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Telefones Celulares Podem Interferir em Equipamentos Médicos

22 de Janeiro de 2001 (Bibliomed). Muitos hospitais proibiram o uso de telefones celulares porque temem que interfiram com os equipamentos usados para salvar vidas, como monitores cardíacos e ventiladores.

Agora, resultados de um novo estudo sugerem que essas proibições -- principalmente no quarto do paciente -- são justificadas, ainda que os celulares precisem estar muito perto dos equipamentos para causar interferência.

Pouca pesquisa foi feita sobre o tema e muitos hospitais decidiram pela proibição baseado-se apenas em um risco teórico, informou David L. Hayes e seus colegas da Clínica Mayo, em Rochester, no Minesota, nos EUA.

No estudo, os pesquisadores avaliaram seis modelos diferentes de telefones celulares -- dois analógicos e quatro digitais. Eles descobriram que os celulares interferiram em 41 por cento dos equipamentos de coração e pulmão, ou sete de 17. Nos 526 testes conduzidos com os equipamentos, os telefones celulares causaram problemas em cerca de 55 por cento.

No pior caso, um telefone celular causou o desligamento de um ventilador mecânico -- usado para respirar. No entanto, isso ocorreu somente quando o telefone celular estava a dois centímetros do interruptor de comunicações localizado na parte traseira do ventilador.

"De um ponto de vista prático, é improvável que um paciente ou um visitante utilizem o celular tão perto do ventilador mecânico. Da mesma forma, se um celular for usado a uma distância razoável (cerca de 1,5 metro) de um equipamento eletrônico dentro do quarto do paciente ou da central das enfermeiras, é improvável que cause um dano grave", de acordo com estudo publicado na edição de janeiro da revista "Mayo Clinic Proceedings". O ventilador voltou a funcionar assim que o telefone celular foi removido ou desligado.

O problema mais comum observado nos celulares foi a interferência em um eletrocardiograma, que é usado para medir a função do coração. A interferência pode ser detectada à distância. Mas, "mesmo no pior caso, a interferência não apresentou uma importância clínica".

Hayes e seus colegas escreveram que, de todos os testes conduzidos, cerca de 7,4 por cento resultaram em um incidente que os pesquisadores consideraram clinicamente importante.

"Embora a interação com ventilador seja preocupante e existam bons motivos para cautela quando se pensa em normas apropriadas para telefones celulares em hospitais, as normas em vigor em alguns hospitais não se justificam", os autores informaram.

Em um editorial que acompanhou a pesquisa, David C. Herman e John P. Abenstein, também da Clínica Mayo, observam que, embora seja difícil prever qual será o resultado no mundo real da interferência do telefone celular, restringir "o uso desses aparelhos no quarto do paciente ou em áreas específicas (como na UTI ou em salas de operação) seria uma precaução modesta".

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