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RIO DE JANEIRO (Reuters) - Enfrentar os fatores que tornam as pessoas vulneráveis e facilitam as situações de risco é a principal estratégia de prevenção à transmissão do HIV. A idéia foi defendida terça-feira durante o Fórum 2000 -- 2a Conferência de Cooperação Técnica Horizontal da América Latina e Caribe sobre HIV/Aids e DST.
A proposta, apresentada por Raquel Child, representante do Grupo de Cooperação Técnica Horizontal da América Latina e Caribe em HIV/Aids, reserva aos órgãos estatais e às organizações sociais a tarefa de facilitar decisões e mudanças individuais.
"Ainda há uma insuficiência no compromisso dos atores sociais e das políticas e uma das grandes dificuldades da prevenção é a concepção de que existe uma sexualidade única", disse Child.
Para Jaqueline Rocha, representante da Rede Nacional e Latino-Americana de Pessoas Vivendo com HIV/Aids, a prevenção exige uma mudança de comportamento individual que leve à prática do sexo seguro que nem sempre é garantida apenas pelo acesso à informação.
"Estamos apostando em programas educativos continuados entre pessoas do mesmo grupo para chegar diretamente às populações vulneráveis", disse Rocha. Na sua opinião, a situação é pior em populações de baixa renda e rurais.
No Brasil, uma das principais políticas de prevenção do governo é o aumento do acesso ao preservativo.
Segundo Rosemeire Munhoz, representante do Programa Nacional de Aids do Ministério da Saúde, a estratégia está composta por campanhas para resgatar a importância da camisinha, campanhas de distribuição gratuita, realizadas principalmente durante o carnaval e pelo sistema de saúde público, e atividades de intervenção direta como a pressão sobre o setor privado para aumentar a disponibilidade de preservativos em áreas periféricas e menos lucrativas.
Segundo Munhoz, para o ano 2000 foram destinados 200 milhões de unidades de preservativos masculinos a serem distribuídos em campanhas cujo objetivo é familiarizar a população com o manuseio da camisinha.
O ministério também comprou 2 milhões de unidades de preservativos femininos para programas específicos com populações vulneráveis.
Munhoz também informou que 25 por cento dos casos de Aids registrados são entre usuários de drogas injetáveis. Entre os programas de combate à transmissão, disse, o Ministério da Saúde mantém desde 1998 40 projetos de troca de seringas entre usuários de drogas, principalmente nas Regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste e nas rotas de tráfico.
Conforme o Programa das Nações Unidas para Aids (Unaids), o Brasil concentra a maior população, em termos absolutos, de pessoas vivendo com HIV/Aids na região com 540 mil pessoas, sendo que destas cerca de 130 mil são mulheres e 10 mil são crianças.
Para Jaqueline Rocha essa estatística só abrange os casos registrados pelo sistema público de saúde e, pela sua estimativa, o número pode chegar a 1,5 milhão de brasileiros.
Sinopse preparada por Reuters Health
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