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Genes Não Devem Ser Responsabilizados por Doenças de Minorias

Por Steve Mitchell

WASHINGTON (Reuters Health) - Durante um encontro na segunda-feira, o Conselho Consultivo para Pesquisa do Genoma Humano do Instituto Nacional de Saúde (NIH) dos Estados Unidos argumentou que o instituto deve enfatizar a mensagem que as diferenças genéticas não necessariamente explicam porque certas minorias são desproporcionalmente afetadas por algumas doenças.

Maynard V. Olson, da Universidade de Washington, disse que o NIH poderia agir contra as sugestões de empresas que trabalham com o genoma de que as disparidades de saúde em grupos de minorias são consequência de diferenças genéticas e que curar essas doenças depende da velocidade do sequenciamento do genoma. "Isto é moralmente errado", disse Olson.

Um fato que aparece a partir do sequenciamento do genoma humano é que o DNA de duas pessoas é 99 por cento idêntico. Ainda, em um genoma de 3 bilhões de bases, uma variação de 0,1 por cento resulta em uma diferença em 3 milhões de bases.

Conforme Olson, o NIH deveria divulgar a mensagem de que as diferenças genéticas não contribuem para as disparidades de saúde entre grupos raciais. Entretanto, conforme David R. Burgess do Boston College (Massachusetts), os cientistas genéticos verificaram que é importante coletar amostras das populações de minorias.

Burgess informou que os povos nativos americanos no Pacífico Norte fizeram perguntas como: "Se as disparidades de saúde não estão baseadas na genética, por que você quer nossos genes?"

O pesquisador observou que algumas nações, que são soberanas, já passaram leis dizendo que não vão participar em pesquisas genéticas.

Para Burgess, isso pode ferir essas populações, mas não há consultores genéticos de nativos americanos nos Estados Unidos e as pessoas destas nações não têm em quem confiar sobre o assunto. Segundo o pesquisador, o mesmo é verdade para populações hispânicas e asiáticas.

"A verdade sobre o assunto é que os acadêmicos querem amostras de DNA das minorias porque estão interessados. Deveríamos ser imparciais sobre isto", disse Olson, observando que no passado, as populações de minorias deram a impressão que contribuíram para o desenvolvimento de uma cura para uma doença que ocorreu predominantemente na sua população.

"As pessoas gostam de ajudar e deveríamos apelar para seu instinto altruísta. Eles estão dando uma contribuição e deveríamos dizer isto", sugeriu Olson.

Conforme Francis S., diretor do Instituto Nacional para Pesquisa Genômica Humana (NHGRI), do NIH, a educação sobre informação genética, "tem sido feita durante todo o tempo. Mas é preciso fazer mais e ter certeza que o público entende", o impacto do sequenciamento do genoma humano.

Parte desse esforço incluirá um kit educativo multimídia que o NHGRI desenvolveu. Conforme Kathy Hudson do NIH, o kit intitulado "The Human Genome Project: Exploring Our Molecular Selves" (O Projeto Genoma Humano: Explorando Nossas Moléculas), conterá um vídeo, um CD-Rom, uma brochura e um pôster.

Segundo Hudson, o kit foi financiado pela Pharmaceutical Research and Manufacturers of America (PhRMA, sigla para Fabricantes e Pesquisadores Farmacêuticos da América) e pelo Howard Hughes Medical Institute. O material é destinado a estudantes de segundo grau. As revistas semanais Nature e Science também financiaram o projeto e vão promover o kit nas suas publicações.

Hudson informou que o NIH espera liberar o kit quando o Projeto Genoma Humano liberar seu trabalho preliminar, o que deve ocorrer ainda este ano.

Sinopse preparada por Reuters Health

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