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Livro traz 92 receitas para orientar dieta restrita de portadores de fenilcetonúria

Belo Horizonte, 14 de Janeiro de 2002 (Bibliomed). Imagine passar uma vida inteira privado de pão com leite no café da manhã ou de bolos e biscoitos no lanche da tarde. Nenhum tipo de carne fazer parte do cardápio. Leguminosas, como feijão, e qualquer alimento feito à base de farinha devem ser cortados das refeições. A variedade alimentar para os portadores de fenilcetonúria é extremamente restrita.

Conhecendo bem as dificuldades para formular dietas adequadas, nutricionistas mineiras decidiram, junto com familiares de portadores da doença, elaborar o livro “Receitas Especiais para Fenilcetonúria”. A obra contém 92 receitas e representa importante alternativa para uma dieta mais saudável, agradável e de qualidade para os fenilcetonúricos.

O livro da editora Solium foi elaborado pelas nutricionistas Viviane de Cássia Kanufre, Jacqueline Siqueira Santos e Rosângelis Del Lama Soares, do Núcleo de Pesquisa, Apoio e Diagnóstico (Nupad) da Faculdade de Medicina da UFMG e do Hospital das Clínicas da UFMG, e pela aluna Débora Gontijo Reis do curso de Nutrição do Unicentro Newton Paiva.

O Instituto de Saúde da Mulher e da Criança do Nupad, que faz a busca ativa de casos de crianças com fenilcetonúria em Minas Gerais, está fazendo um levantamento dos centros de tratamento da doença no Brasil. A intenção é encaminhar uma edição do livro, gratuitamente, para cada familiar por meio dessas unidades de saúde. A obra também está disponível nas principais livrarias do País.

A fenilcetonúria é uma doença genética causada pela deficiência de uma enzima chamada fenilalanina hidroxilase. Essa enzima converte o aminoácido fenilalanina, contido nas proteínas, em outras substâncias como o aminoácido tirosina e melanina.

A deficiência dessa enzima provoca o aumento dos níveis de fenilalanina no sangue. A substância é tóxica para as células cerebrais (neurônios), por isso causa retardo mental. Depois de instaurado, é irreversível. No Brasil, em cada 20 mil nascidos-vivos um apresenta fenilcetonúria.

A forma de prevenir o retardo mental é detectar precocemente a doença. A fenilcetonúria é diagnosticada através do “teste do pezinho”, que deve ser realizado, preferencialmente, no quinto dia de vida da criança. Os recém-nascidos com resultado positivo são encaminhados imediatamente para o centros de tratamento de referência no Estado.

O tratamento da fenilcetonúria é dietético e consiste em retirar da alimentação todos os alimentos protéicos, como carne de todos os tipos; leite e derivados; leguminosas, como feijão, lentilha e soja e todos as preparações feitas com farinha de trigo, como pães, bolos e biscoitos, dentre outros.

Esses alimentos são ricos em fenilanina. É imprescindível o uso de um substituto protéico para que o crescimento dos fenilcetonúricos não seja comprometido. Esse produto é importado e apresenta custo elevado – aproximadamente R$ 130 a lata.

Em Minas Gerais, há 120 portadores de fenilcetonúria em tratamento no Hospital das Clínicas da UFMG, unidade de referência no Estado. A análise laboratorial do material colhido nos centros de saúde da rede pública é realizada pelo Nupad.

Em São Paulo, existem cerca de 600 pessoas com o diagnóstico, sendo a maioria tratada com o apoio da Associação de Pais e Amigos Excepcionais de São Paulo (Apae-SP).

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