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Aids Cresce Entre Donas de Casa no País

BRASÍLIA (Reuters) - A disseminação da Aids no Brasil manteve tendência de estabilidade no primeiro semestre deste ano, mas cada vez mais mulheres, especialmente donas de casa, são vítimas do HIV, disse o ministro da Saúde, José Serra, na quinta-feira.

O número de pessoas infectadas com o vírus causador da Aids no país, durante o período de dezembro de 1999 até junho de 2000, atingiu 190.949 casos notificados desde 1980.

Dos 5.937 casos registrados entre as mulheres no primeiro semestre deste ano, 45 por cento ocorreram entre as donas de casa e mulheres casadas, segundo dados divulgados pelo ministro, que constam do Boletim Epidemiológico da Coordenação Nacional de Doenças Sexualmente Transmissíveis e Aids, do ministério.

Conforme os números divulgados, a situação é mais grave na maioria de 229 municípios do país, que têm população menor ou igual a 50 mil habitantes. Entre as mulheres infectadas nesses municípios, 57 por cento são donas de casa com idade de 20 a 39 anos.

O ministro José Serra disse, ao anunciar os dados, que o uso de preservativo é o único meio disponível até o momento para reduzir a incidência de Aids entre mulheres, notadamente casadas. "Mulheres se vocês desconfiarem que seu marido está pulando a cerca peçam para ele usar camisinha", afirmou o ministro.

A proporção de infecção pela Aids entre homens e mulheres, que se mantinha desde 1997 em dois casos para um, inverteu-se em 229 dos 1.552 municípios que notificaram pelo menos um caso da doença. No país são 143 mil homens com Aids, em relação a 47.949 mulheres. Dos 190,9 mil doentes, 95.721 morreram, segundo o boletim.

Na última década, o crescimento da doença foi de 5 por cento em homens e 18 por cento em mulheres. As capitais onde a incidência de Aids é maior são São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Curitiba.

O total de notificações até junho deste ano de 190.949 casos representa um aumento de 12 por cento em relação a novembro de 1999, quando foram registrados 179.541. Segundo o governo, o crescimento confirma tendência de estabilidade da epidemia, que vem mantendo desde 1996 a média nacional de 14 novos casos por ano em cada grupo de 100 mil habitantes.

Entre as mulheres, a Aids cresce em todos os níveis de instrução. No caso dos homens, os números aumentam mais entre os que têm até a 8a. série.

A doença apresentou redução entre usuários de drogas, estabilizou-se entre homossexuais masculinos, mas aumenta entre heterossexuais.

Foi anunciada também a redução de 40 por cento nos casos pediátricos nos últimos quatro anos com o diagnóstico prévio de mulheres grávidas com o vírus, que aumentou 78 por cento.

Além do crescimento da doença entre donas de casas, a Aids está se expandindo no interior do país e já atinge 60 por cento dos municípios brasileiros. Dos 5.570 municípios, 3.279 já registraram pelo menos um caso, informou o ministro. Até 1995 a Aids havia atingido 1.238 cidades.

A cidade catarinense de Itajaí" registrou a maior incidência de casos entre os municípios brasileiros. São 1.010 notificações para cada 100 mil habitantes. Em segundo lugar, com 847 casos, vem o balneário de Camboriú, no mesmo Estado.

"Já era esperado que houvesse um aumento no número de mulheres infectadas", disse Ricardo Diaz, do Laboratório de Retrovirologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Isso ocorre principalmente porque as mulheres são mais vulneráveis a adquirir a infecção por relação heterossexual do que os homens", segundo ele isso se confirma com dados registrados na África em que a relação homem/mulheres é de um por um.

"Isso vai aumentar a transmissão vertical (de mãe para filho). Segundo a coordenação 90 por cento dos casos de infecção pelo HIV em crianças são consequentes da transmissão de mãe para filhos.

Sinopse preparada por Reuters Health

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