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SUS desconhece número real de casos de overdose

Belo Horizonte, 16 de Janeiro de 2002 (Bibliomed). Uma pesquisa realizada em São Paulo e publicada na revista inglesa Addiction, no mês passado, revelou uma triste realidade no que diz respeito às notificações de casos de overdose na região metropolitana de Santos. Segundo os dados do trabalho, a overdose entre usuários de cocaína é freqüente, apesar de os pacientes não receberem o atendimento adequado.

A pesquisa ouviu 400 pessoas usuárias de cocaína e identificou que pelo menos 20% delas já tinham vivenciado uma overdose. Uma das constatações do autor do levantamento, Fábio Mesquita, coordenador do Programa de DST-AIDS da Secretaria Municipal de São Paulo, é de que 58% dos casos de overdose são “socorridos” pelos próprios usuários que estão mais próximos do paciente.

Uma das conclusões do trabalho de Mesquita foi a de que o número de casos é bem maior do que o registrado no Sistema Único de Saúde (SUS). Em 2001, o SUS notificou apenas 21 casos de overdose em São Paulo.

Os resultados do levantamento devem servir para o aprimoramento do Programa de Redução de Danos em curso no município de Santos. Além da distribuição de seringas, os usuários de cocaína também serão orientados sobre as formas de ação mais adequadas no momento de socorrer outro usuário que esteja com sinais de overdose.

A subnotificação de casos do problema pode ocorrer, segundo o autor do trabalho, por vários fatores, como o medo do usuário de buscar atendimento e a identificação incorreta da overdose.

Como os casos não estão na listagem de procedimentos reembolsados pelo SUS, muitos constam como envenenamento por substância química. Os resultados da pesquisa, que faz parte de um projeto apoiado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), foram semelhantes aos obtidos em outros levantamentos feitos no país. Cidades como o Rio de Janeiro e Salvador já tiveram trabalhos parecidos, também apoiados pela OMS.

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