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Tromboembolismo e vacina de Oxford-AstraZeneca para a COVID-19: efeito colateral ou coincidência?

05 de abril de 2021 (Bibliomed). Em meados de março de 2021, a vacinação contra COVID-19 usando a vacina de Oxford-AstraZeneca foi interrompida em vários países europeus devido a relatos de eventos tromboembólicos em indivíduos vacinados. Segundo a Agência de Medicamentos Europeia (EMA), 30 casos de eventos tromboembólicos (predominantemente de tromboses venosas) haviam sido relatados até 10 de março de 2021, entre os aproximadamente 5 milhões de receptores da vacina Oxford-AstraZeneca para a COVID-19 nos países que compõe a União Europeia.

A EMA posteriormente declarou que “O número de eventos tromboembólicos em pessoas vacinadas não é maior do que o número observado na população em geral”.

Um novo artigo recém-publicado na revista The Lancet analisou dados nacionais de base populacional da Dinamarca para estimar a incidência natural de tromboembolismo venoso. A Dinamarca tem um sistema universal de saúde financiado por impostos, no qual todos os atendimentos hospitalares são anotados em um Registro Nacional de Pacientes, o que possibilitou um extenso levantamento de casos de tromboembolismo na população do país, e uma comparação com os resultados de tromboemboilismo observados na Europa com a vacina de Oxford.

No novo estudo, pesquisadores acompanharam todos os indivíduos a partir de 1 ° de janeiro de 2010, ou seu 18º aniversário (o que ocorrer primeiro), até a primeira ocorrência de tromboembolismo venoso, morte, emigração ou até a data de 30 de novembro de 2018.

Nos resultados, a taxa de incidência por 1.000 pessoas-ano foi de 1,76 para tromboembolismo venoso entre dinamarqueses com idade entre 18-99 anos e 0,95 entre os dinamarqueses com idade entre 18-64 anos. Os resultados foram consistentes para mulheres e homens.

Em uma população de 5 milhões de pessoas (ou seja, o tamanho corresponde ao número aproximado de pessoas que receberam a vacina Oxford-AstraZeneca COVID-19 na Europa até 10 de março de 20214), esta incidência corresponderia a aproximadamente 169 casos esperados de tromboembolismo venoso por semana, ou 736 casos esperados por mês (se com base na taxa de incidência entre os dinamarqueses de 18 a 99 anos). Da mesma forma, se estimado com base na taxa de incidência entre dinamarqueses de 18-64 anos de idade, seria de esperar 91 casos de tromboembolismo venoso por semana, ou 398 casos por mês.

Apesar de que os dados dinamarqueses levantados no estudo não podem descartar a possibilidade de que alguns eventos tromboembólicos venosos relatados tenham relação com a vacina Oxford, esses mesmos dados sugerem que o número encontrado destes eventos entre europeus que receberam esta vacina não parece estar aumentado em relação ao número esperado estimado a partir das taxas de incidência de toda a população dinamarquesa antes da introdução do programa de vacinação.

Fonte: The Lancet. DOI: 10.1016/S0140-6736(21)00762-5.

Copyright © 2021 Bibliomed, Inc

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