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Descoberta ligação entre obesidade e coágulos do sangue

30 de Abril de 2002 (Bibliomed). Já era sabido que pessoas obesas tinham tendência a desenvolver coágulos no sangue, que podem trazer conseqüências muito graves e até fatais dependendo do local onde se instalam. Não se sabia, porém, o que tornava os obesos mais propensos a desenvolver estes coágulos, pelo menos até agora.

Pesquisadores de uma universidade dos Estados Unidos descobriram que as células adiposas, responsáveis pelo armazenamento de gordura no organismo, produzem um hormônio chamado leptina; este hormônio aumenta o risco de coagulação do sangue, tornando pessoas obesas mais propensas a desenvolver coágulos. Estes coágulos podem se alojar no cérebro, nas veias das pernas (e daí migrarem para os pulmões levando à embolia pulmonar), nas artérias das pernas (podendo levar à gangrena), dentre outros locais, trazendo conseqüências graves e até mesmo fatais.

A leptina é um hormônio liberado pelas células gordurosas com a intenção de sinalizar ao centro da saciedade, região do cérebro responsável pela sensação de satisfação após uma refeição, informando ao organismo que já há alimento suficiente. Em pessoas obesas, esta linha de sinalização é interrompida. Por isto, as células gordurosas acabam produzindo quantidades exageradas deste hormônio na tentativa de refazer a via de sinalização e interromper a ingestão exagerada de alimentos. Este excesso de hormônio, ao que parece, torna o sangue dos obesos mais propenso a formar coágulos.

Para observar a relação entre os níveis de leptina e a tendência à formação de coágulos, os pesquisadores estudaram camundongos obesos e não-obesos capazes e incapazes de produzir leptina. Eles observaram que quanto maior o nível de leptina no sangue das cobaias, mais rápido o sangue se coagulava, e em cobaias que, por engenharia genética, não possuíam o gene responsável pela produção do hormônio, o tempo de coagulação era muito mais longo do que o tempo de coagulação de cobaias normais.

Estes experimentos tornaram claro que a leptina é um hormônio com atividade importante sobre a coagulação sangüínea em camundongos, mas ainda é muito cedo para se saber exatamente qual a relação existente em humanos. Cada vez mais se compreende que o tecido adiposo (gordura) do organismo é um tecido altamente ativo, capaz de produzir e liberar substâncias que comprometem o funcionamento normal do corpo, principalmente do sistema cardiovascular. Mas qualquer abordagem terapêutica proveniente da hipótese da importância da leptina na formação de coágulos ainda está muito distante.

O que se sabe é que, quando uma pessoa emagrece, sua quantidade de tecido gorduroso diminui, e provavelmente a leptina e outras substâncias maléficas são produzidas em menor quantidade. Este pode ser um dos motivos pelos quais a perda de peso tem um impacto favorável sobre a saúde das pessoas, mas ainda não se tem certeza suficiente para, por exemplo, desenvolver um exame que meça os níveis de leptina de uma pessoa e que estes níveis sejam capazes de prever o risco de desenvolvimento desta ou daquela condição. Apesar de estudos deste tipo serem difíceis de realizar, os pesquisadores estão a caminho.

O que se sabe é que, em termos de saúde geral e saúde cardiovascular, nunca é suficiente controlar apenas um fator de risco. Hoje é sabido que vários fatores influenciam a saúde cardiovascular, entre eles o tabagismo, vida sedentária, obesidade, hipertensão arterial, alimentação não balanceada, etc.. Cada novo fator de risco descoberto é uma vitória, mas não se espera que se encontre um fator de risco que seja “mágico” e que, isoladamente, seja capaz de proteger as pessoas do desenvolvimento de doenças que afetem o coração e os vasos sangüíneos. Uma vida equilibrada com uma alimentação saudável e exercícios regulares é a melhor maneira de atingir uma velhice sadia.

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