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Médicos São Alertados Sobre Uso de Droga Anti-Aids em Grávidas

05 de Fevereiro de 2001 (Bibliomed). Os médicos de toda Europa estão sendo alertados sobre um efeito colateral potencialmente fatal, caso gestantes infectadas com HIV tomem as drogas anti-Aids Zerit (estavudina) e Videx (didanosina), do laboratório Bristol-Myers Squibb.

Em um comunicado público, a Agência Européia de Avaliação de Medicamentos (Emea) disse que sete casos de acidose láctica - três deles fatais - foram relatados no mundo em gestantes tomando as duas drogas em combinação.

A acidose láctica ocorre quanto as células do corpo não conseguem converter o alimento em energia disponível. A condição faz com que ácido em excesso se acumule no organismo, podendo danificar órgãos vitais como fígado e pâncreas.

Ecoando o alerta da Food and Drug Administration (FDA), agência norte-americana reguladora de drogas e alimentos, no mês passado, a Emea destacou que a acidose láctica é um efeito colateral conhecido da classe de drogas anti-HIV chamada inibidores nucleosídeos da transcriptase reversa (NRITs).

O uso dessa classe de drogas não é recomendável durante a gestação, a menos que o benefício potencial pese mais do que os riscos potenciais.

Duas das mortes ocorreram em mulheres participando de um estudo clínico multinacional -- uma paciente tomando a terapia de combinação tripla didanosina/estavudina/nelfinavir e uma paciente tomando didanosina/estavudina e um inibidor de protease experimental.

O comunicado disse que havia informação insuficiente para decidir se a gravidez é um fator de risco adicional para acidose láctica.

"Também não está claro se qualquer risco maior de acidose láctica é específico à estavudina ou didanosina ou se pode ser aumentado com todas as combinações de análogos de nucleosídeos", de acordo com o comunicado.

O comitê científico da Emea e as agências nacionais pediram mais informações de todas as empresas comercializando NRTis para que possam avaliar toda a questão, afirmou o comunicado.

Uma porta-voz da Bristol-Myers Squibb, em Bruxelas, disse à Reuters Health que as três mulheres que morreram eram do Reino Unido, da África do Sul e da Argentina.

A empresa está distribuindo o comunicado público da Emea aos médicos de toda Europa.

De acordo com a porta-voz, a decisão de como tratar mulheres infectadas com HIV que ficam grávidas é uma "grande questão" para os médicos, particularmente se as mulheres já forem resistentes a algumas terapias anti-retrovirais.

No Brasil, a Bristol-Myers Squibb enviou uma carta, semelhante àquela divulgada junto à FDA, a cerca de 500 médicos envolvidos no tratamento de HIV-Aids no país, disse Antônio Carlos Salles, gerente de assuntos corporativos do laboratório.

"A carta alerta sobre os dois casos envolvendo participantes de um ensaio clínico testando uma nova terapia de HIV e o risco maior de acidose láctica fatal em gestantes recebendo a combinação", afirmou Salles.

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