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Nova Campanha Anti-Aids Terá como Alvo Mulher Casada

Por Maria Pia Palermo

RIO DE JANEIRO (Reuters) - A nova campanha contra Aids do governo terá como alvo as mulheres casadas ou com parceiros fixos. Com o lema "Não leve Aids para casa", optou-se por fazer um apelo aos homens.

"Decidiu-se aproveitar o Dia Mundial de Luta contra a Aids (1o. de dezembro), que internacionalmente vai falar com os homens, e transformá-lo numa campanha cujo tema é alertar mulheres casadas ou com companheiro fixo que estão sendo infectadas. Mas a conversa é com os homens", disse à Reuters Paulo Teixeira, coordenador do Programa Nacional de DST/Aids do Ministério da Saúde.

A decisão foi tomada com base nos últimos dados do governo divulgados este ano que apontam um avanço da doença entre donas de casa, independentemente de seu grau de instrução. São mulheres com parceria estável e vivem em cidades de pequeno porte, com menos de 100 mil habitantes.

A proporção de Aids entre homens e mulheres, que desde 1997 vinha mantendo a ordem de dois para uma, já se inverteu em 229 (14,7 por cento) dos 1.552 municípios que notificaram pelo menos um caso de 1999 a junho de 2000, segundo dados do último boletim. Entre essas mulheres, 57 por cento são donas de casa na faixa etária de 20 a 39 anos.

A campanha, que vai ser lançada no país na quarta semana de novembro em televisão, rádio, outdoors e material impresso, propõe uma conversa com o sexo masculino. "Use preservativo nas relações extraconjugais, avalie a sua vida e verifique se você oferece ou ofereceu algum risco para sua companheira", disse Teixeira, que preside o Fórum 2000, que trata de HIV/Aids na América Latina e Caribe e vai até sábado no Rio.

Segundo Teixeira, o grande cuidado ao se tratar desse assunto na campanha foi de não desencadear uma discussão desnecessária e improdutiva sobre responsabilidades e culpa. "Mas acredito que chegamos a uma boa fórmula, na medida que estamos tratando da questão sem absolutamente fazer qualquer julgamento", disse.

"Tratamos das situações de relações extraconjugais, outras que são absolutamente fiéis, mas tiveram uma prática sexual anterior que eventualmente pode ter sido de risco e outras que, eventualmente, no futuro vão ter um outro companheiro ou outra companheira, sem julgar."

A questão do avanço da Aids entre outros grupos, que não de homossexuais e usuários de drogas injetáveis, é uma tendência que vinha sendo constatada. Segundo o último boletim do governo, a transmissão de Aids está se reduzindo entre usuários de drogas injetáveis e homossexuais, mas continua avançando entre heterossexuais.

No caso das mulheres casadas ou com parceiro fixo, segundo Teixeira, a conclusão a que se chegou é que existe uma percepção de risco muito baixa nesse grupo da população, por isso é importante uma ação para alertar e prevenir.

Uma outra constatação, que vale para todas as mulheres, é que na relação de gênero o poder feminino de intervir e incorporar medidas de prevenção é indiscutivelmente muito reduzido. Isso faz com que se busque o apoio do homem.

Sinopse preparada por Reuters Health

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