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Insuficiência Venosa

© Equipe Editorial Bibliomed

Neste Artigo:

- Introdução
- Causas
- Sintomas
- Diagnóstico
- Tratamento
- Prevenção
- Conclusão
- Referências Bibliográficas

Introdução

O sangue rico em oxigênio é transportado para os diversos órgãos através das artérias. Nos órgãos, o oxigênio é consumido pelas células, para a realização de suas atividades. O sangue pobre em oxigênio é transportado de volta ao coração, através do sistema venoso, para ser novamente oxigenado.

O sistema venoso é composto por veias superficiais, veias profundas e veias comunicantes. Estas últimas ligam as veias superficiais às veias profundas.

Este sistema transporta o sangue em direção contrária à força da gravidade e à pressão do tórax e abdome. Este transporte é favorecido pela presença de válvulas nas veias, que impedem o refluxo do sangue, garantindo o transporte ocorra em apenas uma direção. A contração dos músculos das pernas também ajuda no retorno do sangue ao coração.

A insuficiência venosa consiste em uma anormalidade no funcionamento do sistema venoso. Desta forma, o sangue não retorna de forma adequada para o coração, trazendo conseqüências de gravidade variável.

A insuficiência venosa é uma condição muito comum. A incidência aumenta com a idade e é mais comum em mulheres. Não provoca aumento na mortalidade, mas pode trazer grandes prejuízos à qualidade de vida.

Causas

A insuficiência venosa ocorre quando a pressão nas veias aumenta e há dificuldade do retorno do sangue para o coração. Pode ser causada por incompetência no funcionamento das válvulas, por obstrução de veias ou pela combinação destes dois processos. Pode acometer veias superficiais, profundas ou ambas.

As principais causas de insuficiência venosa são as varizes e a trombose venosa profunda.

Varizes são veias dilatadas e tortuosas, mais comuns nos membros inferiores. Resultam da degeneração das veias e da perda da competência das válvulas. Podem ser assintomáticas ou provocar sintomas como dor, formigamento e cansaço. Os sintomas pioram quando a pessoa fica muito tempo de pé e melhoram com a elevação dos membros. A combinação entre varizes e insuficiência venosa cria um círculo vicioso: as varizes causam a insuficiência venosa e são agravadas pela mesma.

A trombose venosa é a formação de coágulos no interior das veias. A imobilização, o aumento na capacidade de coagulação do sangue e a lesão dos vasos sanguíneos favorecem a formação de trombos. Estes trombos obstruem a passagem de sangue, aumentando a pressão no sistema venoso e dificultando o retorno do sangue ao coração. Como conseqüência, pode ocorrer insuficiência venosa.

Sintomas

Os sintomas da insuficiência venosa são muito variados. Os principais sintomas são: veias dilatadas, inchaço, dor na perna e alterações na pele. Estas alterações se devem à lesão dos vasos provocada pelo aumento da pressão venosa, o que ocasiona o extravasamento de substâncias do sangue para a pele.

As varizes são tanto causa como conseqüência da insuficiência venosa, sendo uma das manifestações iniciais.

O inchaço começa nas partes mais baixas da perna, progredindo com o tempo para as partes mais altas e para os pés.

A dor na perna é descrita como uma sensação de peso, que piora com a posição de pé e melhora com a elevação da perna.

As principais alterações na pele são: aumento da pigmentação, dermatite e formação de úlceras. A hiperpigmentação resulta no escurecimento da pele, principalmente nas partes mais baixas. Pode haver dermatite, com ressecamento da pele e coceira. As úlceras são rasas e pouco dolorosas nos estágios iniciais.

Estes sintomas podem atingir gravidades variáveis, desde formas leves até condições muito graves. Com o tempo, aumenta o risco de infecções nas áreas acometidas. Podem, ainda, surgir lesões graves e de difícil tratamento.

Diagnóstico

A suspeita do diagnóstico começa com a avaliação das lesões pelo médico. A avaliação médica é o pilar principal para o diagnóstico.

Algumas vezes não será necessária a realização de outros exames.

O eco - Doppler venoso pode ser útil para confirmar o diagnóstico e mostrar a gravidade da doença. Este exame permite visualizar a movimentação do sangue no sistema venoso. Também existem vários outros exames, que serão solicitados de acordo com a avaliação médica.

Tratamento

O tratamento da insuficiência venosa depende da gravidade dos sintomas, do tempo de evolução e da causa.

As varizes podem ser tratadas por meio de medidas conservadoras, escleroterapia ou cirurgia. As medidas conservadoras incluem: elevação dos membros inferiores, evitar ficar muito tempo de pé, evitar roupas apertadas e saltos inapropriados. A escleroterapia é a injeção de substâncias que lesam as veias varicosas. É indicada para as varizes com até 2 ou 3 milímetros. A cirurgia é indicada para as varizes maiores e mais complicadas.

A trombose venosa profunda é tratada por meio de repouso, anticoagulantes, elevação dos membros e uso de meias compressivas.
Os casos de insuficiência venosa leve podem ser beneficiados com a utilização de medidas para aumentar o retorno venoso. As principais medidas são:

- uso de meias elásticas.
- elevação dos membros várias vezes ao dia.
- hidratação da pele.

A dermatite é tratada por meio de cremes e compressas.

No tratamento das úlceras são recomendados:

- repouso.
- elevação dos membros inferiores.
- limpeza da úlcera com água. Depois da limpeza, a ferida deve ser mantida seca.
- uso de meias elásticas, após cobertura com curativo.

Podem ser necessários alguns curativos especiais para as úlceras, sob recomendação médica. Se houver infecção nas úlceras, o tratamento deve ser feito com antibióticos específicos, prescritos pelo médico.

O edema pode melhorar com a elevação e o enfaixamento das pernas.

Em alguns casos selecionados, pode haver indicação de tratamento cirúrgico.

Prevenção

Não existe tratamento específico, capaz de curar a insuficiência venosa. Este é mais um motivo que reforça a importância de prevenir a sua formação.

As medidas de prevenção de varizes consistem em estratégias para aumentar o retorno venoso, como a prática de atividades físicas, evitar ficar muito tempo em pé, elevar os membros algumas vezes ao dia e evitar calçados inapropriados.

O tabagismo aumenta o risco de trombose venosa profunda, quando associado ao uso de anticoncepcionais orais. Períodos de imobilização prolongada (como cirurgias grandes e viagens prolongadas) e acidentes graves também aumentam o risco de trombose venosa.

Conclusão

A insuficiência venosa é uma condição comum, de difícil tratamento e que provocar grandes limitações. A melhor alternativa é prevenir os principais fatores de risco, ou seja, as varizes e a trombose venosa. Hábitos de vida saudáveis e a prática de exercícios físicos podem ser muito úteis!

Referências Bibliográficas

1. Eberhardt R. T., Raffetto J. D. Chronic Venous Insufficiency. Circulation, Volume 111, 2005, Pages 2398-2409.

2. Maffei F. H. A. Insuficiência venosa crônica: conceito, prevalência, etiopatogenia e fisopatologia. In: Maffei F. H. A, Lastória S., Yoshida W. B., Rollo H. A. (eds). Doenças Vasculares Periféricas, 2ª ed., MEDSI: Rio de Janeiro, 1995.

3. França, L. H. G., Tavares, V. Insuficiência venosa crônica. Uma atualização. Jornal Vascular Brasileiro, Volume 2, Número 4, 2003, Páginas 318-328.

4. Pereira, A. H., Grüdtner M. A., Boustany, S. M. Doenças do sistema venoso. In: Duncan, B.B., Schmidt, M. I., Giugliani, E. R. J e colaboradores. Medicina ambulatorial: condutas de atenção primária baseadas em evidências. 3. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 2004.

Copyright © 2013 Bibliomed, Inc.   Publicado em 19 de abril de 2012   Revisado em 22 de abril de 2013