Artigos de saúde

Alcoolismo e seus riscos

© Equipe Editorial Bibliomed

Neste Artigo:

- Como se define o uso, abuso e dependência do álcool?
- Quais os níveis de risco do consumo de álcool?
- Quais os efeitos da ingestão excessiva de álcool?
- Quais as recomendações para o consumo de álcool?

Como se define o uso, abuso e dependência do álcool?

Quando se fala dos problemas relacionados com o álcool é importante distinguir os termos uso, abuso e dependência. A palavra uso refere-se a qualquer ingestão de álcool. A Organização Mundial de Saúde (OMS) usa o termo baixo risco de uso de álcool para se referir à ingestão de álcool dentro dos parâmetros médicos e legais, que geralmente não resulta em problemas relacionados à bebida. O abuso de álcool é um termo geral para qualquer nível de risco, desde a ingestão aumentada até a dependência do álcool. O abuso de álcool pode produzir danos físicos ou mentais à saúde, mesmo na ausência de dependência.

Já a dependência ao álcool é uma síndrome que consiste em sintomas relacionados ao funcionamento mental, comportamentais e psicológicos. O diagnóstico da dependência do álcool dever ser feito apenas se três ou mais das seguintes situações foram experimentadas ou exibidas durante um período de 12 meses:

  • Forte desejo ou senso de compulsão para beber;
  • Dificuldades em controlar a ingestão de álcool, em relação ao seu início, término, ou nível de uso;
  • Alteração psicológica quando o uso de álcool é cessado ou reduzido, ou o uso de álcool para aliviar ou evitar sintomas de alterações psicológicas.
  • Evidência de tolerância, como doses cada vez maiores para atingir os mesmos efeitos causados pelas doses menores anteriores;
  • Perda progressiva de interesse por atividades antes realizadas ou por outras fontes de prazer devido ao uso do álcool;
  • Uso contínuo mesmo com claras evidências das conseqüências danosas.

A dependência ao álcool afeta uma pequena, mas significativa, proporção da população adulta em muitos países (cerca de 3 a 5%), mas o abuso e uso arriscado do álcool geralmente afetam grande parte da população (15%-40%).

Quais os níveis de risco do consumo de álcool?

Assim como a identificação da condição de uso prejudicial ou dependência, é igualmente importante a compreensão do padrão de uso do álcool que produz riscos. Algumas pessoas podem ingerir a quantidade de álcool recomendada, mas em ocasiões particulares bebem em excesso. Tal ingestão pode alcançar o ponto de intoxicação de forma aguda e levar ao risco de lesões, violência e perda do controle, afetando outros e a si mesmos. Outras pessoas podem beber excessivamente de forma regular e, tendo estabelecido uma tolerância aumentada para o álcool, podem não apresentar um grande aumento nos níveis de álcool no sangue. Porém, o consumo excessivo crônico apresenta riscos a longo prazo, como lesões no fígado, certos cânceres e distúrbios mentais.

A Organização Mundial de Saúde elaborou um questionário contendo 10 questões para estratificar o risco do consumo de álcool, o AUDIT ("Alcohol Use Disorders Identification Test"). Este teste identifica quatro zonas de risco. A zona I se aplica à maioria das pessoas e indica um consumo de álcool de baixo risco ou então pessoas que não ingerem álcool. A zona de risco II engloba uma proporção significativa das pessoas, e consiste no uso de álcool em excesso, que corresponde a mais de 20g de álcool puro por dia, o que equivale aproximadamente a uma garrafa de cerveja ou duas taças de vinho. As pessoas que excedem esses níveis aumentam as chances de problemas de saúde relacionados ao álcool, como acidentes, lesões, aumento da pressão arterial, doença do fígado, câncer, e doença do coração, bem como violência, problemas legais e sociais, baixo rendimento no trabalho devido a episódios de intoxicação aguda.

A zona de risco III geralmente indica o uso prejudicial, mas pode também incluir pessoas já em dependência; essas pessoas já experimentaram os problemas relacionados com o excesso de álcool relatados acima. A zona IV é o nível mais alto de risco, e se refere a pessoas dependentes do álcool e que necessitam de atenção especial em centros especializados para a sua recuperação.

Quais os efeitos da ingestão excessiva de álcool?

O abuso do álcool pode trazer inúmeros efeitos em todo o corpo, incluindo alteração do comportamento e várias doenças graves como:

  • Agressividade, irritação, violência, depressão e nervosismo;
  • Dependência ao álcool;
  • Perda de memória;
  • Envelhecimento precoce;
  • Câncer de boca e garganta;
  • Resfriados freqüentes, risco aumentado de pneumonia e outras infecções;
  • Fraqueza do músculo cardíaco, insuficiência cardíaca, anemia;
  • Câncer de mama;
  • Doença do fígado, deficiência de vitaminas, sangramentos intestinais, inflamação do estômago e pâncreas, úlceras, vômitos, diarréia e desnutrição;
  • Tremor nas mãos, nervos dolorosos;
  • Impotência sexual nos homens;
  • Risco de malformação e bebês de baixo peso em mulheres grávidas.

Quais as recomendações para o consumo de álcool?

É recomendado não ingerir mais de dois drinks por dia, e até menos, caso haja uma tendência a sentir os efeitos do álcool com um ou dois drinks. Um drink padrão equivale a aproximadamente uma latinha de cerveja (330 ml a 5%), uma dose de whisky, gin ou vodka (40 ml a 40%), uma taça de vinho (140 ml a 12%) ou uma pequena taça de licor ou aperitivo (70 ml a 25%). Para minimizar o risco de desenvolver dependência, deve-se sempre evitar ingerir bebida alcoólica pelo menos dois dias na semana, mesmo que em pequenas quantidades. Recomenda-se também evitar a intoxicação aguda, que pode resultar de apenas dois ou três drinks em uma única ocasião.

É importante lembrar que existem situações nas quais mesmo um ou dois drinks já podem ser excesso, como por exemplo quando se vai dirigir ou trabalhar com máquinas pesadas e durante a gravidez ou aleitamento.

É recomendada a abstinência total para pessoas com as seguintes condições:

  • História de dependência de álcool ou outras drogas no passado;
  • Pessoas com doença mental grave atual ou passada;
  • Mulheres grávidas;
  • Pessoas em uso de medicamentos que requerem o não uso do álcool;
  • Falhas na tentativa de reduzir o consumo de álcool;
  • Doença do fígado ou pressão alta;
  • Presença de tremores pela manhã durante os períodos de ingestão excessiva.

Existem situações que podem levá-lo a ingerir grandes quantidades de álcool, como aquelas em que outras pessoas estão bebendo e esperam que você também beba (festas, saídas após o trabalho, etc); sentir-se entediado ou deprimido, especialmente nos finais de semana; após uma briga de família; sentir-se sozinho em casa. É importante identificar as situações que o levam a ingerir grande quantidade de álcool e tomar algumas medidas para evitá-las, como encontrar outras atividades (por exemplo, exercícios físicos), limitar o número das saídas após o trabalho para beber com os amigos, e procurar sempre ingerir a quantidade recomendada.

Copyright © 2007 Bibliomed, Inc.                                        04 de junho de 2007