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Estimulação cerebral profunda ajuda no tratamento da epilepsia

30 de dezembro de 2022 (Bibliomed). Um estudo da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) tem investigado como a estimulação cerebral profunda (ECP) com alta frequência pode ajudar no controle da epilepsia.

A epilepsia é uma doença neurológica caracterizada por descargas elétricas anormais e excessivas no cérebro que são recorrentes, gerando convulsões. Ela atinge atualmente mais de 50 milhões de pessoas no mundo e cerca de 3 milhões de brasileiros, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS). Cerca de 70% dos casos são controlados com o uso de medicamentos adequados, entretanto, 30% não respondem à medicação e para eles há poucas alternativas, entre elas a cirurgia de ressecção, que envolve a retirada da região do cérebro em que as crises epilépticas acontecem.

Realizado através de experimentos com animais, o estudo mostrou que a estimulação do núcleo anterior do tálamo por meio de eletrodos implantados na parte central do cérebro é capaz de suprimir as crises epilépticas em longo prazo ao aumentar a produção de adenosina, uma substância resultante do metabolismo energético das células e que tem um papel importante no processo de comunicação entre neurônios.

Os pesquisadores explicam que quando uma pessoa tem epilepsia, ela tem excesso de adenosina quinase [ADK] no cérebro. Essa enzima faz a metilação do DNA dos neurônios – uma modificação bioquímica [adição de um grupo metil à molécula] que altera a expressão dos genes. Basicamente, isso altera a função da célula e pode ser um dos fatores responsáveis pela geração das crises epilépticas.

Quando se aumenta a adenosina com a estimulação cerebral profunda ocorre uma redução da enzima adenosina quinase, há também uma redução dessas crises, assim, os pesquisadores acreditam que possa acontecer uma espécie de reprogramação dos neurônios envolvidos nos circuitos epilépticos.

A equipe trabalha com a hipótese de que, ao estimular o núcleo anterior do tálamo, o aumento da adenosina e a redução da adenosina quinase levam à atenuação e até remissão das crises em alguns casos, por atuar na transmetilação do DNA presente nas células desses circuitos cerebrais.

Fonte: Brain Stimulation. DOI: 10.1016/j.brs.2022.05.020.

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