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Violência pode afetar a inteligência das crianças

28 de Março de 2002 (Bibliomed). A violência é um problema mundial, especialmente em áreas urbanas, e suas conseqüências danosas estão preocupando cada vez mais os especialistas de diversas áreas de conhecimento. Agora, parece que a exposição a altos níveis de violência pode afetar a inteligência das crianças.

Resultados de um estudo sugerem que crianças provenientes de áreas urbanas muito violentas apresentam menor QI e menor capacidade de leitura do que crianças da mesma idade não expostas a esta violência.

Para verificar a influência da violência sobre a performance mental das crianças, os pesquisadores estudaram 299 crianças urbanas da primeira série e verificaram a capacidade de leitura destas crianças e testaram seu QI, e relacionaram os resultados com índices de exposição à violência urbana.

Em geral, as crianças relataram altos níveis de exposição à violência na comunidade e angústia relacionada a trauma, segundo relato na Archives of Pediatrics and Adolescent Medicine, revista médica especializada em assuntos relacionados a crianças e adolescentes.

Os níveis de exposição das crianças foram muito altos. Por exemplo, aproximadamente 85% das crianças de 6 a 7 anos de idade disseram já ter ouvido o som de tiros sendo disparados pelo menos uma vez na vida, e aproximadamente 80% disseram que já viram alguém ser surrado. Cerca de 25% das crianças disseram já haver visto alguém esfaqueado. Além disto, 4 em cada 10 crianças disseram que se preocupam algumas vezes ou muitas vezes com o fato de pessoas estarem recebendo tiros.

Os pesquisadores encontraram que esta grande exposição à violência da comunidade foi responsável por resultados menores nos testes de QI, e segundo uma equação matemática construída para contabilizar este risco, crianças expostas aos mais altos níveis de violência tendem a apresentar testes de QI 7,5 pontos menores do que crianças expostas a níveis mais baixos de violência. Este prejuízo não foi relacionado à angústia relacionada ao trauma por estas exposições.

Estes resultados são preocupantes, pois mostram que a exposição a estes eventos violentos pode prejudicar a vida acadêmica das crianças, mesmo que elas não se preocupem com a ocorrência destes fatos.

Os testes de leitura foram influenciados, porém, tanto pela exposição à violência quanto pela preocupação individual com a mesma e pelo nível de stress relacionado ao trauma. A diferença chegou a quase dez pontos entre crianças estressadas e expostas a violência e crianças com menor nível de trauma e exposição.

Estes parâmetros foram analisados levando-se em conta o ambiente doméstico da criança, a habilidade verbal dos professores, sexo da criança, status sócio-econômico da família e exposição pré-natal ao álcool. Mesmo com todos estes fatores levados em consideração, a violência urbana permaneceu como variável importante na pior performance destas crianças.

Esta constatação é bastante preocupante, já que os níveis de violência estão crescendo assustadoramente no mundo. Se esta violência está gerando dificuldades escolares em nossas crianças, é necessário desenvolver estratégias que as protejam destes efeitos.

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