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Pacientes não seguem orientação médica

17 de Junho de 2003 (Bibliomed). Trabalhando como enfermeira de um hospital público, Adriana Inocenti Miasso observou que alguns pacientes sofriam novas internações, com sintomas piores, em virtude do uso incorreto de medicamentos. Muitos não tomavam o que havia sido prescrito por falta de recursos, outros suspendiam o uso por conta própria ao surgirem sintomas desagradáveis.

Foi com base nessa constatação que a enfermeira desenvolveu sua tese de mestrado intitulada “Conhecimento de pacientes acerca dos medicamentos prescritos para uso durante a internação e pós-alta hospitalar”. O trabalho realizado na Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da USP despertou interesse acadêmico e recebeu o Prêmio Wanda de Aguiar Horta no Congresso Brasileiro de Enfermagem, realizado em Fortaleza no mês de março.

A pesquisadora entrevistou 33 pacientes internados em um hospital público, no momento da alta hospitalar e uma semana depois. No primeiro momento as perguntas eram relativas ao conhecimento que as pessoas tinham sobre os medicamentos com que estavam sendo tratadas no hospital e, posteriormente, sobre os medicamentos prescritos. Adriana observou que, em casa, as pessoas tinham um pouco mais de informações sobre os medicamentos, mas elas ainda não eram suficientes.

A dose do remédio foi apontada de forma errada por quase metade dos pacientes e nove em cada dez pessoas não sabiam corretamente quais os sintomas que poderiam se manifestar em conseqüência das substâncias que estavam ingerindo (efeitos colaterais). Além disso, 15% dos pacientes utilizaram outros medicamentos sem prescrição, junto aos que foram determinados pelos médicos – o que é alarmante, pois diversos medicamentos podem interagir entre si e causar danos graves com diminuição ou potencialização de seus efeitos. Outro dado preocupante é que mais de 1/3 das pessoas deixaram de usar pelo menos um dos medicamentos prescritos, principalmente por causa de falta de recursos ou pelas reações adversas causadas.

Para a professora Silvia Helena de Bortoli Cassiani, orientadora do trabalho, a pesquisa reforça a importância de projetos como o Saúde da Família e os resultados merecem estudos mais profundos do ponto de vista da saúde e também econômico. “Quase sempre um único dia de internação custa mais que o medicamento prescrito após alta”, disse.

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