Artigos de saúde
Em vários países em desenvolvimento, o recente declínio na 
prevalência do HIV/AIDS entre os jovens, acompanhado de 
sinais evidentes de mudanças nos comportamentos individuais, 
acenam com a esperança de controle desta epidemia:
 
l Na Tailândia, a incidência do HIV entre os jovens recrutados 
pelo exército diminuiu em 90% entre 1991 e 1995, 
depois que o governo adotou uma campanha abrangente 
de prevenção da AIDS (151).
 
- Em Lusaka, Zâmbia, a prevalência do HIV entre as mulheres 
de 15 a 19 anos caiu de 28%, em 1993, a 15%, em 
1998, sendo que declínios semelhantes ocorreram em certas 
áreas rurais (93, 424). 
 
- Em Uganda, vários estudos documentaram quedas na prevalência 
do HIV entre homens e mulheres jovens durante 
a década de 90 (14, 181, 254). 
 
- Também na Tanzânia foi observada a queda recente da 
prevalência do HIV entre os jovens (199). 
 
Apesar de poucos países terem realmente empreendido esforços 
para tratar da epidemia do HIV/AIDS, a experiência de 20 
anos demonstra que são necessárias abordagens estratégicas 
nacionais e não somente mais projetos para conter finalmente 
esta epidemia (162). Na Austrália, Brasil, Senegal, Tailândia 
e Uganda, os programas de prevenção da AIDS devem seu 
sucesso relativo em parte à colaboração entre o governo, 
setor privado e organizações não governamentais (ONGs) 
(150, 151, 243, 288, 406). Uma estratégia de combate à AIDS 
tem maiores chances de ser sustentável quando é incluída nos 
orçamentos nacionais e nas metas de desenvolvimento (62). 
Dentro de uma estratégia de prevenção da AIDS, é essencial 
combinar várias abordagens, entre elas: 
 
- Defesa e promoção da causa. Os esforços de defesa e promoção 
da causa informam e motivam os responsáveis
pelas políticas públicas e a sociedade como um todo, em 
nível tanto local, regional, nacional e internacional. 
 
- Educação e comunicação. A educação e a comunicação 
alertam os jovens sobre os riscos do HIV/AIDS e estimulam 
um comportamento mais saudável. Isto pode ser feito, por 
exemplo, por meio de programas nas escolas, campanhas 
nos meios de comunicação de massa, orientação dada por 
colegas ou companheiros e programas de trabalho comunitário. 
 
- Acesso aos preservativos. Os preservativos constituem o 
único método anticoncepcional que também previne 
contra a transmissão do HIV. Ao tornar os preservativos 
mais facilmente disponíveis aos jovens, pode-se ajudar a 
controlar a disseminação do HIV/AIDS. 
 
- Aconselhamento e exame voluntário e encaminhamento 
médico. O mero fato de saber qual é sua situação em termos 
do HIV pode levar a pessoa a um comportamento 
mais saudável. Além disso, na medida em que os trata-mentos 
tornam-se mais acessíveis, quanto mais cedo a 
pessoa se apresentar voluntariamente para receber orientação 
e submeter-se a exames, mais cedo ela poderá receber 
tratamento médico (156). 
 
- Melhoria da qualidade de vida dos jovens. Os esforços de 
prevenção da AIDS que focalizam a proteção da saúde dos 
jovens terão maior impacto se a eles se associarem outros 
esforços para melhorar também as condições econômicas 
e sociais dos jovens (7). 
 
Enquanto continuam os esforços para mudar o comporta-mento 
das pessoas, também começam a ganhar importância 
outros esforços para influenciar as normas sociais e dar poderes 
à comunidade para lidar com a epidemia. Os pesquisadores 
e responsáveis por políticas públicas reconhecem agora 
que o comportamento individual tem maiores chances de 
mudar quando o indivíduo recebe apoio da comunidade 
onde vive (7, 155, 156, 184, 223, 264, 329). 
 
 
Como criar um ambiente mais favorável 
 
O impacto da epidemia de AIDS teria se reduzido consideravelmente 
se os líderes políticos tivessem encarado a questão 
com maior seriedade e prontidão. Como observou a Sessão 
Especial sobre HIV/AIDS da Assembléia Geral das Nações 
Unidas em 2001: “É essencial contar com uma liderança
vigorosa em todos os níveis da sociedade 
para podermos responder a esta epidemia” 
(166). 
 
Nos países que enfrentaram o problema 
de forma eficaz, as diretrizes nacionais 
criaram um ambiente de apoio e estímulo, 
onde os projetos e programas 
podem funcionar e ser sustentáveis 
(156, 233). Em alguns países, os líderes 
reagiram de forma decisiva e contribuíram 
para equacionar o problema. Por 
exemplo, o sucesso de Uganda na luta 
contra o HIV/AIDS é freqüentemente 
atribuído em parte à liderança corajosa 
do Presidente Yoweri Museveni que 
reconheceu antecipadamente a seriedade 
da epidemia e deu forte estímulo aos 
esforços de prevenção (150). Na Índia, o 
primeiro-ministro instou os membros do 
parlamento a reconhecerem a epidemia 
como um dos mais graves problemas de 
saúde a assolar o país (247). l 
 
Na Tailândia, depois que os relatórios 
do levantamento de 1989 mostraram 
que o país atravessava os estágios iniciais 
de uma epidemia de AIDS, o 
governo reagiu adotando uma abordagem 
abrangente da questão. Esta abordagem incluiu uma ampla campanha de informação pública, 
esforços para diminuir as visitas aos bordéis, além de um programa 
para promover o uso universal e contínuo dos preservativos 
por todos os envolvidos no comércio do sexo 
(chamado de Programa de 100% de Uso de Preservativos) 
(149, 408, 414). 
 
Uma das mudanças mais dramáticas no comportamento individual 
provocadas pelos esforços do governo tailandês foi 
uma queda muito forte no número de jovens que procuravam 
as trabalhadoras do sexo para ter sua primeira experiência 
sexual (48). Agora, é quase universal o uso de preservativos 
pelas trabalhadoras do sexo cuja base de operação é um bordel, 
se bem que este uso continue incomum nos contatos 
sexuais informais ou fortuitos (155, 408). Mesmo assim, a 
vigorosa atuação da Tailândia conseguiu reduzir a prevalência 
do HIV/AIDS entre adultos a menos do que 2%, estimando-se que esta seria de 10–15% se não houvesse os esforços 
de prevenção (247).
 
No Camboja, depois que os relatórios do levantamento da 
situação em 1998 indicaram 40% de prevalência de HIV 
entre trabalhadoras do sexo, o governo copiou da Tailândia a 
estratégia “100% de 
Uso de Preservativos”. 
 
O resultado foi o 
aumento considerável 
do uso de preservativos 
nos bordéis. Em 
1997, cerca de 40% 
das trabalhadoras do 
sexo baseadas em bordéis 
usavam preservativos 
com seus 
clientes; em 1999, esta 
cifra já atingia o 
dobro, 80% (162). 
 
Da mesma forma, no 
Senegal, quando os 
primeiros sinais de 
HIV/AIDS ficaran patentes 
em 1986, o 
governo passou a enfrentar 
imediatamente
o problema, conquistando o apoio de grupos comunitários, 
trabalhando com líderes religiosos e introduzindo a prevenção 
da AIDS nos currículos das escolas primária e secundária. (Veja a
figura).
As campanhas de comunicação também chegaram ao 
público por meio do rádio, das mesquitas e dos mercados. 
Recomendou-se aos pais e outros adultos que discutissem o 
HIV/AIDS com seus filhos. Como resultado, a prevalência do 
HIV entre mulheres grávidas manteve-se inferior a 2% e não 
aparenta tendência de subida (288). Além disso, o uso de 
preservativos elevou-se consideravelmente entre os jovens.
Hoje, somente cerca de 10% dos jovens informam que não 
usam preservativos em contatos sexuais informais ou fortuitos. 
 
Já outros governos prejudicaram a prevenção da AIDS ao 
fazer declarações e assumir posições que perpetuam a falta 
de entendimento e a divisão da sociedade quanto à questão 
do HIV/AIDS e suas vítimas. Por exemplo, em 2000, o presidente 
da África do Sul, Thabo Mbeki, levantou dúvidas publicamente 
sobre o conceito de que o HIV causa a AIDS, isto 
num país onde existem mais pessoas infectadas pelo HIV do 
que qualquer outro país do mundo (162). Na Argentina, um 
projeto para melhorar a condição da saúde reprodutiva dos 
jovens—inclusive a prevenção do HIV—foi totalmente inter-rompido 
porque se tornou um ponto de discórdia durante a 
campanha eleitoral (241). 
 (Veja a figura).
Se mais líderes não começarem a falar francamente e a derrubar 
a barreira de silêncio, vergonha e culpa que cerca a 
questão da AIDS, não restará nenhuma esperança de 
empreender um esforço amplo e vigoroso contra a epidemia 
(162). A liderança do governo é particularmente importante 
para defender os jovens, que raramente ocupam posição de 
autoridade e não dispõem de espaço para falar em defesa de 
si próprios. 
 
Defesa e promoção da causa. A defesa e promoção da causa 
podem estimular ações efetivas em nome da saúde reprodutiva 
incluindo prevenção do HIV/AIDS (136, 378). As agências 
internacionais incluindo as Nações Unidas e suas várias 
agências podem fazer mais pela defesa e promoção da causa 
no tema da AIDS como um assunto de desenvolvimento global 
e incrementar o apoio internacional. Isto é particularmente 
necessário para focalizar nos jovens. 
 
Em alguns países, a atuação de grupos de defesa e promoção 
da causa tem grande potencial para beneficiar os jovens. Nas 
Filipinas, por exemplo, o trabalho de promoção de uma coalizão 
de ONG’s conseguiu a aprovação de leis que impedem 
a obrigatoriedade de exames de HIV, garantem o direito à privacidade e torna ilegal a discriminação dos portadores 
do HIV/AIDS (136). Este trabalho de promoção e defesa 
de direitos foi também o responsável pela aprovação da 
Lei de AIDS das Filipinas, de 1998, a qual estabelece os 
dispositivos legais que permitem o cumprimento da regulamentação 
em nível local (247). Existem grupos militantes 
que tentam introduzir em Botsuana um programa de 
educação sobre o HIV/AIDS nas escolas e, no Camboja, 
a educação de AIDS para garçonetes jovens de bares e 
clubes (112). No Nepal, existem grupos que defendem os 
direitos de adolescentes e das moças vítimas do tráfico de 
prostituição (56). 
 
O Projeto Centro-Americano de Prevenção do HIV/AIDS 
(PASCA) trabalha com o fim de sedimentar a colaboração 
entre parlamentares da região, permitindo o intercâmbio 
de informações sobre as questões relacionadas à AIDS. O 
projeto motivou líderes de Honduras, Nicarágua, Panamá 
e El Salvador a assinar a Declaração de San Salvador, 
que se concentra na abordagem das questões enfrentadas 
pela juventude (112). 
 
Alguns jovens portadores do HIV/AIDS começaram eles 
próprios a participar destes grupos de promoção e defesa 
(397). Na África do Sul, Nkosi Johnson, um garoto de 12 
anos que foi infectado quando nasceu, tornou-se uma 
voz convincente em defesa das crianças que vivem com
o HIV/AIDS. Depois que uma escola recusou sua matrícula 
por ser portador do HIV, ele conseguiu atrair a atenção do 
então presidente Nelson Mandela. Como resultado, o parlamento 
acabou aprovando uma lei que garante o direitos das 
crianças infectadas com o HIV, inclusive Nkosi, de freqüentar 
a escola (63). Nkosi morreu de AIDS em junho de 2001. 
Recursos. Continuam insuficientes os recursos alocados à 
prevenção do HIV/AIDS (403). Apesar de cada vez mais políticos 
reconhecerem publicamente o problema do HIV/AIDS, 
raramente os governos dedicam recursos suficientes para se 
empreender uma ação eficaz contra a epidemia (162). Na 
verdade, entre 1988 e 1997, enquanto o HIV se disseminava, 
a proporção entre o volume de recursos doados para a assistência 
e o número de portadores do HIV reduziu-se em mais 
da metade (16). 
 
Pior ainda, os recursos dedicados à luta contra a AIDS não 
estão atingindo aqueles que mais os necessitam. Apesar de 
95% dos portadores de HIV viverem em países em desenvolvimento, 
95% do volume total de recursos dedicados à prevenção 
da AIDS é gasto nos países industrializados (265). De 
acordo com a UNAIDS, é necessário dispor de 7 a 10 bilhões 
de dólares anualmente para a prevenção da AIDS e atendimento 
dos pacientes desta doença nos países de renda baixa 
e média, sobretudo na África. No entanto, gasta-se atualmente 
cinco vezes menos do que esta soma (163, 167). 1 
 
 
Educação sobre a AIDS 
Em junho de 2001, os estados membros participantes da Sessão 
Especial sobre a AIDS da Assembléia Geral das Nações 
Unidas decidiram “procurar garantir que, até 2005, pelo 
menos 90% dos jovens de idade entre 15 e 24 anos de ambos 
os sexos tenham acesso à informação e educação necessárias 
para desenvolver as habilidades vitais de que carecem para 
reduzir sua vulnerabilidade à infecção pelo HIV” (366). Uma 
forma de atingir esta meta, pelo menos em teoria, é por meio 
do sistema educacional de um país—sobretudo se os programas 
atingirem os alunos em idade ainda mais jovem, antes 
que muitos deles comecem a abandonar a escola (65). Na 
Conferência Internacional sobre a AIDS, realizada em Durban 
em 2000, o Simpósio “A Prevenção Funciona” recomendou 
que a educação sobre o HIV/AIDS comece o mais cedo possível, 
incluindo mesmo crianças de apenas cinco anos de 
idade (180). 
 
No entanto, existe muito desacordo quanto à educação sobre 
HIV/AIDS—inclusive o que ensinar, a que faixa de idade, em que ambientes, por 
quem, e com que finalidade. As pressões 
políticas geralmente mantêm a educação sexual—e, conseqüentemente, 
a educação sobre o HIV/AIDS—fora das salas 
de aula. A continuidade de certas atitudes quanto à sexualidade 
e o comportamento dos jovens acaba sendo uma obstrução 
à educação sobre a AIDS, mesmo quando já existe um 
compromisso assumido nacionalmente de tratar desta (329) 
(ver a pág. 11). Apesar destes obstáculos, alguns programas 
escolares parecem ter progredido razoavelmente, se bem que 
ainda existe pouca evidência como resultado de avaliações 
de programas (327).
 
Certas avaliações bastante abrangentes foram realizadas 
para examinar o impacto dos programas de educação sobre 
o HIV no mundo inteiro. No Canadá e nos EUA, os pesquisadores 
observaram que um terço dos 28 programas examinados 
tiveram o efeito de retardar a idade de iniciação sexual 
dos estudantes que deles participaram (191). Uma análise 
mais recente, que considerou os programas educacionais 
implantados em escolas da Namíbia, Nigéria, África do Sul e 
Zimbábue, observou que alguns dos programas contribuíram 
para retardar a iniciação sexual dos jovens, para diminuir o 
número de parceiros sexuais e para aumentar o uso de 
anticoncepcionais (430). Por exemplo, na Namíbia, um currículo 
que enfatizava a abstinência sexual e práticas sexuais 
mais seguras ajudou algumas alunas a retardar o início da 
atividade sexual mas não conseguiu aumentar a abstinência 
ou o uso dos preservativos de modo geral (437). No Brasil, 
os alunos que participaram de um programa de orientação 
sobre AIDS nas escolas declararam ter menos parceiros 
sexuais do que os alunos de escolas onde não havia o programa 
de AIDS (58).
 
Entre os mais importantes componentes dos programas de 
orientação da juventude sobre a AIDS está a abordagem da 
pressão exercida por colegas e amigos e das normas que estimulam 
o comportamento de risco (53, 190). Para mudar o 
comportamento arriscado dos jovens, é preciso não só dar-lhes 
informações mas também ensinar-lhes como recusar os 
convites sexuais e como negociar com seus parceiros sexuais.
 
Na Tailândia, um programa abrangente de orientação aos 
jovens incluía exercícios de resolução de problemas, representação 
de papéis e análise dos “elementos que provocam” 
o comportamento sexual arriscado (tais como consumo de 
bebidas alcoólicas). Este programa ajudou a alcançar uma 
queda de 50% de novos casos de HIV e a incidência das IST’s 
entre os jovens participantes do programa foi sete vezes inferior 
à incidência constatada em um grupo de controle que 
não recebeu orientação sobre a AIDS (49). 
Os pesquisadores conseguiram identificar quais são os principais 
elementos dos programas de orientação sobre o 
HIV/AIDS, baseados principalmente nos estudos realizados 
nos EUA (190, 191). Os programas com maiores chances de 
êxito são os que: 
 
- concentram-se na redução de comportamentos sexuais 
arriscados específicos; 
 
- usam abordagens teóricas, que já demonstraram funcionar 
na mudança de comportamento, como base para o desenvolvimento 
de programas; 
 
- passam uma mensagem clara sobre a atividade sexual e o 
uso de preservativos e continuam sempre a reforçar esta 
mensagem; 
 
- oferecem informações básicas e precisas sobre os riscos da 
atividade sexual dos adolescentes, sobre os métodos para 
evitar ter relações sexuais e sobre o uso de preservativos 
contra a infecção de HIV; 
 
- não ignoram a pressão de amigos e colegas e outras pressões 
sociais que incentivam os jovens a serem sexualmente 
ativos; 
 
- discutem modelos e práticas de comunicação, negociação 
e técnicas de recusa;
 
- usam uma variedade de métodos de ensino que envolvem 
os participantes e ajudam a personalizar a informação; 
 
- usam métodos e materiais de ensino adequados à idade, 
experiência sexual e características culturais dos alunos; 
 
- selecionam professores que acreditam no programa e os 
capacitam para serem mais eficazes. 
 
No entanto, ainda são necessárias mais avaliações sobre os 
programas de orientação sobre a AIDS praticados em países 
em desenvolvimento e dirigidos aos jovens, tanto dentro 
como fora das escolas (436). 
 
Os programas de orientação sobre HIV/AIDS devem ser adequados 
a cada faixa de idade. Por exemplo, os programas 
dirigidos a adolescentes mais jovens devem concentrar-se nas 
táticas para evitar ou adiar a prática sexual, enquanto que os 
dirigidos a adolescentes mais velhos devem incluir discussões 
sobre preservativos e outros métodos anticoncepcionais, além 
do estímulo à abstinência (7, 53, 193). Evidentemente, a 
orientação não pode ajudar os jovens que não conseguem 
evitar ou adiar sua prática sexual, mesmo que desejem fazer 
isto, por exemplo, as jovens traficadas para a prostituição ou 
estupradas em campos de refugiados. 
Educação dada pelos próprios companheiros. Muitas estratégias 
voltadas à juventude fazem da orientação dada pelos 
companheiros um aspecto essencial de sua abordagem (80). 
Talvez a meta mais importante da orientação dada por companheiros 
seja a de estabelecer parâmetros de comportamento 
aceitável. Quando os próprios jovens têm um papel a 
cumprir no desenvolvimento de normas sociais e de grupo 
que protegem contra a infecção pelo HIV, eles servem como 
modelos de conduta que inspiram a mudança de comportamentos 
(272).
 
A maior parte dos jovens acredita em educadores recrutados 
entre seus próprios companheiros, porque estes sabem como 
se comunicar com outros jovens e dão exemplos de comportamento 
nos quais os outros realmente acreditam. Os companheiros 
educadores também ajudam os outros jovens a 
aprender técnicas especiais tais como a negociação sexual e 
a auto-afirmação (65, 77, 80, 179). (Veja a
figura).
Para que os programas ministrados por companheiros educa-dores 
sejam eficazes, é essencial também capacitar estas pessoas, 
inclusive com sessões de acompanhamento que 
reforçam seu conhecimento, valores e habilidades (129, 194, 
347).A capacitação não só deve garantir que os companheiros 
educadores saibam como dar orientação sobre o 
HIV/AIDS, mas também que eles possam ver as coisas da 
perspectiva dos jovens que tentam alcançar (129). 
 
Historias de 
HIV/AIDS: Companheiros Educadores
Uma grande variedade de programas de AIDS que utiliza 
companheiros educadores em países em desenvolvimento 
consegue atingir os jovens, inclusive na Indonésia (139), Peru 
(431), Quênia (156), Tailândia (49, 85) e Zâmbia (285, 331). 
Apesar da evidência apresentada por avaliações ser ainda 
pequena, já foi constatado que os programas de companheiros 
educadores reduzem a incidência de IST’s, inclusive o 
HIV, modificam os comportamentos de risco e melhoram a 
saúde em geral (129, 179), inclusive entre os próprios companheiros 
educadores (269). Por exemplo, um programa de 
companheiros educadores dos EUA, voltado para os jovens, 
provocou um aumento de 45 a 55% no uso de preservativos 
entre os participantes pesquisados (272). No Peru, se não 
fosse o projeto de companheiros educadores denominado “Es 
Salud”, o uso de preservativos por parte da juventude na área 
do projeto teria sido 39% inferior (431). 
 
Imagina-se que a orientação dada por colegas, amigos ou 
companheiros seja mais econômica porque depende do trabalho 
voluntário. No entanto, seus custos podem elevar-se 
pois é preciso capacitar, apoiar, equipar e supervisionar os 
companheiros educadores (129). A alta rotatividade que ocorre 
entre companheiros educadores exige um recrutamento 
contínuo e o capacitação de substitutos. Além disso, os programas 
de educação por companheiros também necessitam 
de profissionais para orientar e dar apoio aos mesmos. Apesar 
de haver um consenso cada vez maior de que os companheiros 
educadores deveriam ser remunerados de alguma forma, 
a experiência adverte contra uma remuneração em excesso, 
que poderia distanciar os companheiros educadores de seu 
público (82, 129, 347).
 
Comunicação pelos meios de massa  
 
Os meios de comunicação de massa—especialmente a tele-visão 
e o rádio—alcançam grandes números de pessoas 
jovens em todo o mundo e exercem uma influência enorme. 
Um levantamento de escolares de 12 anos em 23 países, que 
dispunham de eletricidade em seus lares, mostrou que mais 
de 90% deles via uma média de 3 horas de televisão por dia 
(365). Em praticamente todos os países em desenvolvimento, 
a maior parte das mulheres de 15 a 19 anos têm acesso regular 
à televisão e rádio (45). Apesar dos jovens receberem 
muita informação sobre saúde reprodutiva nos programas de 
mídia de massa, na verdade muitos destes programas encorajam 
atitudes e comportamentos não seguros e passam uma 
imagem do sexo que valoriza correr riscos (23, 346). 
 
Cada vez mais, os grupos de saúde reprodutiva trabalham 
com a mídia de massa e a indústria do entretenimento para 
estimular apresentações mais corretas e saudáveis da questão 
sexual e para aumentar o nível de instrução entre os jovens 
com a utilização da mídia (263). Uma análise da Europa em 
1999 constatou que os meios de comunicação de massa promoviam 
uma discussão franca e aberta sobre a sexualidade 
responsável. As mensagens encorajavam a sexualidade saudável 
e não davam destaque ao medo e à vergonha (23). Nos 
EUA, o “Media Project” rende homenagem às organizações 
de mídia que incluem caracterizações precisas e honestas da 
sexualidade em seus programas (234). Na África do Sul, um 
programa da Soul City ajuda os jovens a entender que os programas 
de rádio e televisão nem sempre refletem a realidade 
e que os ouvintes e telespectadores devem examinar critica-mente 
o que vêem e ouvem na mídia (246). 
 
Como o entretenimento oferecido pelos meios de comunicação 
de massa é extremamente popular, ele pode atingir os 
jovens com informações positivas sobre a saúde. Em Uganda, 
por exemplo, a campanha “Sexo Seguro ou AIDS”, que estimulava 
os jovens a tomar decisões responsáveis sobre o 
HIV/AIDS, conseguiu alcançar 92% de seu público alvo 
(210). Em Zimbábue, uma campanha de comunicação semelhante 
atingiu 97% dos jovens pesquisados (182). Em Botsuana, 
a campanha de meios de massa “Tsa Banana”, que 
buscava melhorar a saúde reprodutiva dos adolescentes, atingiu 
cerca de 70% desta faixa de idade (114). 
 
A comunicação de massa pode ser um meio eficiente para 
alcançar e influenciar os jovens. Por exemplo, no Quênia, um 
programa de rádio que respondia a telefonemas de ouvintes 
jovens tinha um custo de apenas 3 centavos de dólar por ouvinte 
alcançado. Já o custo para fazer com que uma pessoa tome 
providências para melhorar sua saúde reprodutiva—por exemplo, 
visitando uma clínica de saúde—era de 12 centavos (188). 
 
Os programas de prevenção da AIDS podem usar uma grande 
variedade de meios, inclusive a dança, o teatro, o teatro de 
rua e os eventos esportivos, além da televisão, rádio e 
imprensa escrita. Os programas tais como “Africa Alive!” utilizam 
artistas populares e grandes nomes dos esportes para 
alcançar os jovens com mensagens sobre o HIV/AIDS (146, 
152, 159, 206). Diferentes canais de comunicação atingem 
públicos diferentes e as mensagens são mais eficazes quando 
reforçadas por vários canais de comunicação ao mesmo 
tempo (182, 210). 
 
A comunicação feita através dos meios de massa pode levar a 
um comportamento positivo de saúde. Em Zimbábue, por 
exemplo, os jovens atingidos por uma campanha que os estimulava 
a “responder não” às propostas sexuais tinham 2,5 
vezes mais chances do que os jovens não atingidos pela campanha 
de mudar seu comportamento sexual para melhor 
(182). Em Zâmbia, os adolescentes expostos a uma campanha 
de TV promovendo a abstinência e o uso do preservativo 
tinham 87% mais chance de usá-los. Além disso, os telespectadores 
tinham 46% mais chance de estar praticando a abstinência sexual ou de ter recomeçado a praticá-la 
(439). Em Uganda, o uso de preservativos discutido 
entre os próprios rapazes sexualmente ativos passou 
de 33% a 70% depois da campanha “Sexo Seguro 
ou AIDS”, e de 58% a 70% entre as moças (210). Na 
África do Sul, 38% dos jovens que viam o programa 
de TV, “Soul City”, informaram usar preservativos, 
comparados com 26% dos que não viam o programa 
(323). 
 
Os programas dos meios de massa não podem tratar 
de todos os aspectos da prevenção do HIV (114, 
210). A experiência mostra que os programas de 
comunicação mais eficazes combinam tanto os 
meios de massa como a comunicação interpessoal, 
tal como a educação por companheiros, ministrada 
em pequenos grupos (296). 
 
 
Uso de preservativos 
 
O aumento do uso dos preservativos é essencial 
para controlar a disseminação do HIV/AIDS. Os preservativos 
são os únicos métodos anticoncepcionais 
que oferecem proteção dupla: eles protegem contra 
infecções e contra a gravidez (veja o quadro na pág. 
20). Apesar da necessidade crescente, o apoio mundial 
de doadores à aquisição de preservativos diminuiu 
de US$68 milhões, em 1996, a US$38 
milhões, em 1999 (291).
 
A maioria das pessoas solteiras que têm relações 
sexuais não usa os preservativos. Por exemplo, em países 
pesquisados na região do sub-Saara da África, o percentual de 
mulheres sexualmente ativas mas não casadas, de idade entre 
15 e 19 anos, que declararam ter usado preservativo em seu 
encontro sexual mais recente, variou de 2% a 18% . Na Colômbia, Peru e Cazaquistão, entre um quinto 
e um terço usavam preservativos. O uso do preservativo entre 
homens jovens solteiros e sexualmente ativos era um pouco 
mais elevado. 
 
A melhoria do acesso aos preservativos poderá aumentar seu 
uso (66, 71). O marketing social dos preservativos—a promoção 
de comportamentos reprodutivos saudáveis e a venda de 
preservativos a preços subsidiados—aumenta tanto a demanda 
como a oferta dos mesmos (83, 95). O marketing social 
pode tornar os preservativos mais conhecidos, mais econômicos 
e mais disponíveis em lojas, farmácias e outros estabelecimentos 
varejistas. Em pesquisas, os jovens dizem que o 
setor privado—particularmente os pontos de vendas no varejo— 
são sua fonte preferida para o 
abastecimento de preservativos 
(224, 237).
 
Alguns programas de marketing 
social focalizaram com muito 
sucesso os adolescentes, inclusive 
o projeto Marketing Social 
para a Saúde Reprodutiva Adolescente 
(SMASH) levado a cabo 
em África do Sul, Botsuana, 
Camarões e Guiné . Este programa 
utilizava mensagens de rádio 
e televisão, indicando estabelecimentos 
simpáticos aos jovens e 
onde estes podiam comprar preservativos 
e ser aconselhados, e 
usando atividades de contato 
direto tais como programas de 
companheiros educadores ou atividades 
em clubes freqüentados 
por jovens. Como resultado da 
aplicação do projeto SMASH nos 
quatro países, aumentou a conscientização sobre os preservativos, enquanto que diminuíram 
as barreiras ao seu uso, tais como o receio de comprá-los e a 
dificuldade em discuti-los com um parceiro ou parceira (296). 
 (Veja a figura 03).
Alguns programas de marketing social estão conseguindo 
colocar à disposição o preservativo feminino, se bem que 
de forma ainda limitada. O preservativo feminino é um 
método anticoncepcional que a mulher pode controlar e 
que também previne contra o HIV/AIDS (117). A experiência 
com o marketing social dos preservativos femininos em 
Zâmbia e Zimbábue sugere que as mulheres necessitam 
de orientação considerável e de outros meios de apoio para 
continuarem a usá-los (5, 84, 258). Mesmo aos preços 
subsidiados do marketing social, os preservativos femininos 
ainda são muito mais caros que os masculinos e fora 
do alcance financeiro de muitos adolescentes (84, 291). 
Muitas organizações públicas colocam os preservativos 
masculinos à disposição gratuitamente, mas não os femininos 
(229).
 (Veja a figura ).
Leia o Anexo 04: Proteção dupla para evitar a gravidez e o HIV/AIDS 
(Clique aqui)
Busca voluntária de orientação, 
exame e encaminhamento 
 
Os exames preventivos de HIV/AIDS apresentam muitas vantagens, 
especialmente para os jovens, apesar de serem ainda 
raros em muitos países. Sobretudo na medida em que os tratamentos 
da infecção de HIV tornam-se mais disponíveis, os 
exames preventivos e sessões de orientação podem permitir 
um atendimento mais rápido, melhorar o controle médico das 
doenças relacionadas ao HIV e oferecer uma oportunidade de 
redução da transmissão perinatal do HIV. 
 
Ainda não se chegou a uma conclusão no debate para saber 
se o fato de submeter-se ao exame de HIV gera um comportamento 
mais seguro (404). Alguns pesquisadores mostraram 
que, quando ficam sabendo que são soropositivas, algumas 
pessoas infectadas modificam seu comportamento para evitar 
transmitir o HIV (385). Além disso, o início da terapia antiretroviral 
o mais rápido possível permite reduzir a carga viral 
(102) e pode, portanto, reduzir o risco de transmissão do HIV. 
Quando o resultado do exame é negativo, a pessoa pode 
sentir-se mais motivada a adotar um plano para evitar a infecção 
futura. 
 
No entanto, poucos são os jovens que se submetem aos exames, 
mesmo em países onde a epidemia de HIV/AIDS é mais 
grave. Existem várias razões para isto. Primeiro, muitos países 
têm poucos laboratórios de exames. Segundo, não existe tratamento 
para os portadores do HIV, então muitos se perguntam: 
para que fazer um exame? Terceiro, o estigma da 
infecção pelo HIV pode afastar muitos jovens, da mesma 
forma que faz com os adultos. Seja qual for a idade, muitas 
pessoas decidem não se submeter a um exame até que os sintomas 
comecem a aparecer ou até que um cônjuge, companheiro 
ou parceiro sexual morra de AIDS (433). Enquanto isto, 
estas pessoas podem estar transmitindo o HIV a outras pessoas, 
durante anos a fio. 
 
Entre os jovens, existem outras barreiras ao exame voluntário, 
as quais incluem a falta de informação, a impressão que muitos 
têm de que seu risco é muito baixo, a falta de confidencialidade 
dos exames, os custos, os problemas de transportes 
e a existência de leis exigindo a autorização dos pais (116, 
121, 286). Um estudo realizado nos EUA constatou que o 
número de adolescentes que fizeram exame de HIV/AIDS 
aumentou em 150% depois de extinta a exigência de autorização 
dos pais (235). Alguns países impõem restrições administrativas 
que podem desestimular a submissão voluntária ao 
exame de HIV (57). 
 
É essencial contar com a confidencialidade médica no caso 
dos exames de HIV. O direito à confidencialidade é reconhecido 
pela Convenção da ONU sobre os Direitos da Criança 
(202). No entanto, esta confidencialidade é freqüentemente 
comprometida. Por exemplo, no Quênia, quase um terço dos 
adolescentes pesquisados receberam os resultados de seu 
exame por carta ou por intermédio dos próprios pais, e não 
em uma consulta privada com um profissional de saúde 
(130). Na Rússia, os esforços para acompanhar o número de 
casos de portadores do HIV pode deixar rastros que compro-metem 
a confidencialidade (136). 
 
Os programas criados para aumentar o número de exames 
necessitam montar redes sólidas de encaminhamento que 
ajudem os jovens, seja qual for sua condição com relação ao 
HIV. Por exemplo, os locais de exames podem ter ligações 
com outros programas que ajudam os soronegativos a adotar 
planos para evitar os riscos, bem como com programas que 
ajudam os soropositivos a obter atendimento médico. Os exames 
voluntários também oferecem uma oportunidade de 
encaminhar os jovens a outros serviços de saúde reprodutiva, 
especialmente os voltados à prevenção da gravidez e trata-mento 
de IST’s. Mas os sistemas de encaminhamento são 
raros (130). Para poder encaminhar melhor os jovens, talvez
seja necessário contar com sistemas de avaliação, capacitação 
de pessoal e acompanhamento clínico em níveis ainda 
melhores do que para os adultos (311). 
 
Questões psicológicas e éticas. Um exame de HIV/AIDS 
deixa qualquer indivíduo nervoso e preocupado, particular-mente 
os jovens (185, 311). Se o resultado de seu exame for 
positivo, o jovem gostaria de continuar a crer na sua invencibilidade, 
porém tem que se confrontar com sua própria mortalidade. 
Poderá levar meses até que aceite sua condição e 
busque tratamento (337). No entanto, é animador constatar 
que os jovens com risco elevado de infecção de HIV são mais 
inclinados do que outros jovens a submeter-se aos exames e 
a voltar para saber dos resultados, talvez porque saibam que 
seu comportamento os coloca em risco (309, 383). 
 
Muitos jovens soropositivos necessitam de cuidados especiais 
e de orientação. No entanto, em muitos países, se é que a 
orientação sobre HIV/AIDS é oferecida, ela é oferecida em 
muitos dos locais onde se faz o exame somente em sessões 
únicas e curtas, sem oportunidade para discutir os problemas 
a fundo (286, 311). Muitos serviços de saúde reconhecem que 
a qualidade da orientação ou aconselhamento necessita ser 
melhorada (91). 
 
Os serviços e os profissionais de saúde podem lidar com as 
preocupações dos jovens quanto aos resultados dos exames, 
ao discutir com eles o processo e até ao representar possíveis 
situações, mostrando a eles como revelar os resultados a um 
parceiro ou aos pais, ou ainda como enfrentar os possíveis 
resultados do exame (337). Os serviços e profissionais de 
saúde podem também ajudar os adolescentes a preparar uma 
estratégia de manutenção da saúde, inclusive a adoção de 
práticas sexuais mais seguras. 
 
Muitos serviços ou profissionais de saúde não sabem muito 
bem ou não se sentem à vontade para tratar das questões de 
HIV/AIDS com os jovens. Alguns até se perguntam se podem 
legalmente examinar os jovens e oferecer serviços preventivos. 
Em Gana, uma das principais preocupações dos serviços 
de saúde era quanto à legalidade de oferecer anticoncepcionais 
aos jovens. Muitos temiam ofender certas normas adotadas 
pela comunidade (230). Existem também os serviços ou 
profissionais de saúde que não aprovam a atividade sexual de 
adolescentes e chegam a repreender os jovens ou a negar-lhes 
informações (133, 183, 237). Pior ainda, muitas clientes do 
sexo feminino já foram assediadas sexualmente por profissionais 
de saúde do sexo masculino (59). 
 
Pesquisadores dos EUA propuseram um conjunto de critérios 
para tornar os locais de exames ambientes mais acolhedores 
aos jovens (121). Apesar destes critérios se basearem em contextos 
econômicos e culturais específicos, eles também 
podem ajudar em outras partes. Para atrair mais jovens, um 
serviço de saúde especializado no exame de HIV deve: 
 
- demonstrar respeito pelos jovens, 
 
- oferecer exames gratuitos, 
 
- oferecer uma ampla gama de serviços dirigidos aos jovens, 
 
- garantir a confidencialidade, 
 
- não exigir o consentimento dos pais, 
 
- oferecer opções de exames orais ou com retirada de sangue, 
 
- ter localização conveniente, de fácil acesso por transporte 
público, 
 
- fazer somente as perguntas absolutamente necessárias, 
 
- ter pouca burocracia. 
 
Tratamento e atendimento relacionado ao HIV 
 
Para milhões de pessoas jovens que vivem com o HIV/AIDS, 
existe pouco tratamento e atendimento disponível. Na verdade, 
para a maioria dos jovens dos países afetados mais drasticamente 
pela epidemia de HIV/AIDS, não existe 
absolutamente nenhum tratamento. Apesar de haver maior 
disponibilidade de tratamento para outras doenças tais como 
as IST’s e as infecções oportunistas, muitos jovens não têm
condições de pagar por este tratamento. Além disso, não 
podem pedir ajuda financeira aos pais ou outras pessoas para 
não revelar que estão infectados (82). 
 
Leia o Anexo 05: Crianças órfãs devido à AIDS: um novo desafio 
(Clique aqui)
Por outro lado, os governos da maioria dos países em desenvolvimento 
afetados gravemente pela AIDS não dispõem do 
grande volume de recursos necessários para tratar os pacientes 
de AIDS. O Brasil reduziu à metade as mortes causadas 
pela AIDS ao oferecer medicamentos genéricos contra a 
AIDS, ao custo de 4.500 dólares por paciente por ano, 
enquanto que, nos Estados Unidos, medicamentos semelhantes 
custam de 12 a 15.000 dólares. Mas mesmo este custo 
reduzido conseguido pelo Brasil é muito superior ao que a 
maioria dos países africanos poderia pagar. 
 
Mesmo que os preços dos medicamentos de AIDS baixem 
consideravelmente, como prometido recentemente pelas 
grandes multinacionais farmacêuticas, os mais necessitados 
ainda assim serão incapazes de pagar por tais medicamentos 
(16). No entanto, houve esforços recentes para permitir a 
importação de medicamentos genéricos mais baratos, sem 
medo de que os fabricantes de produtos farmacêuticos 
movam processos de perdas e danos, o que acena com esperanças 
para o futuro. Em 2001, os maiores fabricantes de 
medicamentos de AIDS concordaram em desistir do processo 
que haviam movido contra o governo da África do Sul, o qual 
decidiu importar medicamentos mais baratos contra a AIDS 
(61). Vários outros países estão procurando fabricar seus próprios 
medicamentos contra a AIDS ou comprar versões genéricas 
dos mesmos. 
 
Para lidar com o HIV/AIDS entre os jovens, é necessário dispor 
de uma variedade de redes de assistência e encaminha-mento 
que possam lidar com seus problemas (132). Como no 
caso de outras doenças crônicas, é difícil seguir o regime rígido 
de tratamentos complexos e medicamentos contra o HIV, 
sobretudo quando se é jovem. Para manter os jovens no sis-tema 
de saúde, é essencial adotar uma abordagem equilibrada, 
ou seja, ajudar os jovens a resolver seus problemas 
pessoais e, ao mesmo tempo, adotar um plano realista de prevenção 
e atendimento (405). Os serviços e os profissionais de 
saúde têm que estar atentos à falta de maturidade dos jovens 
e à sua dificuldade em seguir planos de tratamento (311). Mas 
note-se que muitos provedores de serviços de saúde nunca 
receberam capacitação sobre o tratamento do HIV ou sobre 
como se preparar especialmente para atender clientes jovens 
(132, 324). 
 
Com o advento da terapia antiretroviral iniciou-se também 
um importante debate sobre os méritos relativos da prevenção 
em comparação com o tratamento e atendimento médico. 
Muitos países industrializados e vários países em 
desenvolvimento, entre eles o Brasil e a Coréia do Sul, têm 
recursos suficientes para dedicar ao tratamento e à prevenção. 
Mas outros países têm que decidir—o que é muito difícil— 
entre enfatizar a prevenção ou o tratamento, porque os 
recursos disponíveis para ambas as opções vêm da mesma 
fonte. Outros estão tentando uma solução intermediária (62). 
A prevenção ainda é o lema dos programas de HIV/AIDS dirigidos 
aos jovens, pois sua meta é tentar garantir que nenhum 
outro jovem seja infectado. Ao mesmo tempo, deve-se disponibilizar, 
sempre que possível, o tratamento do HIV/AIDS e 
das infecções oportunistas e a terapia antiretroviral. 
 
A questão do sustento dos jovens
Para ajudar os jovens a evitar o HIV/AIDS, é preciso também 
ajudá-los a melhorar as condições sociais que os colocam em 
risco. Certas iniciativas recentes buscam evitar as condições 
que estimulam a disseminação do HIV, aproveitando modelos 
implantados anteriormente de redução da pobreza (290, 
307). Estas iniciativas incluem: 
 
- Ajudar os jovens a encontrar emprego e aproveitar outras 
oportunidades;
 
- Oferecer crédito e outros tipos de assistência financeira 
para que possam receber capacitação profissional e aprender 
técnicas de desenvolvimento de negócios; 
 
- Criar instituições, alianças e redes que se dediquem a melhorar 
as habilidades econômicas da juventude; e 
 
- Promover mudanças políticas e sociais que ajudem a melhorar 
as condições de vida das pessoas. 
 
Apesar de existir uma ampla gama de programas que tratam 
do sustento dos jovens, a maioria deles é de pequeno porte 
(307). Só mais recentemente eles começaram a interligar a 
prevenção do HIV/AIDS com outras atividades. Muitos deles 
concentram-se na assistência a crianças que o HIV/AIDS deixou 
órfãs (veja o quadro na página ao lado). Outros oferecem 
orientação e treinamento profissional, como na Tailândia, 
onde são concedidas bolsas de estudo a jovens para evitar 
que sejam vendidas à prostituição e permitir que voltem para 
a escola (176). 
 
Alguns projetos de garantia da subsistência dos jovens oferecem-lhes oportunidades para iniciar seus próprios negócios, 
pagar taxas escolares ou comprar alimentos (67, 290). Em 
Bangladesh, a ONG “Action AIDS” ajuda jovens do sexo 
feminino a se tornarem mini-empresárias. Em 1998, cerca de 
547 mulheres receberam empréstimos para iniciar micro-empresas 
(76). Na Índia, a organização filantrópica “Deepak 
Charitable Trust” assume a operação de clínicas onde jovens 
de ambos os sexos podem receber informações sobre a saúde 
reprodutiva, inclusive sobre o HIV/AIDS (429). 
 
Mas alguns programas podem se deparar com problemas 
se não forem muito bem concebidos. Por exemplo, no 
Quênia, um grupo de mulheres soropositivas recebeu 
empréstimo para levar adiante um projeto agrícola, mas 
depois da colheita ninguém queria comprar seus produtos 
(67). Além disso, empréstimos feitos a jovens podem gerar 
questionamentos éticos e legais, tais como: deve-se permitir 
a um jovem que assuma uma dívida? O que os jovens podem 
dar como garantia do
empréstimo? E como 
proteger o crédito oferecido 
aos jovens contra 
certos adultos 
inescrupulosos? (25) 
 
O impacto das abordagens 
centradas na 
questão do sustento 
e subsistência dos 
jovens pode variar 
consideravelmente 
Ele depende dos fatores 
que motivamos 
adolescentes a correr 
riscos sexuais e da probabilidade 
de exposição 
ao HIV/AIDS. 
 
Mesmo assim, estas 
abordagens podem 
ser complementos importantes 
a outros esforços 
tais como os 
de educação sexual, 
comunicação pelos 
meios de massa e 
orientação e aconselhamento. 
E na medida 
em que o relacionamento 
sexual dos 
jovens ligar-se às suas 
necessidades econômicas, 
as abordagens 
de sustento e subsistência 
podem ter um 
papel crucial.  (Veja a figura ).
Population Reports is published by the Population Information Program, Center for Communication Programs,
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