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14 de outubro de 2021 (Bibliomed). O presidente Jair Bolsonaro anunciou essa semana que decidiu não se vacinar contra o COVID-19. Segundo ele, por já ter contraído a infecção, possui anticorpos contra a doença, o que tornaria a vacina "desnecessária".
Afinal, quem já teve COVID-19 precisa ou não da vacina?
Segundo especialistas, embora muitas pessoas que já tiveram COVID-19 uma vez possam sair ilesas em uma segunda infecção, a força e a durabilidade da imunidade adquirida na primeira infecção não é a mesma para todas as pessoas, sendo necessário levar em consideração fatores como idade, estado de saúde e gravidade da infecção inicial.
Os cientistas explicam que aquelas pessoas com imunidade natural poderosa podem ser protegidos de reinfecção por até um ano. Mas ressaltam que mesmo eles não deveriam deixar de se vacinarem. Para começar, aumentar sua imunidade com uma vacina provavelmente lhes dará proteção duradoura contra todas as variantes. Sem esse reforço, os anticorpos de uma infecção irão diminuir, deixando as pessoas recuperadas pela COVID-19 vulneráveis a reinfecção, especialmente por causa das variantes.
É difícil analisar como a imunidade da infecção e a da vacinação se comparam. Dezenas de estudos mergulharam no debate e tiraram conclusões contraditórias. Alguns padrões consistentes surgiram: duas doses de uma vacina de mRNA produzem mais anticorpos, e de forma mais confiável, do que uma infecção com o coronavírus. Mas os anticorpos da infecção prévia são mais diversos, capazes de repelir uma gama mais ampla de variantes, do que aqueles produzidos por vacinas.
Os estudos que apregoam a durabilidade e a força da imunidade natural são prejudicados por uma falha crucial. Estes estudos estão, por definição, avaliando as respostas apenas de pessoas que sobreviveram à COVID-19.
Para começar, não são todas as pessoas que apresentam um teste positivo para o vírus e se recuperam que têm anticorpos detectáveis. A resistência e durabilidade da resposta são variáveis. Por exemplo, embora a imunidade obtida com as vacinas e a infecção seja comparável entre os mais jovens, duas doses das vacinas de mRNA protegeram os adultos com mais de 65 anos melhor do que uma infecção anterior.
Pesquisa publicada pela equipe do Dr. Iwasaki na revista Nature Medicine em maio de 2021 mostrou um aumento gradual no nível de anticorpos à medica que ocorre o aumento da gravidade da infecção. Cerca de 43% das pessoas recuperadas não tinham anticorpos neutralizantes detectáveis - o tipo necessário para prevenir a reinfecção. Os anticorpos caem para níveis indetectáveis após cerca de dois meses em cerca de 30% das pessoas que se recuperam.
Para aquelas pessoas de sorte que se recuperaram da COVID-19, a vacinação ainda é a escolha ideal, dizem os especialistas. Ela fornece um grande aumento nos níveis de anticorpos e um escudo imunológico quase impenetrável - talvez até contra variantes futuras.
Resumindo: o presidente Bolsonaro está errado ao não se vacinar, e erra ainda mais ao apregoar este tipo de atitude contra a vacina entre seus seguidores que já tiveram Covid-19.
Fonte: Nature Medicine. DOI: 10.1038/s41591-021-01355-0.
Copyright © 2021 Bibliomed, Inc.
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