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Veneno de Aranha Pode Deter Arritmia

05 de Janeiro de 2001 (Bibliomed). Ver uma tarântula pode fazer seu coração disparar, mas o veneno é a promessa de um novo tratamento para um distúrbio comum no ritmo cardíaco.

Em experiências com coelhos, uma substância encontrada no veneno da tarântula inibiu a fibrilação atrial sem afetar outras funções normais do coração.

A fibrilação atrial pode aumentar o risco de derrame, sendo o tipo mais comum de arritmia ou anormalidade no ritmo cardíaco. O problema provoca contrações tão rápidas nas câmaras superiores cardíacas -- chamadas de átrios -- que estas não conseguem bombear sangue suficiente para as câmaras inferiores ou ventrículos. Drogas podem ser usadas para controlar o problema, que é potencialmente fatal.

Pesquisas anteriores sugeriram que certos canais de íons -- aberturas nas células fundamentais para o controle do batimento cardíaco -- estão envolvidos na fibrilação atrial. A equipe de Frederick Sachs, da Universidade do Estado de Nova York, em Buffalo, fez uma pesquisa para encontrar substância capaz de bloquear os canais que desencadeiam a anormalidade no ritmo cardíaco.

Em entrevista à Reuters Health, Sachs informou que a equipe testou o veneno de vários tipos de insetos e aranhas, mas que apenas o veneno de um tipo de tarântula bloqueou os canais de íons. Quando os pesquisadores analisaram o veneno, identificaram uma pequena proteína chamada GsMtx-4 como responsável pelo efeito.

A equipe testou a proteína em corações de ratos que foram induzidos a bater irregularmente e a substância bloqueou a fibrilação atrial, conforme artigo publicado na edição de 4 de janeiro da Nature.

"Funcionou melhor que eu imaginava. Funcionou em todos os corações de coelhos", disse Sachs durante a entrevista.

De acordo com o especialista, a proteína é promissora pois bloqueia a fibrilação atrial sem causar qualquer efeito prejudicial ao coração. Parece que a substância não é tóxica, já que vem de um tipo de tarântula cuja picada não é perigosa para humanos, observou o pesquisador.

A próxima etapa é testar a proteína em ratos vivos para ter certeza de que a substância não afeta outros órgãos além do coração, disse Sachs.

"Acreditamos que a GsMtx-4 pode ser a primeira de uma nova classe de agentes antiarritmia que serão dirigidos contra as causas e não contra os sintomas da fibrilação", concluíram os pesquisadores.

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