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Vacinas "inversas" podem ser a chave para combater doenças autoimunes

31 de dezembro de 2025 (Bibliomed). Para as milhões de pessoas que lutam contra doenças autoimunes, uma nova esperança pode estar surgindo no horizonte na forma de vacinas reversas ou inversas: injeções que têm como alvo uma parte específica do sistema imunológico.

Essas injeções funcionam de maneira diferente das imunizações convencionais, como a vacina contra a gripe, e dos tratamentos imunossupressores atualmente disponíveis para doenças autoimunes. Elas atuam visando apenas a parte específica do sistema imunológico responsável por doenças como lúpus, esclerose múltipla, psoríase, artrite reumatoide e diabetes tipo 1.

Quando saudável, o sistema imunológico é a primeira linha de defesa do corpo contra doenças como o câncer e infecções causadas por vírus e bactérias. No entanto, se o ele não estiver funcionando corretamente, pode atacar erroneamente células, tecidos e órgãos saudáveis, causando doenças autoimunes que podem afetar qualquer parte do corpo, enfraquecendo suas funções e potencialmente levando à morte. São conhecidas mais de 80 doenças autoimunes, algumas causadas pela exposição a toxinas ambientais e para as quais ainda não existe cura.

Embora não haja cura para essas doenças, os sintomas podem ser controlados com medicamentos chamados imunossupressores, que, como o nome sugere, reduzem amplamente a resposta do sistema imunológico. No entanto, esses medicamentos, geralmente administrados por meio de injeções mensais, podem ter efeitos colaterais significativos, incluindo tornar os usuários mais suscetíveis a infecções. Muitas pessoas que tomam esses medicamentos também precisam ter cuidado ao tomar vacinas tradicionais, devido ao impacto delas no sistema imunológico.

As vacinas inversas usam nanopartículas sintéticas ligadas a proteínas específicas relacionadas à doença, ou antígenos, para treinar certas partes do sistema imunológico a se comportarem de maneira diferente, limitando os ataques que causam doenças autoimunes. Com as vacinas inversas atualmente sendo estudadas, as nanopartículas são projetadas para imitar a morte celular humana, que é um processo normal no corpo humano, de acordo com o estudo de 2021 que primeiro documentou sua eficácia em pessoas com doença celíaca, outro distúrbio autoimune.

As células moribundas são consideradas corpos estranhos, mas o sistema imunológico humano sabe não atacá-las.  Como resultado, com as nanopartículas em vacinas inversas, o sistema imunológico pode ser treinado para não atacá-las, ou as proteínas ligadas a elas, o que efetivamente faz um “curto-circuito” no processo por trás das doenças autoimunes. Em vez de imunizar o receptor a uma infecção viral, a vacina inversa tolera o sistema imunológico, por isso não atacará nossos próprios tecidos.

Vários estudos estão sendo realizados na tentativa de desenvolver vacinas inversas, mas mais estudos ainda são necessários até que elas estejam disponíveis no mercado, pois é preciso determinar a dosagem adequada, o tempo de duração e os efeitos colaterais, além, é claro, da eficácia e segurança. Apesar disso, os pesquisadores se mostram otimistas com os resultados obtidos até o momento.

Fonte: Cell - Trends in Biotechnology. DOI: 10.1016/j.tibtech.2024.11.016.

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