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Portadores do vírus da Aids enfrentam o desemprego

Belo Horizonte, 27 de Setembro de 2001 (Bibliomed). Mais da metade dos cerca de 40 mil pacientes com Aids que tomam o coquetel no estado de São Paulo vivem desempregados. Estão mais ameaçados pela pobreza do que pelos efeitos do vírus HIV. As conclusões são do encontro sobre os 20 anos de combate à Aids, realizado no último dia 17, pelo Grupo de Apoio à Prevenção à Aids de São Paulo (Gapa-SP).

A questão do desemprego é reveladora dos avanços, retrocessos e desafios contabilizados em duas décadas da doença. A queixa do emprego indica que os pacientes se sentem suficientemente bem para trabalhar. Mas revela também a permanência do preconceito em relação aos doentes e o crescimento da Aids entre as populações mais pobres.

Para o coordenador do Programa de Prevenção e Combate à Aids em São Paulo, Arthur Kalichman, o problema torna-se ainda mais preocupante quando se lembra que o estado de São Paulo foi pioneiro, em toda a América Latina, na criação de ações sistematizadas de prevenção à doença, em 1983. Segundo Kalichman, somente na região está concentrada quase metade das 500 ONGs que trabalham com Aids no País.

Vistas pelo ângulo das conquistas, as duas décadas estão repletas de marcos: em 1985, a criação do Gapa de São Paulo; a chegada do AZT, em 89; o acesso ao coquetel de medicamentos, em 1997, e a briga pela quebra de patentes, neste ano.

O governo assumiu o tratamento da doença, através da distribuição gratuita de remédios. O desafio agora é integrar as ações de prevenção dentro do SUS e, especialmente, nos orçamentos municipais e estaduais, opina o secretário-geral do Gapa-SP, José Carlos da Silva. Mesmo o que está garantido por lei, como a assistência, ainda sofre abalos e necessita de uma vigilância constante das ONGs, denuncia.

A Ciência ainda não descobriu a cura para a Aids, mas as descobertas de medicamentos contra a doença têm garantido melhores condições de vida e maior sobrevida aos portadores do vírus HIV. Enquanto a doença não se manifesta (o que pode levar anos ou até mesmo décadas), os soropositivos têm condições de estudar ou trabalhar como qualquer outra pessoa.

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