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Ainda não existe consenso sobre clonagem terapêutica

Belo Horizonte, 03 de Dezembro de 2001 (Bibliomed). O Parlamento Europeu anunciou, na última semana, que não se opõe à clonagem terapêutica (aquela utilizada para fins de transplantes, por exemplo) e rejeitou a idéia de banir experiências de clonagem humana na comunidade européia. Para permitir que as pesquisas nesse setor continuem sendo feitas, o órgão criou um projeto que foi aprovado por 316 votos contra 37.

O mais importante para os parlamentares foi a possibilidade das experiências de clonagem serem utilizadas no tratamento de pacientes. Embora tenha permitido a clonagem terapêutica, o Parlamento descartou a permissão de clonagem para a reprodução de seres humanos em todos os países da comunidade.

Mas o assunto promete gerar muita controvérsia. Para o professor Jean-Paul Renard, especialista em clonagem animal do Instituto Nacional de Pesquisa Agronômica (Inra), o anúncio da clonagem de embriões para fins terapêuticos suscita um certo ceticismo no meio científico. Ele acredita que ainda estamos muito longe da utilização terapêutica da clonagem.

De acordo com o pesquisador, o anúncio do “primeiro clone humano” deu início à competição pela obtenção de células-tronco embrionárias capazes de serem cultivadas e utilizadas para reparar ou regenerar qualquer tipo de tecido do corpo humano.

Renard afirma que no resultado obtido no “primeiro clone humano”, anunciado pela empresa norte-americana Andvanced Cell Tecnology, na semana passada, foram produzidas apenas seis células, o que é insuficiente para cultivar e reproduzir em massa linhas celulares de qualidade.

Outros cientistas tratam o anúncio da clonagem terapêutica como “operação publicitária”. É o caso do biólogo norte-americano Glenn MCGee e da médica Lorraine Young, especialista em fecundação in vitro da Universidade de Nottingham. Esses especialistas afirmam que, para produzir e cultivar linhas dessas células, é necessário chegar até o estado de desenvolvimento do embrião chamado de blastócito.

Eles completam que, uma vez obtidas essas células, ainda serão necessários entre dez e 20 anos de trabalho para obter os diferentes tipos de células utilizáveis no tratamento de enfermidades.

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