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Como o cérebro se organiza após um traumatismo craniano?

Traumatismos cranioencefálicos (TCE), mais popularmente conhecidos por traumatismos cranianos, são a primeira causa de morte entre adultos jovens (com idade entre 15 e 29 anos), decorrentes, principalmente, de acidentes no trânsito. Em 50% dos casos, o paciente vítima de TCE grave vai a óbito, sendo a terceira causa de morte em pacientes ocidentais em todas as faixas etárias.

No pacientes que sobrevivem, as sequelas decorrentes do TCE podem prejudicar o movimento motor e o raciocínio, prejudicando a vida deste e, consequentemente, se seus familiares.

Além de acidentes no trânsito, quedas e agressões são algumas das possíveis causas de TCE. Estes pacientes têm, ainda, 32,8% de probabilidade de sofrer outros traumatismos associados.

O atendimento rápido e correto às vítimas de TCE é fundamental para a evolução favorável do quadro. Após um traumatismo craniano, o cérebro precisa se reorganizar. Neste quadro, o córtex - a parte do cérebro que "pensa" - pode transferir algumas funções cerebrais das partes lesadas para as não-lesadas.

Pesquisas demonstraram que as lesões cerebrais resultam em um processo chamado de "plasticidade", no qual o cérebro se reorganiza, com algumas áreas do cérebro aumentando de tamanho e assumindo funções de áreas próximas que foram danificadas.

Em um estudo realizado na Universidade de Toronto, no Canadá, pesquisadores tentaram dar alguma luz acerca do papel do córtex e do tálamo na plasticidade e descobriram que o tálamo, uma área profundamente localizada no cérebro, recebe informações acerca dos sentidos e dos movimentos do corpo, e passa essas informações para o córtex.

No estudo canadense, os cientistas danificaram áreas específicas dos cérebros de ratos do sexo masculino e colocaram eletrodos cerebrais para monitorar quais eram as mudanças ocorridas em resposta às lesões.

Os resultados mostraram que a destruição simultânea do córtex e do tálamo impedia que a reorganização da plasticidade ocorresse. Entretanto, se eles lesavam o tálamo, o que iniciava o processo da plasticidade, e esperavam por uma semana antes de lesar o córtex, eles não observavam alterações significativas na estrutura do tálamo, indicando que reorganização havia ocorrido.

Os pesquisadores concluíram que para que áreas mais primitivas do cérebro (como o tálamo) se adaptem, exige necessidade de instruções mais evoluídas do cérebro – o córtex. Um córtex sem lesões pode enviar sinais que ajudem o tálamo a se adaptar da injúria, porém uma vez que as mudanças tenham ocorrido, o tálamo pode manter-se por si.

Referências:

Bibliomed < http://www.bibliomed.com.br/>

Manual de Urgências em Pronto Socorro - Parte 01 - Urgências Cirúrgicas - Capítulo 27 - Traumatismo Cranioencefálico no Adulto. Disponível em <http://www.bibliomed.com.br/book/showdoc.cfm?bookid=223&bookcatid=-1&bookchptrid=14289&titulo=parte-01-urgencias-cirurgicas-capitulo-27-traumatismo-cranioencefalico-no-adulto.html>

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