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Belo Horizonte, 19 de Fevereiro de 2001 (Bibliomed). Você costuma reagir às provocações de trânsito? Costuma xingar, buzinar, fechar outros carros e fazer gestos obscenos ao ser provocado? Se a resposta for sim, talvez seja hora de prestar mais atenção a você mesmo.
Um estudo apresentado no encontro anual da Sociedade de Personalidade e Psicologia Social nos Estados Unidos mostra que pessoas que reagem assim aos atritos no trânsito podem ter, na verdade, um problema de auto-estima e auto-imagem, que as leva a reagir a ameaças no trânsito como ameaças pessoais.
As manifestações de raiva no trânsito podem ser muito perigosas, uma vez que, quando descontrolada, a raiva pode gerar comportamentos muito arriscados que colocam em risco a segurança da pessoa e de outros. A violência no trânsito está crescendo assustadoramente, e tem preocupado tanto autoridades de trânsito quanto médicos e psicólogos no mundo todo.
O estudo verificou que pessoas que se envolvem com mais freqüência em discussões de trânsito têm mais chance de apresentar alto nível de narcisismo (sentimento exagerado de importância própria). O narcisismo exagerado revela uma auto-estima fraca, e leva as pessoas a sentir qualquer agressão, por mínima que seja, como ameaçadora de sua identidade. Estas pessoas tendem a reforçar seus sentimentos de importância e identidade, que são fracos em seu íntimo, com reações exageradas no dia-a-dia, e o trânsito é palco freqüente destas reações.
Assim, uma simples fechada no trânsito pode representar uma agressão grave para estas pessoas, que tendem a reagir exageradamente à ofensa. O estudo também mostrou que as mulheres reagem de forma diferente dos homens: quando uma mulher com auto-estima fraca é “agredida” no trânsito, tende a piscar faróis, buzinar e gritar, enquanto homens tendem a ser ainda mais agressivos, com fechadas e gesticulação. No estudo, apenas dois ou três homens relataram que teriam partido para a violência física se tivessem oportunidade.
O trânsito é palco freqüente para estas manifestações por vários motivos: é fonte considerável de stress nas cidades, transmite um sentimento de aborrecimento e mostra que nem tudo depende de nosso controle: o sinal fecha, o congestionamento não termina, o tempo passa, etc. Estes fatores parecem ser especialmente perigosos para algumas pessoas que lidam mal com frustrações.
Logo, se você tem sentido seu sangue ferver com freqüência nestes pequenos atritos urbanos, preste atenção: pode ser que na verdade o que você está precisando é de um pouco mais de autoconfiança e um pouco menos de impulsividade.
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