ser aliviados com uma alimentação correta com administração suplementar de vitamina D e cálcio. Novas pesquisas, baseadas em hormônios, estão em curso nos Estados Unidos e poderão trazer benefícios no médio prazo".

O que é Hipoparatireoidismo

De acordo com a pesquisadora Dra. Karen K. Winer, do Instituto Nacional de Saúde em Bethersda, Maryland, Estados Unidos, o hipoparatireoidismo, ou com a sigla em inglês PTH, é uma doença que causa diminuição do nível de cálcio no sangue, em função da insuficiência de hormônio da glândula paratireóide, que pode acontecer por causa de um problema congênito, no nascimento, ou mais comumente, por causa de uma condição adquirida.

Sintomas

O hipoparatireoidismo, relata a Dra. Karen K. Winer em um artigo com tradução autorizada por Augusto José de Sant’Ana, é caracterizado por fraqueza, cãibras musculares, sensações anormais tais como formigamento, ansiedade, dormência nas mãos, nervosismo excessivo, perda de memória, dores de cabeça e um incontrolável movimento muscular do pulso e pés, resultantes da falta de cálcio no organismo. Além disso, outros sintomas podem aparecer, como espasmos dos músculos faciais, onde uma moderada compressão dos nervos é causada pela contração muscular, mal formação dos dentes e unhas. Também ocorre, eventualmente, anemia, secura e aspereza da pele, perda de cabelo, sobrancelha delgada, vitiligo (perda de pigmentação da pele) e depressão.

Incidência na População

O hipoparatireoidismo afeta tanto homens quanto mulheres e é mais comum em crianças abaixo dos 16 anos e adultos com mais de 40 anos.

Causas Possíveis

Freqüentemente, explica a Dra. Karen, não se sabe a causa específica da doença. Ela pode ocorrer como uma doença separada; em associação com outras glândulas endócrinas que afetam a tireóide, ovários ou glândulas adrenais, ou por remoção cirúrgica que prejudicaram as glândulas paratireóides. Também pode ser herdada geneticamente (genes recessivos).

Segundo o Dr. Arnaldo Alves Mendonça, médico endocrinologista, geralmente, o hipoparatireoidismo ocorre quando a pessoa possui inadequado ou nenhum tecido da glândula de paratireóide; inabilidade para produzir o hormônio; inabilidade dos rins ou ossos para responder ao hormônio.

A pesquisadora do Instituto Nacional de Saúde explica em seu trabalho que nos casos em que a doença é herdada, deve-se considerar que ela é de caráter recessivo, ou seja, é necessário que tanto pai quanto mãe a possuam e que o filho herde os genes defeituosos dos dois. Se herdar de um só, a doença existirá, mas assintomática. Portanto, o risco de transmissão da doença para crianças é de 25% no caso dos pais serem portadores assintomáticos, embora 50% venham a ser portadoras, mas saudáveis. Outras 25% receberão genes normais dos pais e serão geneticamente normais. Só em algumas famílias os meninos sofrem da doença. Esta ligação com o sexo indica a presença de um defeito genético no cromossomo X. Toda esta condição faz do hipoparatireoidismo hereditário uma doença relativamente rara.

O Hipoparatireoidismo observado nos primeiros meses de vida tanto pode ser permanente ou temporário. Normalmente, a doença será detectada apenas aos dois anos de idade.

Considerando-se as causas adquiridas, há o hipoparatireoidismo autoimune, uma condição na qual o sistema imunológico rejeita a glândula, como se fosse um órgão transplantado. Esta doença pode afetar as glândulas paratireóides isoladamente, ou pode ser parte de uma síndrome que envolve muitos órgãos. Um anticorpo que liga ao sensor de cálcio na glândula de paratireóide, foi descoberto no sangue de pacientes com hipoparatireoidismo autoimune. Foi proposto que tais sinais ‘falsos’ fazem a glândula paratireóide acreditar que o nível de sangue de cálcio ionizado é alto. Respondendo a este sinal, a glândula deixa de fazer o hormônio.

Também cabe ressaltar que, infelizmente, com freqüência, a cirurgia da glândula tiróide resulta em dano permanente às glândulas paratireóides. Em algumas instâncias isto pode ser prevenido através do autotransplante do tecido de glândula paratireóide em uma porção diferente de seu corpo, (freqüentemente o antebraço), na hora da cirurgia inicial da tiróide.

O magnésio é considerado pelos especialistas como fator coadjuvante importante na produção e lançamento de paratirina da glândula paratireóide. Eles explicam que, enquanto doenças de metabolismo de magnésio são incomuns, o alcoolismo crônico é uma causa freqüente de baixos níveis de cálcio e magnésio.

Ainda temos a infiltração da glândula paratireóide por câncer ou inflamação como causa possível para o hipoparatireoidismo. São poucos os medicamentos que tem este efeito colateral e eles estão restritos ao tratamento do câncer.

Tratamento

O mais comum é tratar o hipoparatireoidismo com vitamina D, por que aumenta a absorção do cálcio pelo organismo e com suplementos adicionais de cálcio. É preciso monitorar freqüentemente os níveis de cálcio no sangue e na urina, para garantir que as doses estejam sendo apropriadas: nem muito altas nem muito baixas. Cabe lembrar que o excesso de cálcio pode causar pedra no rim ou calcificação do rim, resultando em insuficiência renal permanente.

Sugere-se ainda o aconselhamento genético para os pacientes e suas famílias. Outro tratamento é sintomático e de manutenção.

Alguns estudos estão sendo feitos com a vitamina d3 para o tratamento do hipoparatireoidismo, tentando determinar a segurança e efetividade deste método, como o conduzido pela Dra. Karen, que está pesquisando a efetividade do hormônio sintético da paratireóide.

O Tratamento com Hormônios Está em Estudo

Espera-se que o hipoparatireoidismo possa estar sendo tratado em breve com hormônios da paratireóide. Infelizmente, o hormônio não é estável em forma de pílula e precisa ser injetado, da mesma forma que os diabéticos precisam injetar insulina.

A Dra. Karen está dirigindo, na Filial de Desenvolvimento de Endocrinologia do Instituto Nacional de Saúde em Maryland, EUA, uma tentativa clínica injetável de hormônio de paratireóide, em pacientes que estão recebendo hormônio de paratireóide humano sintético. A resposta foi comparada à terapia convencional, de Calcitriol e Cálcio. Os resultados indicam que uma única injeção de hormônio pode manter o cálcio de soro na escala normal ao longo do dia. Além disso, níveis de cálcio na urina são mais baixos com o hormônio comparando com a terapia de Calcitriol.

Este tipo de tratamento proporciona aos pacientes alívio dos sintomas sem reações colaterais nos rins, como pedras ou calcificação.

Os efeitos a longo prazo no tratamento com o paratormônio humano sintético em adultos e crianças ainda estão em estudo.

A Importância da Dieta

De acordo com a Dra. Karen K. Winer, o cálcio é mantido no sangue dentro de uma restrita escala própria, através da ação do calcitriol (vitamina D) e do hormônio da paratireóide. "A forma biológica ativa da vitamina D, calcitriol é formada no rim pela estimulação direta do hormônio da paratireóide, o qual é secretado da glândula", explica ela, tecnicamente, acrescentando que, portanto, o Calcitriol aumenta a absorção intestinal do cálcio.

Como a vitamina D adequada é essencial para absorção do cálcio no trato intestinal, ela é, portanto, essencial para o tratamento do hipoparatireoidismo. "A vitamina D do nosso corpo é de diversas fontes", informa a médica. E uma delas é o sol, que, através dos raios ultravioletas, ajudam a fixar a vitamina D. "Exposição à luz do sol pelo menos 10 minutos por dia, em geral previne e pode curar a deficiência da vitamina D", indica a pesquisadora. O leite, a carne e as verduras também são ricos em vitamina D. Suplementos que contenham 400 IU de vitamina D também são úteis, caso haja deficiência alimentar e o paciente passe longas horas em ambientes fechados.

Além disso, é natural que uma dieta com alta concentração de cálcio seja prescrita. "A quantidade de cálcio recomendada para pacientes com hipoparatireoidismo é de 1000 a 1500 mg diariamente", informa a Dra. Karen, que indica esta mesma quantidade para os pais que possuam hipoparatireoidismo. O cálcio está presente nos laticínios, vegetais e algumas bebidas. Leite, yogurte, sorvete e queijo providenciam o necessário diário de cálcio. Para os adultos que tenham intolerância a lactose, indica-se o leite sem lactose ou o suco de laranja fortificado com cálcio, presente nos supermercados. Para os que têm medo de engordar ou sofrem com colesterol alto, sugere-se que optem por produtos sem gordura, ou com baixo teor de gordura. Salmão, sardinhas e tofu também são fontes de cálcio.

Como o fósforo é uma característica dos portadores de hipoparatireoidismo e ele não é excretado na urina, sobrecarregando o sangue, deve-se prevenir evitando-o na alimentação. O fósforo está presente nas sodas e nos cachorros-quentes. O leite também tem muito fósforo, mas pode ser tomado com moderação.

Copyright © 2000 eHealth Latin America                29 de Novembro de 2000

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