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Tom de voz atrapalha compreensão de autistas

29 de maio de 2023 (Bibliomed). Crianças com autismo muitas vezes têm dificuldade em entender as pistas emocionais nas vozes de outra pessoa. Em um estudo com 43 crianças com e sem autismo, os pesquisadores conseguiram rastrear essas dificuldades em uma área específica do cérebro – uma envolvida na comunicação social.

Realizado na Universidade de Stanford, o estudo envolveu 22 crianças com autismo e 21 sem a condição, com idades entre 7 e 12 anos. Os pesquisadores fizeram com que cada criança ouvisse várias gravações de duas frases simples: "uma sacola está na sala" e "minha colher está na mesa". Cada gravação tinha uma entonação vocal diferente - neutra, alegre ou triste - e as crianças foram solicitadas a identificar a emoção transmitida por cada uma.

Em seguida, as crianças ouviram as gravações, juntamente com alguns outros sons não vocais, enquanto passavam por uma ressonância magnética funcional – um tipo de imagem cerebral que permite aos pesquisadores mapear a atividade cerebral em tempo real.

Descobriu-se que em crianças com ou sem autismo, as partes "auditivas" do cérebro responderam de forma semelhante às vozes. Onde as crianças com autismo diferiam era na próxima etapa - como a informação auditiva chegava a uma parte do cérebro envolvida na comunicação social, chamada de junção temporoparietal.

Parecia haver um "excesso de conexão" entre os centros auditivos e a junção temporoparietal, em comparação com o que foi observado em crianças sem autismo.

De acordo com os autores, esses resultados sugerem que as crianças com autismo estão processando o som das emoções vocais sem problemas. A pedra de tropeço pode surgir na interpretação desses sons. Normalmente, as crianças aprendem desde cedo a vincular sons vocais a emoções específicas: elas sabem quando seus pais estão felizes ou tristes, mesmo que não entendam todas as palavras ditas. Contudo, muitas crianças e adultos com autismo têm dificuldade em "ler" as pistas emocionais nas vozes de outras pessoas, o que pode tornar a comunicação muito mais complicada.

Fonte: Biological Psychiatry: Cognitive Neuroscience and Neuroimaging. DOI: 10.1016/j.bpsc.2022.09.016.

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