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Novo protocolo pode reduzir complicações em exames de GH

07 de agosto de 2019 (Bibliomed). O teste de estimulação do hormônio de crescimento (GH) com clonidina é um teste solicitado na rotina de investigação de baixa estatura na infância. A clonidina é uma droga agonista a2 adrenérgica, que promove a liberação de hormônio liberador de GH (GHRH). O teste tem os efeitos colaterais comuns, como sonolência, bradicardia e hipotensão, mas, alguns pacientes podem desenvolver hipotensão ortostática, com necessidade de reposição volêmica (10 a 20 ml/kg de solução salina) para estabilizar a pressão arterial. Efeitos colaterais podem atrasar a alta clínica, causando inconvenientes para pacientes, familiares e a logística hospitalar.

O efeito do jejum na absorção e ação da clonidina é mal definido na literatura. Sabe-se que após a administração oral, a clonidina é rapidamente absorvida, entre 20 e 30 minutos, com uma biodisponibilidade média de 55,4% em crianças (47% a 65%), atingindo nível sérico máximo dentro de 60 minutos.

O estudo da Dasa, “Flexibilização de jejum para o GH pós-clonidina teste: impacto nos efeitos colaterais e na resposta do Gh para o estímulo”, foi apresentado no 71st AACC Annual Scientific Meeting & Clinical Lab Expo, que ocorreu de 04 a 08 de agosto de 2019, na Califórnia, Estados Unidos, e objetivou avaliar o impacto da flexibilização do jejum para a estimulação do GH teste com clonidina em termos de efeito colateral grave e resposta do GH ao estímulo.

O estudo de coorte retrospectivo envolveu crianças submetidas ao teste de estimulação do GH com Clonidine em um centro de referência laboratorial durante um período de cinco anos. As crianças foram divididas em dois grupos: Grupo 1 (Absolute Fasting Group): crianças submetidas ao teste de estimulação do GH que jejuou durante todo o teste (alimentação somente após última amostragem); e Grupo 2 (Grupo de Jejum Flexibilizado): crianças submetidas ao teste após jejum de 8 horas antes do início, mas alimentação após 30 minutos de administração de clonidina.

Foram coletadas amostras de sangue para o teste de estimulação do GH a zero, 60 e 90 minutos após a administração oral de Clonidina 0,15mcg/m2 por superfície corporal. A resposta normal ao estímulo, capaz de excluir deficiência de GH, foi definida como pico de GH em qualquer ponto do teste como igual ou maior a 5,0ng/mL. Foi considerada como efeito colateral grave a presença de hipotensão sintomática (tonturas, desmaios) com a exigência de cloridrato de etilefrina ou mesmo substituição de volume para reversão de sintomas.

Ao todo, foram selecionados 348 pacientes, sendo 142 no Grupo 1 e 206 no Grupo 2. No Grupo 1, 88,7% dos pacientes responderam ao estímulo, em comparação a 85,9% dos pacientes do Grupo 2, o que não foi considerado estatisticamente significativo (p=0,4413).

Devido à hipotensão sintomática, a etilefrina foi administrada para praticamente todos os pacientes do Grupo 1, por outro lado, não foi necessária aos pacientes do Grupo 2. Comparando pacientes de qualquer dos grupos que não receberam etilefrina, 8,7% dos pacientes do Grupo 1 e 2,9% dos pacientes do Grupo 2 necessitaram de expansão estatisticamente significante (p<0,05).

A análise destes resultados permitiram aos pesquisadores concluir que a flexibilização do jejum parece ser uma característica interessante na avaliação de pacientes submetidos à Estimulação do GH com clonidina. O procedimento resultou em uma diminuição nos efeitos colaterais adversos sem interferência na magnitude da resposta do GH ao estímulo. Vale ressaltar que o paciente deve estar em jejum iniciando o teste, uma vez que a ingestão de resultar em uma diminuição potencial na absorção da medicação.

O estudo “Flexibilização de jejum para o GH pós-clonidina teste: impacto nos efeitos colaterais e na resposta do GH para o estímulo” recebeu o prêmio "Endocrinology Division's 2019 Best Clinical Abstract Award", como melhor abstract de endocrinologia no evento, e sua importância é tamanha que mudou o protocolo nos laboratórios da Dasa, otimizando os processos, diminuindo a necessidade de tempo de jejum (de 10h para 8h no total), além de garantir mais conforto e diminuir os efeitos colaterais para as crianças.

Fonte: 71st AACC Annual Scientific Meeting & Clinical Lab Expo, 04 a 08 de agosto de 2019, Califórnia, Estados Unidos.

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