Artigos de saúde
Etimologicamente epilepsia é um termo derivado de uma palavra grega cuja tradução
livre poderia ser "mal súbito".
Uma crise epiléptica reflete um sintoma neurológico passageiro ocasionado pela
atividade anormal dos neurônios do cérebro. Geralmente as crises epilépticas são
sintomas de alguma doença cerebral ou orgânica subjacente não sendo um diagnóstico per
se.
Epilepsia é uma condição na qual ocorrem crises que se repetem (de repetição) e não é encontrado um fator desencadeante. Geralmente existem
antecedentes familiares de epilepsia. Estima-se que 1% da população tenha epilepsia até
os vinte anos de idade e que 3% receba este diagnóstico até os 65 anos de vida.
A Epilepsia tem uma série de causas, mas aproximadamente 70% dos pacientes tem epilepsia
denominada idiopática ou criptogenética (literalmente: de causa não conhecida),
enquanto que somente em 30% dos casos pode-se detectar a causa, desde que se investigue
corretamente.
Não existe cura para a epilepsia, porém o tratamento médico pode reduzir ou
controlar as crises sendo que para a maioria dos pacientes os sintomas podem desaparecer
totalmente.
A epilepsia não está relacionada a problemas graves da esfera psicológica, e não é
um tipo de deficiência mental sendo que, se tratada convenientemente , o paciente
epiléptico poderá gozar uma vida normal.
A epilepsia não é contagiosa por nenhum meio ou forma. As crises são divididas em dois grandes grupos, dependendo da sua origem; a saber,
crises focais (também chamadas parciais) e crises generalizadas.
Nas crises epilépticas focais, por exemplo, a atividade neuronal anômala se inicia em
uma porção restrita do cérebro, numa porção da região temporal ou da região
frontal.
Tais pacientes tem sintomas que dependem da área afetada do cérebro e de certo modo
mimetizam sua função. Assim sendo, pacientes cujas crises se iniciem com abalos na mão
direita ou com sensação de um cheiro de doce queimado, tem crises epilépticas parciais
atribuíveis a lesões nos lobos frontal e temporal respectivamente.
As crises parciais não apresentam alterações da consciência e quando isto ocorre são conhecidas como
crises parciais complexas e devem distinguir-se das crises parciais simples, em que não
há prejuízo da consciência.
As crises focais podem se espalhar por todo o cérebro tornando-se então
generalizadas. Em alguns casos, tal fenômeno ocorre tão rapidamente que pode não ser
percebido clinicamente o caráter focal da crise, especialmente se o paciente não
conseguir recordar-se dos sintomas iniciais da mesma. Nesses casos, pode ser útil o
eletroencefalograma para demonstrar o caráter focal da crise.
As crises parciais ou focais são usualmente desencadeadas pela presença de lesões
cerebrais tais como traumatismos, tumores, doenças vasculares, anormalidades congênitas,
complicações do parto e etc.
Nas crises epilépticas generalizadas não há alteração localizada em porção
específica do cérebro. Ocorre nesses casos uma susceptibilidade geneticamente
determinada que leva a estas crises.
É um distúrbio difuso de todo o cérebro. As crises
generalizadas mais freqüentes são as crises de ausência e as crises tônico-clônicas
generalizadas, sendo as últimas as mais conhecidas dos leigos.
Nas primeiras ocorrem rápidas e freqüentes perdas da consciência, enquanto nas segundas ocorrem abalos
violentos de toda a musculatura, especialmente dos membros. Pode haver dificuldade
respiratória e o paciente pode ficar com os lábios arroxeados. Tais crises duram minutos
podendo ocorrer micção, defecação e salivação. Após a crise o paciente pode
apresentar-se confuso e/ou sonolento.
Na Epilepsia podem ocorrer crises sem uma causa desencadeante determinável. Este
conceito é muito importante visto que qualquer indivíduo sem antecedentes neurológicos
pode apresentar crises epilépticas isoladamente ou em decorrência de uma série de
afecções até mesmo não neurológicas, como por exemplo: alterações metabólicas
(hipoglicemia), infecções (septicemia), traumatismos (trauma do crânio), uso de drogas,
suspensão repentina de drogas dentre outros. Essas crises podem ser focais ou
generalizadas e não significam que o paciente seja epiléptico.
Um importante e freqüente exemplo é a crise convulsiva febril da infância. Trata-se
da crise que ocorre geralmente do primeiro ao sexto ano de vida na vigência de febre alta(mais do que 37,8ºC). Geralmente tais crises têm um caráter benigno e não ocorrem sem febre.
Estima-se que de 2% a 4% das crianças dos Estados Unidos e Europa (onde são
feitos estudos estatísticos) por volta de 5 anos de idade terão experimentado uma crise
epiléptica febril e destes menos de 3% terão epilepsia aos vinte anos de vida.
O tratamento da epilepsia é fundamentalmen e medicamentoso. Cerca de 65% dos pacientes
terão controle adequado com apenas um medicamento. Os casos mais graves podem necessitar
de mais de um tipo de medicamento e destes até 15% poderão necessitar de tratamento
cirúrgico.
É primordial a compreensão e a participação do paciente no tratamento e visto que
este é eminentemente empírico, não existe tratamento padronizado nem exames que
indiquem a quantidade de medicamento que se deve prescrever, ou seja, as doses dos
medicamentos são progressivamente aumentadas até obter-se o controle das crises ou algum
efeito colateral.
Os pacientes que experimentam súbita piora no número de crises, em geral deixaram de
tomar seu remédio corretamente, usaram álcool ou outras drogas, contraíram infecção,
tiveram diminuído o número de horas de sono etc. Em nosso meio, o alcoolismo é um dos
principais fatores de insucesso no tratamento.
O tratamento cirúrgico da epilepsia é indicado nos casos de pacientes que não
responderam ao tratamento medicamentoso e esgotaram suas possibilidades.
Segundo estudos
realizados nos Estados Unidos, aproximadamente 10% dos pacientes epilépticos podem se
beneficiar do tratamento cirúrgico. O propósito da cirurgia é remover o tecido cerebral
lesado que desencadeia a atividade epiléptica ou impedir o espalhamento dessa atividade
pelo cérebro.
Tais cirurgias já eram realizadas no século XIX (Krause 1893) e passaram
a ser mais freqüentes a partir de 1930 após as pesquisas de Penfield. Com os avanços na
investigação clínica, nas técnicas de diagnóstico radiológico, nas técnicas
cirúrgicas e anestésicas tais procedimentos cirúrgicos se tornaram muito mais seguros e
eficazes, e um número cada vez maior de pacientes tem se beneficiado desse tipo de
tratamento.
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