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Mulher Também é Culpada por Estupro, Diz Bispo Mexicano

Por Michael Christie

CIDADE DO MÉXICO (Reuters) - As mulheres também têm responsabilidade por abusos sexuais que sofrem, por causa da sua forma provocativa de se vestir. A afirmação teria sido feita pelo bispo de Guadalajara, Juan Sandoval Iniguez, na quinta-feira.

A declaração inflama ainda mais o debate sobre aborto depois de estupro no México.

Conforme relatou o jornal Milenio, na opinião do bispo os ataques sexuais no México são resultado do fato de a sociedade estar sendo bombardeada por mensagens de sexo e violência.

"As mulheres devem assumir sua parte porque se vestem de forma provocante. Devem ser mais decentes e não encorajar a violência", declarou o bispo.

Os comentários do bispo da segunda maior cidade do México alimentaram a controvérsia sobre aborto que se apresenta ao presidente eleito Fox como um desafio político mesmo antes de sua posse, em 1o de dezembro.

O debate explodiu depois que parlamentares conservadores no Estado natal de Fox, Guanajuato, criaram uma lei que pode levar à cadeia vítimas de estupro que fizerem aborto.

O assunto dominou as manchetes de jornais e a discussão pública se generalizou depois que o governo de esquerda da Cidade do México propôs esta semana tornar mais fácil para as mulheres procurar aborto em circunstâncias especiais.

A lei federal mexicana proíbe o aborto, mas permite que ele ocorra em casos de estupro, sérios problemas médicos e defeitos congênitos potenciais. Apesar disso, o governo federal não tem sido capaz de forçar os Estados a cumpri-la.

Mesmo com 90 por cento dos mexicanos sendo católicos, pesquisas têm mostrado que a maioria aceita o aborto em casos de estupro. Muitas mulheres grávidas recorrem a arriscadas operações de aborto ilegal.

O assunto aborto tem aumentado a especulação sobre se o partido de Fox, o católico conservador Partido de Ação Nacional (PAN), vai procurar atenuar a estrita separação entre Igreja e Estado que existe desde meados do século XIX.

Fox tem evitado se envolver, dizendo que não tem nada a fazer sobre a proposta do PAN em Guanajuato. Ele se tornou o primeiro presidente de oposição em 2 de julho, quando derrotou o Partido Revolucionário Institucional (PRI) na primeira eleição presidencial vencida em 71 anos.

A controvérsia tem aberto uma profunda divisão nas atitudes entre o coração político do México, a capital, e o conservador interior. O México é uma nação de muitos países. O diário da Cidade do México, Reforma, informou que uma pesquisa verificou que apenas 19 por cento dos residentes na Cidade do México concordam com a punição ou proibição do aborto, enquanto no resto do país 34 por cento responderam que aborto, não importa a razão, deveria ser proibido ou punido.

Sinopse preparada por Reuters Health

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