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Ação de fitoterápicos está sendo estudada contra piolhos

26 de Março de 2003 (Bibliomed). Numa tentativa de reduzir os males causados pelo piolho, o Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e a Universidade do Vale dos Sinos (Unisinos), de São Leopoldo (RS), firmaram um convênio para avaliar a ação de fitoterápicos no controle da pediculose (infestação cutânea por piolho) em crianças e adolescentes. O estudo também pretende determinar a prevalência da doença e fazer o mapeamento dos principais focos de reincidência na população estudada.

O projeto está sendo coordenado pelo maior especialista brasileiro nesse inseto, o parasitologista e pesquisador do IOC Julio Vianna Barbosa. As plantas estudadas nessa fase inicial serão a babosa, o melão-de-São-Caetano, a arruda e a loisma. O pesquisador explica que, depois de identificado, o vegetal passará por testes para que seu princípio ativo seja extraído. “Com o sumo da planta, associado a sabão de coco e álcool, chegaremos a uma garrafada (xampu) que com uma aplicação, e o uso assíduo de um pente fino nos cabelos, será capaz de matar os piolhos”, disse.

O especialista se diz radicalmente contra a utilização de substâncias tóxicas no couro cabeludo como forma de eliminar piolhos. “Permetrina, butóxido de piperolina e deltametrina matam os insetos adultos, mas não acabam com ovos ou lêndeas. Portanto, em oito dias se formam novos insetos adultos”, afirmou. O pesquisador ressalta, ainda, que a infestação por piolhos pode causar, além da coceira, infecções bacterianas, tifo exantemático, anemia e febre. “A partir do momento em que a criança coça repetidas vezes a cabeça, pode abrir feridas e por ali entram as doenças”, disse.

Segundo o especialista, o problema é mundial e no Brasil atinge cerca de 30% das crianças, número que pode chegar a 70% em alguns lugares. O piolho vive cerca de 35 dias e se alimenta de sangue humano. Nesse período, a fêmea põe até 300 ovos (lêndeas).

Os dados quantitativos da pesquisa serão obtidos a partir do estudo da população de uma unidade escolar e de uma amostra formada por quatro grupos de estudantes, sendo três compostos por alunos com pediculose e um por indivíduos que não apresentem infestação por piolhos. Todos de São Leopoldo e Porto Alegre.

O objetivo pretendido é controlar a pediculose através da articulação do conhecimento popular local com o conhecimento científico e também promover, através de um processo didático pedagógico que privilegie a participação da comunidade, ações educativas permanentes de promoção à saúde.

O pesquisador participou recentemente do II Congresso Internacional sobre Piolhos, realizado pela Universidade de Queensland, na Austrália, e pretende organizar um evento semelhante no Brasil em 2004 ou 2005. Barbosa também está tentando firmar um convênio com a Universidade de Bochum, na Alemanha, para estudar a genética do piolho. Outras informações podem ser obtidas no Disque-Piolho, de segunda a sexta-feira, das 9 às 17 horas, através do telefone (21) 2598-4379.

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