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Esquizofrenia Infantil

© Equipe Editorial Bibliomed

Neste Artigo:

- Quais os sintomas da Esquizofrenia?
- Qual a causa da Esquizofrenia?
- Como a Esquizofrenia Infantil é diagnosticada?
- Como é feito o tratamento?
- Qual o papel da psicoterapia na Esquizofrenia?
- A Esquizofrenia aumenta o risco de violência?
- Qual a relação entre Cigarro e Esquizofrenia?
- E quanto ao Suicídio?
- Quais são as perspectivas para a Esquizofrenia?

A Esquizofrenia é um distúrbio mental crônico, grave e incapacitante, afetando 1% da população mundial. A doença caracteriza-se principalmente por alucinações e delírios. Homens e mulheres são acometidos em igual proporção, mas a doença costuma ser diagnosticada mais cedo no sexo masculino.

Apesar da Esquizofrenia ser rara antes da puberdade (a maioria dos casos se inicia entre os 17 e 30 anos de idade), existem relatos de esquizofrenia em crianças com até 5 anos de idade.

Quais os sintomas da Esquizofrenia?

Os especialistas dividem as manifestações da Esquizofrenia Infantil em 3 grandes categorias: (1) sintomas positivos, (2) sintomas negativos e (3) sintomas cognitivos.

  • Sintomas Positivos: consistem em alucinações (algo que apenas a pessoa afetada vê, ouve, cheira ou sente), delírios (crenças absurdas, como acreditar que alguém está controlando seus pensamentos através de ondas magnéticas ou achar que seus pensamentos estão sendo transmitidos pela televisão, etc), distúrbios do pensamento (a desorganização do pensamento pode ser tão grande que a pessoa sente uma dificuldade tremenda em se expressar pela fala) e do movimento (falta de coordenação motora, movimentos involuntários estranhos ou catatonismo). Estes são os sintomas mais facilmente reconhecíveis da Esquizofrenia e podem ocorrer em crises ou surtos.

  • Sintomas Negativos: caracterizados pela perda ou diminuição na capacidade de fazer planos, falar, expressar emoções ou encontrar satisfação nas atividades habituais do dia a dia. A falta de atenção com a higiene pessoal também é comum. Não raramente, crianças com estes sintomas são diagnosticadas como deprimidas ou rotuladas de preguiçosas.

  • Sintomas Cognitivos: incluem alterações no nível de atenção e no funcionamento da memória. Estes sintomas podem ser sutis a ponto de serem detectados apenas através de testes neuropsicológicos específicos.

Qual a causa da Esquizofrenia?

Acredita-se que Esquizofrenia Infantil seja o resultado da combinação de fatores ambientais e genéticos, mas a causa exata do problema ainda não foi descoberta.

Os cientistas há muito sabem que a Esquizofrenia pode acometer vários membros de uma mesma família: apesar de ocorrer em 1% da população em geral, o distúrbio é observado em 10% dos parentes de primeiro grau de pessoas esquizofrênicas. O gêmeo idêntico de uma criança afetada possui uma chance de 40-65% para também desenvolver a doença.

Apesar do componente genético, os genes não são os únicos responsáveis. Muitos fatores ambientais são considerados fatores de risco, tais como exposição a vírus, nutrição inadequada do feto durante a gestação, problemas durante o nascimento e fatores psico-sociais.

Como a Esquizofrenia Infantil é diagnosticada?

Através do exame clínico detalhado. Não existem testes laboratoriais específicos para diagnosticar o problema, mas o medico poderá solicitar alguns exames para excluir a possibilidade de doenças com manifestações semelhantes.

Como é feito o tratamento?

Uma vez que a causa ainda é desconhecida, o tratamento é direcionado apenas para o controle dos sintomas da doença e inclui o emprego de medicamentos antipsicóticos (p.ex.: haloperidol, risperidona, clorpromazina, ferfenazina, clozapina, etc).

Contudo, os antipsicóticos não curam a doença e possuem uma série de efeitos colaterais. Os representantes mais antigos, como haloperidol, podem causar rigidez ou espasmos musculares persistentes, tremores e inquietude. Os mais novos, como clozapina, podem resultar em ganho de peso, aumento do risco para diabetes e elevação dos níveis de colesterol, além de reduzir perigosamente as contagens de glóbulos brancos no sangue. Por este motivo, pessoas em uso de clozapina devem fazer exames de sangue de controle a cada 10-14 dias.

A resposta aos Antipsicóticos varia de uma pessoa para outra, mas a agitação e as alucinações costumam melhorar em poucos dias. Os delírios levam um pouco mais de tempo para serem controlados – cerca de 2-3 semanas. Infelizmente, é impossível prever exatamente qual será a reação e a resposta a um ou outro medicamento. Em muitos casos, é necessário modificar várias vezes o tratamento até se obter uma resposta satisfatória.

Logo no início do tratamento, a criança pode se tornar desanimada, queixando vertigens ao mudar de posição (p.ex.: ao levantar-se após permanecer sentada por um certo tempo), visão embaçada, aceleração dos batimentos cardíacos, alterações menstruais e hipersensibilidade da pele à luz do Sol. A maioria destes sintomas desaparece ainda nos primeiros dias de tratamento, mas algumas pessoas podem necessitar ajuste na dose ou mesmo troca do medicamento.

Da mesma forma que o diabetes e a hipertensão arterial, a Esquizofrenia Infantil é um distúrbio crônico e de cura desconhecida. Felizmente, com o uso correto das medicações, a freqüência das crises diminui bastante.

Apesar de todos os seus efeitos adversos, contra-indicações e interações com outros remédios, os antipsicóticos jamais devem ser suspensos sem orientação médica expressa. Para interromper o uso de um antipsicótico, o médico deverá ir diminuindo a dose aos poucos. A suspensão imediata quase sempre resulta em surtos de delírio, alucinações e paranóia.

Mesmo sabendo dos riscos, muitas pessoas com esquizofrenia não seguem as orientações medicas. Isto pode ocorrer por vários motivos: por não acreditarem que estão doentes, por não gostarem dos efeitos colaterais das medicações, por estarem em um estado mental tão desorganizado que simplesmente não se lembram de tomar os remédios todos os dias, etc. O suporte da família é extremamente importante neste sentido, ajudando a esclarecer a importância do tratamento e fiscalizando o uso adequado das drogas receitadas.

Qual o papel da psicoterapia na Esquizofrenia?

A psicoterapia é útil em crianças que já estejam estabilizadas e em uso de antipsicóticos. Ela melhora a capacidade de comunicação, eleva a auto-estima e facilita a sociabilização. O psicoterapeuta também pode ajudar aos pais a compreenderem melhor o problema e fazerem os ajustes necessários para estimular o desenvolvimento da criança.

A Esquizofrenia aumenta o risco de violência?

Assim como os adultos, crianças com esquizofrenia não possuem uma tendência maior para violência e boa parte delas prefere se deixada só. Vale lembrar que a maioria dos crimes violentos não é cometida por pessoas esquizofrênicas, e a maioria das pessoas esquizofrênicas não comete crimes violentos. Ainda assim, algumas crises de delírio e alucinações podem resultar em aumento do risco para comportamentos violentos. Daí a importância de seguir as orientações terapêuticas do médico responsável pelo caso.

Qual a relação entre Cigarro e Esquizofrenia?

A Nicotina é um vício extremamente comum entre os esquizofrênicos. Em média, o tabagismo é 3 vezes mais comum entre pessoas portadoras de Esquizofrenia em relação à população em geral (75-90% versus 25-30%).

O maior problema está no fato da nicotina interferir com a ação de várias drogas antipsicóticas. Pessoas com esquizofrenia que fumam em geral necessitam de doses maiores de medicação. Chegando à adolescência, os pais devem estar atentos para sinais de tabagismo, comunicando o fato ao médico responsável.

Parar de fumar pode ser um desafio especialmente difícil para pessoas com esquizofrenia: a abstinência do cigarro pode fazer com que os sintomas psicóticos piorem durante um certo período. A interrupção do tabagismo deve ser feita de modo gradual, com abordagens que utilizam suplementos de nicotina em doses cada vez menores. Durante todo o tempo, o médico responsável deverá monitorizar a resposta aos medicamentos antipsicóticos, fazendo os ajustes necessários para evitar descompensação da doença.

E quanto ao Suicídio?

Pessoas que sofrem de Esquizofrenia tentam o suicídio com uma freqüência bem maior que a população em geral, e com taxas de sucesso bem maiores. É difícil dizer qual pessoa com esquizofrenia possui ou não risco para suicídio, mas presença constante e atenciosa da família oferece um bom termômetro para isso. Havendo qualquer suspeita de idéias suicidas, a criança ou adolescente deve ser levada imediatamente para atendimento com um Psiquiatra ou Psicólogo.

Quais são as perspectivas para a Esquizofrenia?

Os recursos e os cuidados com a doença avançaram bastante nos últimos 30 anos. Apesar de ainda não existir uma cura, existem tratamentos eficazes. Hoje, muitas pessoas com esquizofrenia são capazes de levar vidas independentes e satisfatórias.

Pesquisas nos campos da genética e neurociência prometem uma maior compreensão das causas desta doença no futuro próximo, quem sabe até oferecendo pistas concretas sobre como preveni-la e desenvolvendo novos tratamentos capazes de permitir que as pessoas que sofrem de esquizofrenia atinjam seu pleno potencial.

Copyright © 2011 Bibliomed, Inc. 25 de Agosto de 2011