Folhetos de saúde

Neurobiologia da Ansiedade

© Equipe Editorial Bibliomed

Qual a importância de se conhecer a neurobiologia da ansiedade?

Ultimamente muito tem sido falado sobre estudos que tentam relacionar dados de estudos sobre o medo em animais e distúrbios da ansiedade observados em humanos. Esse assunto, além de fascinante, abre portas para novos modelos de tratamento para as doenças relacionadas à ansiedade.

Existe relação entre a ansiedade e alguma estrutura cerebral?

Já se sabe que as reações normais do medo em animais dependem do funcionamento adequado de uma estrutura cerebral chamada amídala (que nada tem a ver com as amídalas da cavidade oral).

Como é possível estabelecer tal relação?

Cientistas conseguem induzir a maior parte dos comportamentos observados em crises de medo e ansiedade em animais através da estimulação elétrica dessa estrutura em cobaias. Outros estudos também demonstraram que roedores e macacos separados muito cedo de seus pais apresentam sinais de ansiedade e também alterações do funcionamento de um eixo hormonal cujo controle está no cérebro (o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal).

A química cerebral também está envolvida nesse processo?

Sim. Distúrbios da transmissão química de sustâncias entre os neurônios cerebrais envolvem alterações na produção de serotonina e noradrenalina (dois importantes neurotransmissores), além de alterações importantes do sistema respiratório, mais evidentes nas crises de medo e pânico.

Quais outras estruturas do cérebro participam das reações ao estresse?

Estudos de neuroimagem mostram que existem alterações no fluxo sanguíneo cerebral durante situações de estresse agudo, situação que pode se relacionar às mudanças da oxigenação sanguínea induzidas por um padrão respiratório acelerado.

Os hormônios também podem contribuir para a ansiedade?

Estudos com pacientes que sofrem com estresse pós-traumático mostram que neles existe uma diminuição crônica na secreção de um hormônio, o cortisol. Essa diminuição seria conseqüência de alterações do funcionamento de uma estrutura situada dentro do cérebro, o hipocampo.

Existem dados sobre o funcionamento do cérebro em pacientes com fobias sociais?

Até o momento, se conhece muito pouco sobre o cérebro de pacientes com fobias sociais. Acredita-se que eles, assim como pacientes com transtorno de ansiedade generalizada, sejam candidatos a alterações na resposta dos neurônios a um importante neurotransmissor, o GABA.

Como esses conhecimentos podem auxiliar os tratamentos existentes para a ansiedade?

De uma forma geral, descobertas sobre o funcionamento do cérebro na ansiedade ajudam os cientistas a criarem drogas mais bem direcionadas para as estruturas afetadas na doença. Assim, estudos sobre o  desenvolvimento e funcionamento de novas drogas podem ser realizados com maior segurança e eficácia.

Fonte: Jack M. Gormam, M.D. Chapter 15.1: Anxiety Disorders: Introduction and Overview in Kaplan and Sadok’s Comprehensive Textbook of Psychiatry, 7th edition.