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Visando conscientizar o poder público e a população em geral da necessidade de detectar o diabetes precocemente, a Sociedade Brasileira de Diabetes elaborou o projeto "Detecção e Tratamento das Complicações Crônicas do Diabetes Mellitus (DM)". Esta campanha começará em estágio piloto em Brasília, Goiânia e Rio Grande do Sul. Para atingir esses objetivos, a SBD e a indústria farmacêutica constituíram um grupo de trabalho que está definindo seus rumos.
Os principais objetivos do projeto são a implantação e implementação de métodos para rastreamento de nefropatia e retinopatia diabéticas e do pé diabético com risco para úlceras, além de tratamento para as complicações detectadas e também o desenvolvimento de pesquisas operacionais em determinados locais que desenvolvem o programa. “O rastreamento das complicações crônicas será estimulado em todos os centros e locais que se dedicam ao atendimento de pacientes diabéticos. Serão utilizados métodos simples, de fácil emprego e de sensibilidade elevada”, consta no projeto.
De acordo com os propósitos do projeto, deve ser realizado um rastreamento das complicações crônicas cinco anos após o diagnóstico de DM. “Em pacientes com DM Tipo 1 e Tipo 2 o rastreamento deve ser feito também quando houver sintomas de diminuição de acuidade visual ou em toda paciente com DM Tipo 1 logo no início da gravidez”, determina.
Segundo a ABD, as complicações crônicas do Diabetes Mellitus (DM) são as principais responsáveis pela morbidade e mortalidade dos pacientes diabéticos. As doenças cardiovasculares representam a principal causa de morte (52%) em pacientes diabéticos do Tipo 2 e estes pacientes constituem cerca de 30% das admissões em Centros de Tratamento Intensivo (1), como está o texto de introdução da ABD. Diversos fatores de risco, passíveis de intervenção, explica a ABD, estão associados ao maior comprometimento cardiovascular observado nos pacientes diabéticos. “Entre estes estão a presença da Nefropatia Diabética (ND) e Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS)”.
Argumentos econômicos
A ND acomete cerca de 40% dos pacientes diabéticos e é a principal causa de insuficiência renal em pacientes que ingressam em programas de diálise, alerta a Associação, que fala ainda dos altos custos de tratamento da insuficiência renal crônica. “De acordo com os dados obtidos junto a Secretaria de Saúde do Meio Ambiente do Estado do Rio Grande do Sul, o custo direto de um paciente em hemodiálise por ano é de R$ 13.902,00 sem contar o acesso vascular, as medicações (R$ 4.000,00), as eventuais hospitalizações e as consultas. Este tipo de tratamento consome cerca de 7% do total disponível para a assistência médica”, acusa.
Segundo a ABD, a Nefropatia Diabética apresenta uma fase inicial, denominada de nefropatia clínica (microalbuminúria) em que existem diversas estratégias terapêuticas que podem ser empregadas para reverter suas alterações. “A ND pode ser diagnosticada precocemente pela medida da albuminúria. Atualmente já estão bem definidos procedimentos simples e efetivos para realizar o rastreamento”, explica o projeto. Com base nestes dados, de acordo com o projeto, é possível a redução de custos utilizando-se de uma abordagem inicial simplificada para o rastreamento. As medidas de proteinúria e albuminúria custam R$ 0,17 e R$ 0,78, respectivamente.
Estratégias
Entre as estratégias propostas pela ABD para atingir os objetivos de seu projeto, está conscientizar a população da importância das complicações crônicas através de cartazes "out-doors" publicitários em locais estratégicos nas principais cidades do país. No entanto, pretendem também divulgar as normas através de Revistas Científicas (AMB, ABE&M), folhetos de divulgação, encontros científicos (Programas locais, Harvard-Joslin-SBD, Congressos Nacionais de Diabetes, Endocrinologia, Oftalmologia e Congressos de Clínica Médica) e, em especial, priorizar a detecção das complicações crônicas nos programas de Educação. Além disso, a ABD lista como estratégia a sensibilização dos responsáveis pela política de saúde para o repasse de recursos necessários na implementação destas medidas através do Sistema Único de Saúde e a estimulação da realização de oficinas de treinamento obrigatórias e periódicas para os clínicos gerais. Os recursos específicos devem vir, em geral, de financiamentos internacionais.
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