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Cirurgia bariátrica reduz em 40% o risco de câncer no sangue

10 de janeiro de 2024 (Bibliomed). Estudos anteriores já haviam estabelecido que o excesso de peso e a obesidade são fatores de risco para vários tipos de câncer. Também se sabe que mulheres obesas têm um risco maior de câncer em comparação com homens obesos e que o risco diminui com a perda de peso intencional. No entanto, a evidência de uma ligação entre obesidade, perda de peso e câncer hematológico (no sangue) tem sido limitada.

Uma pesquisa realizada na Universidade de Gotemburgo, na Suécia, demonstrou que a cirurgia para obesidade está associada a uma redução significativa, de 40%, no risco de câncer hematológico. Essa descoberta tem o potencial de influenciar pesquisas futuras nessa área crucial.

O estudo atual, publicado na revista "The Lancet Healthy Longevity", utilizou dados do estudo Swedish Obese Subjects (SOS) da Universidade de Gotemburgo e dados do Registro de Câncer do Conselho Nacional de Saúde e Bem-Estar.

Os pesquisadores examinaram 2.007 pessoas submetidas à cirurgia bariátrica e as compararam a um grupo de controle de 2.040 indivíduos igualmente obesos, porém que não passaram pela cirurgia. Os grupos eram comparáveis em relação a gênero, idade, composição corporal, fatores de risco cardiovascular e variáveis psicossociais.

Durante o período de acompanhamento, 34 indivíduos no grupo de cirurgia desenvolveram câncer hematológico, coincidindo com uma significativa perda de peso. No grupo de controle, foram registrados 51 casos de câncer hematológico, mantendo-se no nível de obesidade grave.

A maioria dos cânceres sanguíneos foi de linfomas, e quando esses foram analisados separadamente, houve uma redução de 55% no risco de linfoma no grupo submetido à cirurgia bariátrica. A redução de risco correspondente para todos os cânceres sanguíneos foi de 40%.

Os resultados também sugerem que mulheres com altos níveis de glicose sanguínea no início do estudo se beneficiaram mais da cirurgia bariátrica. Segundo os autores da pesquisa, o benefício da cirurgia está ligado às taxas de glicose no sangue: “redução do risco de câncer hematológico foi muito mais pronunciada quando os níveis de glicose das mulheres eram elevados no início, o que claramente mostra que a glicose sanguínea é um fator importante no desenvolvimento destes cânceres”, disseram.

Os pesquisadores enfatizam que os mecanismos por trás da ligação entre obesidade e câncer sanguíneo são complexos e envolvem múltiplos fatores, como inflamação crônica e a chamada hematopoese clonal, um tipo de fator de risco geneticamente relacionado para o câncer sanguíneo. Eles sugerem que as melhorias metabólicas que ocorrem após a cirurgia bariátrica, incluindo a redução da inflamação, podem diminuir o risco de câncer.

Esses resultados fornecem apoio adicional para considerar a obesidade um fator de risco para o câncer hematológico e para reconhecer que a cirurgia bariátrica pode reduzir esse risco em mulheres obesas.

Fonte: The Lancet Healthy Longevity. DOI: 10.1016/S2666-7568(23)00141-1.

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