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Técnica revolucionária reduz internação de paciente com câncer de laringe

15 de Abril de 2003 (Bibliomed). A técnica de cirurgia endoscópica com laser de gás carbônico (CO2) para o tratamento do câncer de laringe existe há cerca de 15 anos, mas só agora está sendo adotada por uma instituição pública de saúde brasileira – o Hospital das Clínicas da Unicamp. A prática tem o mesmo índice de cura que a cirurgia convencional – em torno de 95% nos tumores iniciais – mas apresenta uma série de vantagens para o paciente.

Em primeiro lugar, o paciente não sofre a violência provocada pela traqueotomia – orifício feito na base do pescoço para que ele respire com segurança na fase de recuperação. Na cirurgia convencional, o paciente fica com esse recurso por dez ou quinze dias. Já na cirurgia endoscópica ele deixa o hospital sem a sonda nasogástrica e com boas condições de poder alimentar-se já na manhã do dia seguinte. Isso faz com que ele se sinta muito melhor do ponto de vista psicológico e que sua recuperação seja bastante rápida.

Outra vantagem é o fato do paciente que vai ser operado entrar no hospital pela manhã e ir embora, no máximo, na manhã do dia seguinte. Na cirurgia convencional ele fica internado por uma semana e depois permanece alimentando-se por dez a quinze dias unicamente por uma sonda nasogástrica (que vai do nariz ao estômago).

Na cirurgia endoscópica a laser não há a manipulação direta sobre o tumor e o médico efetua todo o procedimento sem cortes externos na pele do paciente. Essa prática permite ainda que o tumor possa ser fragmentado e as partes retiradas seqüencialmente, o que não deve ser feito na cirurgia convencional. “Na convencional, isso já não é possível porque, quando manipulado, o tumor pode disseminar células cancerígenas que entram na circulação linfática possibilitando que sejam espalhadas para outras regiões do corpo”, explicou o médico Agrício Nubiato Crespo, coordenador do serviço. Com a nova técnica isso não ocorre, pois não há manipulação direta, mas apenas um feixe de luz do laser, que corta e faz com que os tecidos seccionados evaporem.

O câncer de laringe atinge 17 indivíduos para cada grupo de 100 mil habitantes, fazendo do Brasil o segundo país no mundo em incidência desse tipo de tumor, que ocupa a quarta colocação de câncer mais freqüente no sexo masculino no país. Estudos científicos revelam que um fumante tem de sete a dez vezes mais chances de desenvolver um tumor desse tipo do que as que não possuem esse hábito. O problema torna-se ainda mais perigoso quando existe a associação do cigarro com o álcool.

No Hospital das Clínicas da Unicamp, são realizadas de duas a três cirurgias endoscópicas de câncer de laringe usando laser de CO2 por semana, número reduzido, por enquanto. As cirurgias realizadas gratuitamente duram de 45 minutos a duas horas, dependendo das dimensões do tumor.

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