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Fraldas Descartáveis Podem Afetar Fertilidade, Afirma Estudo

Por Alan Mozes

NOVA YORK (Reuters Health) - As fraldas plásticas descartáveis -- aceitas como uma salvação por pais nos últimos 25 anos -- podem aumentar a temperatura escrotal de meninos mais do que fraldas de algodão, afirmam pesquisadores alemães.

Não se sabe ainda se o aumento de temperatura tem algum efeito sobre a saúde. Em homens adultos, no entanto, uma temperatura testicular maior é conhecida por inibir a produção de espermatozóides.

Os pesquisadores especulam que aumentos podem levar a problemas de reprodução na idade adulta. Segundo W. G. Sippell e sua equipe, da Universidade de Kiel, na Alemanha, "parece ser possível que uma elevação prolongada e contínua da temperatura testicular...pode afetar a maturação de testículos infantis".

As descobertas do estudo estão publicadas em Archives of Disease in Childhood.

Os pesquisadores analisaram a temperatura da pele escrotal durante 24 horas em um grupo de 48 meninos -- recém-nascidos até 4 anos -- enquanto eles usavam fraldas descartáveis ou fraldas de algodão.

Sippell e sua equipe descobriram que a temperatura média do escroto era maior quando as crianças usavam fraldas plásticas, em vez de algodão. No geral, a diferença de temperatura era, em média, de cerca de 1 grau Celsius.

Além disso, as fraldas de plástico pareciam prejudicar o mecanismo de resfriamento do bebê, que mantém os testículos alguns graus abaixo da temperatura corporal contraindo e relaxando o escroto do corpo.

Na verdade, cerca de 27 por cento dos meninos que usaram fraldas descartáveis não apresentaram diferença entre a temperatura corporal e escrotal.

Sippell e sua equipe especulam que o uso de fraldas descartáveis nos últimos 25 anos pode ser responsável pela diminuição da qualidade do sêmen e pelo aumento das taxas de câncer testicular observados em alguns países industrializados nos últimos 50 anos.

O que existe de verdade no argumento de que a qualidade do sêmen está decaindo, no entanto, ainda é um tema a ser discutido. De acordo com um editorial de I. A. Hughes, da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, os pesquisadores são "suficientemente audaciosos" para afirmar essa hipótese.

Essa evidência circunstancial, no entanto, significa "que a hipótese é plausível, mas não tem como ser atestada no momento".

De qualquer modo, acrescenta Hughes, provavelmente, as descobertas terão pouco impacto sobre pais que compram fraldas descartáveis, devido à grande popularidade do produto.

Representantes do Conselho de Produtos Absorventes Pessoais (Personal Absorbent Products Council), um grupo de comércio norte-americano, rejeitou em um comunicado categoricamente a teoria dos pesquisadores alemães, denominando-a "cientificamente falha".

"Para afirmar que o uso de 35 anos das fraldas descartáveis levou a uma queda na fertilidade masculina -- que pesquisadores observaram nos últimos 60 anos -- é ignorar o fato de que o problema é anterior à introdução de fraldas descartáveis no mercado", destacou o conselho.

Sinopse preparada por Reuters Health

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