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Gabapentina tem sido usada para casos em que não seria recomendada

03 de janeiro de 2022 (Bibliomed). A gabapentina é um medicamento utilizado para tratamento de alguns tipos de convulsões e dores nos nervos. Contudo, um novo estudo realizado nos Estados Unidos mostrou que muitos pacientes psiquiátricos estão recebendo indicação da droga em uma prática chamada “off-label”.

Off-label é um termo utilizado quando um medicamento é indicado para usos não aprovados pelos órgãos reguladores. Isso causa um possível risco de interação medicamentosa, que é quando dois medicamentos usados juntos podem causar efeitos adversos, muitas vezes graves.

Sabe-se, que a gabapentina é comumente prescrita para outros usos, incluindo vários tipos de condições de dor e transtornos psiquiátricos como depressão e ansiedade. O novo estudo destaca o quão difundido é o uso off-label: de quase 130 milhões de consultas ambulatoriais onde a gabapentina foi prescrita, mais de 99% foram para uso off-label.

E um terço das vezes, os pacientes prescritos off-label de gabapentina também tomavam um medicamento que pode deprimir o sistema nervoso central. Isso é uma preocupação porque em 2019, os U.S. Food and Drug Administration (FDA) emitiu um alerta sobre a combinação de gabapentina com depressores do sistema nervoso central, ou SNC, dizendo que podem ocorrer sedação e sérios problemas respiratórios.

O alerta foi dirigido especialmente a pessoas com fatores de risco para respiração deprimida - incluindo idosos e pessoas com doenças pulmonares como enfisema e bronquite crônica. O estudo analisou as prescrições feitas entre 2011 e 2016 - antes do aviso de segurança da FDA.

Para o estudo, os pesquisadores usaram dados de uma pesquisa federal que coleta informações não identificadas em consultas médicas ambulatoriais em todo o país. De mais de 200.000 registros de pacientes, pouco mais de 5.700 envolviam uma prescrição de gabapentina. Isso corresponde a quase 130 milhões de visitas nacionais entre 2011 e 2016.

A grande maioria dessas prescrições era off-label, e a maioria dos pacientes também tomava outros medicamentos prescritos. Em quase um terço dos casos, esses medicamentos adicionais incluíram um depressor do SNC. Os antidepressivos foram o tipo mais comum de depressor do SNC, seguidos pelos analgésicos opioides e benzodiazepínicos.

De todas as visitas ao consultório em que a gabapentina off-label estava registrada, cerca de 5% dos pacientes tinham diagnóstico de depressão e 3,5% tinham transtorno de ansiedade.

Não está claro se a gabapentina foi prescrita especificamente para esses transtornos mentais. Há muitos cruzamentos entre dor e depressão/ansiedade, então é possível que o medicamento tenha sido prescrito para dor em pelo menos alguns desses pacientes.

Em geral, segundo os pesquisadores, há poucas evidências de ensaios clínicos para apoiar a gabapentina em condições psiquiátricas. Por isso, é sempre sensato que os pacientes entendam exatamente por que um medicamento está sendo prescrito e quais são os possíveis efeitos colaterais. Também é importante, ressaltam os pesquisadores, que os pacientes revisem periodicamente todos os seus medicamentos com o médico, em parte para discutir se todos eles ainda são necessários.

Fonte: Psychiatric Services. DOI: 10.1176/appi.ps.202000338.

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