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02 de Fevereiro de 2001 (Bibliomed). Com o sequenciamento do genoma humano essencialmente concluído, os pesquisadores começaram a voltar sua atenção à 'proteômica' -- ou o estudo das proteínas que os genes produzem -- e a questão que se destaca é se uma colaboração entre os setores público e privado, segundo as linhas do Projeto do Genoma Humano, deve ser organizada para coordenar o esforço.
Mas cientistas reunidos em um encontro na New York Academy of Sciences (Academia de Ciências de Nova York), na quarta-feira, disseram que acreditam que essa fusão de recursos parece ser improvável.
O Projeto do Genoma Humano, consórcio de empresas e organizações que chegou um pouco atrás da Celera Corporation na corrida para sequenciar o genoma humano, foi estabelecido em grande parte para evitar a duplicação de esforço.
Na genômica, "você pode dizer que, se dois grupos estão pesquisando o cromossomo 21, eles devem estudar cromossomos diferentes", disse Denis F. Hochstrasser, da Universidade de Genebra, durante uma comissão de discussão, pois existia um número limitado de regiões que precisava ser mapeado.
A proteômica, é um campo mais amplo. "O negócio da proteômica está muito menos propenso a sofrer de duplicação pois existem tantas proteínas...existem tantos estados de doenças diferentes e tantos efeitos de drogas diferentes", afirmou N. Leigh Anderson, presidente da Large Scale Proteomics Corporation.
"Todos têm um genoma diferente, mas em cada tecido existe uma proteína diferente, dependendo do dia, dependendo da semana. A complexidade é tremenda e há espaço para todos fazerem alguma coisa", acrescentou Anderson.
"De uma forma, a genômica é como a constituição e a proteômica é como tudo que foi escrito nela e todos os comentários políticos desde que o país foi fundado, o que, obviamente, é muito mais amplo (e) muito mais complicado", avaliou Anderson.
Na verdade, as oportunidades para pesquisa no campo da proteômica devem avançar mais rápido do que o tempo e a verba disponíveis para conduzir os estudos, disseram os membros da comissão.
O número de potenciais alvos de drogas "pesa muito mais do que a possibilidade de analisar todos eles", de acordo com Joshua Lederberg, da Universidade Rockefeller.
"Gastaríamos muito tempo se fizéssemos isso, de modo que haverá um processo de triagem, na tentativa de descobrir quais são mais urgentes, mais importantes e mais acessíveis", acrescentou Lederberg.
O número de alvos -- ou pontos possíveis em que uma droga pode interferir no processo da doença -- que são identificados para pesquisa futura vai atingir, quase com certeza, milhares à medida que a ciência da proteômica avançar, afirmaram os membros da comissão.
Lederberg destacou que mesmo essa estimativa pode "não indicar tudo", pois ignora o fato de que "carregamos em cada superfície, externa e interna, uma variedade de outros genomas", incluindo aqueles de bactérias e vírus para quem nosso corpo atua como hospedeiro.
"Isso também tem que ser levado em conta", disse Lederberg, sugerindo que as proteínas expressas pelos genes dos organismos que hospedamos sejam consideradas "o proteoma humano estendido" e examinadas como uma fonte de alvos.
Anderson aumentou a aposta. O próprio proteoma estendido de Lederberg "não indica tudo", afirmou Anderson, pois existem diferentes versões de cada proteína, expandindo as possibilidades de pesquisas de drogas.
"É provável que seja o caso de vermos drogas sendo desenvolvidas para certas versões de um alvo", sugeriu Anderson.
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