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Áreas públicas ajudam na formação da cidadania

30 de Dezembro de 2002 (Bibliomed). O espaço público é fundamental para a formação mental e física da criança, além de contribuir decisivamente na construção que ela faz do conceito de cidadania. Foi o que constatou o estudo “O Ambiente urbano e a formação da criança”, apresentado na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU/USP), pela arquiteta Cláudia Maria Arnhold Simões de Oliveira, em outubro de 2002. A pesquisadora defende que a sociabilização da criança é construída com a diversidade oferecida pelo espaço público, que integra pessoas de diferentes classes sociais, credos, cores ou convicções políticas.

Segundo a pesquisadora, as riquezas das informações contidas em uma rua ou um parque possibilitam o aprendizado de direitos e deveres. “Esses locais são ideais para se desenvolver a capacidade criativa, porque para isso é necessário espaço e tempo”, explicou. Em contraposição, os “espaços temáticos” seriam menos eficazes na formação infantil porque direcionam o andar da criança pelas suas instalações, impossibilitando a sua livre movimentação. Durante quatro anos, a pesquisadora ouviu 12 crianças de rua, 65 de escolas públicas, 76 de particulares e 42 adultos, de 24 a 80 anos, na cidade de São Paulo. Em um primeiro momento, a arquiteta pediu às crianças que desenhassem o “lugar de brincar” e a “rua de brincar”.

Jovens de rua fizeram desenhos que sugeriam liberdade, enquanto os de escola pública trabalharam melhor o espaço em suas ilustrações. “Inclusive algumas colocaram placas proibindo carros no local”, contou. Já os que estudavam em escola particular fizeram gravuras com grandes espaços “desertos”. “Elas pediam por amigos. Havia indícios de perda de noção do espaço físico, do espaço público e da socialização”, explicou.

O estudo também procurou entender como as crianças percebem, sentem e conhecem o espaço. A pesquisadora observou que as crianças que faziam seu itinerário de carro ou ônibus desenvolviam uma percepção diferente daquelas que circulavam a pé, com uma “velocidade” diferente. “Elas observam o espaço público por meio do vidro dos automóveis e das janelas de suas casas, dos muros dos condomínios, das paredes do shopping; é um mundo ilusório, cheio de estigmatizações”, disse, acrescentando que, quando a população assume o espaço público, a marginalidade se afasta.

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