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Pais com Câncer Precisam Ajuda para Contar aos Filhos

NOVA YORK (Reuters Health) - Pais com câncer ou outras doenças graves geralmente precisam ajuda para dar a notícias e responder as perguntas dos filhos. Conforme estudo recente, não saber como discutir o assunto impede que muitos pais contem a seus filhos que estão doentes.

"Muitos pais precisam ajuda para pensar na maneira que deveriam falar aos filhos sobre o diagnóstico e as mudanças na vida da família", explica a chefe da pesquisa Jacqueline Barnes, da Royal Free and University College Medical School, em Londres (Inglaterra).

Os pesquisadores entrevistaram 32 mulheres entre quatro a seis meses depois que tiveram diagnóstico de câncer de mama. O questionário perguntava se elas haviam contado ou não para os filhos sobre a doença, como tomaram a decisão e que tipo de ajuda receberam para discutir o câncer com seus filhos. As crianças envolvidas tinham entre 5 e 18 anos de idade. "Mesmo que quase todas as mulheres entrevistadas tenham conversado com os maridos desde os estágios iniciais da doença, poucas contaram para seus filhos naquele momento", relata Barnes e seus colegas na edição de 19 a 26 de agosto do British Medical Journal.

Mesmo na época que fizeram a cirurgia, muitas mulheres continuaram não falando aos filhos que tinham câncer. Conforme os pesquisadores, a razão mais comum para não conversar sobre a doença é evitar enfrentar preocupações e perguntas das crianças, especialmente sobre a morte.

Uma das mães explicou que não discutiu sua doença com o filho de nove anos porque ele diria : "espera a" mãe, você tem câncer e vai morrer?".

As mães também querem evitar irritar os filhos, pois acham que eles não entenderiam. Entretanto, os pesquisadores apontam que, nestas situações, as crianças geralmente sabem que alguma coisa está errada e pensam sobre por que seus pais não contam.

"Mesmo que não seja contado às crianças sobre a doença, elas logo percebem mudanças em casa e na saúde dos pais", explicam os autores. Eles afirmam que muitas crianças vão imaginar o pior e talvez até achar que são culpadas pelo que está acontecendo.

A maioria das mulheres entrevistadas disse que recebeu pouca ou nenhuma ajuda para se preparar para discutir o câncer com as crianças, embora digam que a assistência seria bem vinda.

"Gostariam especificamente de ajuda sobre formas de dar a notícia para os filhos, baseada em conhecimento detalhado do desenvolvimento das crianças", dizem os pesquisadores. Como disse uma das mães, "conversar com alguém que saiba como as crianças interpretam as coisas seria uma grande ajuda, porque sempre fui da opinião que ele é muito novinho para entender mas quanto mais pensar a respeito, mais poderei dizer a ele".

As mães que contaram aos filhos sobre o câncer, fizeram isso porque acreditam que "mais cedo ou mais tarde eles saberiam", disseram os pesquisadores. Ironicamente muitas mães disseram que contaram aos filhos sobre o câncer pelas mesmas razões das outras que não contaram com medo que as crianças se preocupassem muito.

"Os pais que recebem o diagnóstico de câncer precisam receber uma oferta de apoio e reconhecer que fazem parte de uma unidade familiar em que todos os membros serão profundamente afetados pela doença e pelo tratamento", concluem Barnes e seus colegas, notando que os médicos precisam ser treinados para dar este tipo de ajuda.

Em editorial na mesma edição, Duncan Keeley do Centro de Saúde em Thames, Oxfordshire, observa que a responsabilidade para oferecer ajuda aos pais diagnosticados com câncer ou outra doença grave geralmente cai sobre o clínico geral.

"Nós, dos serviços de atendimento básico, precisamos ter o máximo de perícia, mas não devemos permitir que uma persistente necessidade de perícia nos iniba de fazer o melhor para assistir os pais em ajudar os filhos a entender as dificuldades ou as verdades dolorosas", declara Keeley.

Sinopse preparada por Reuters Health

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