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Neste Artigo:
- O Que é o Câncer
de Pênis, Incidência e Fatores de Risco
- Relação com Fimose e Circuncisão
- Diagnóstico
- Prevenção
- Tratamento
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Tema
"O câncer de pênis é um tipo de neoplasia bastante rara, mas está relacionada
aos hábitos de higiene e de comportamento sexual, podendo ter sua incidência bastante
reduzida com a educação da população. O tratamento também é eficaz, mas é
fundamental que o diagnóstico seja feito o mais cedo possível".
O Que é o
Câncer de Pênis, Incidência e Fatores de Risco
O câncer é uma doença caracterizada pelo crescimento anormal das células. Também
entendido como 'neoplasia maligna', o câncer que atinge o pênis é, na realidade, uma
doença relativamente rara, que acomete homens mais velhos, geralmente a partir quinta ou
sexta década de vida. O seu risco, segundo estudos já realizados, é algo em torno de 1
para cada 600 ou 1300 homens, mas esta taxa é variável, de acordo com a região, pois
este tipo de câncer se associa com a situação sócio-econômica da população
atingida, o que envolve hábitos de higiene e comportamento sexual de risco.
Quando falamos de Brasil, a doença representa cerca de dois por cento do total das
neoplasias do homem e é cerca de cinco vezes mais comum nas regiões Norte e Nordeste, em
relação às regiões Sul e Sudeste. Nestas regiões de maior prevalência, os tumores de
pênis chegam a superar, em número, as neoplasias da próstata e bexiga.
Em um estudo realizado no estado do Pará, na sua capital, Belém, efetuou-se a análise
de 346 pacientes tratados no serviço de urologia do Hospital Ofir Loiola (HOL). Este é o
único hospital que trata de câncer no estado e a pesquisa foi realizada entre janeiro de
1990 e setembro de 1999, usando dados do Arquivo Médico e Estatístico (SAME) do HOL.
Observou-se que a faixa etária mais acometida por esta afecção, com cerca de 65 por
cento do total de pacientes, foi entre os 40 e 69 anos de idade. A maioria dos pacientes,
cerca de 63 por cento, vinha de regiões interioranas e apenas 24 por cento era da zona
metropolitana. Em mais de 80 por cento dos casos, os pacientes demoraram mais de sete
meses para realizar o diagnóstico, após terem percebido a primeira lesão. Concluiu-se
que a falta de circuncisão e hábitos de higiene precários foram as principais
condições associadas, estando presentes em 70 por cento dos casos.
A taxa de morbidade - quantas pessoas atingidas pelo câncer morrem em função dele - é
relativa ao estágio em que ele começa a ser tratado, explica o Dr. Gustavo Cardoso
Guimarães, que defende tese de mestrado em câncer de pênis pelo Centro de Tratamento e
Pesquisa do Hospital do Câncer A. C. Camargo de SP, da Fundação Antônio Prudente.
"Quando identificado cedo, as chances de cura são grandes", explica o médico
em entrevista exclusiva a esta reportagem. O problema, explica o especialista, é quando o
câncer atinge o sistema linfático e obriga, no tratamento, a se optar pela cirurgia,
onde são extraídos os gânglios comprometidos. "Se ele não for tratado, pode levar
à morte em cerca de dois anos", adverte.
Embora se saiba que existe uma predisposição genética para o desenvolvimento do
câncer, é difícil pré-determinar quem a possui ou não. "Existe pouca pesquisa em
torno disso, por causa da baixa incidência nos países onde os centros de pesquisa são
mais avançados...", acusa o Dr. Gustavo.
Relação com Fimose e Circuncisão
Há também uma relação com a fimose (incapacidade de expor completamente a glande, ou
seja, descobrir a cabeça do pênis, com o pênis flácido ou ereto, o que dificulta a
higiene local) e a circuncisão (retirada do prepúcio, cirurgia comum entre os judeus,
por motivo religioso e cultural), que vem sendo cada vez mais estudada.
Em 1993, por exemplo, o Dr. Christopher Maden, Ph.D., reportou um estudo com 110 homens
com câncer de pênis. Destes, 22 tinham sido circuncisados ao nascer, 19 durante a vida e
69 não haviam sido, o que levanta a hipótese de que a circuncisão possa ser um agente
preventivo do câncer de pênis. Quando o câncer ocorre em homens circuncisados, ele
geralmente aparece na linha da cicatriz, e, em função disso, estabeleceu-se a hipótese
de que a cicatriz facilitaria a penetração do HPV - Papiloma Vírus Humano.
No entanto, conforme a American Cancer Society, publicação de Junho de 1999, a
circuncisão não é considerada benéfica para a prevenção ou redução dos riscos de
câncer de pênis. O câncer de pênis é incomum na Europa e na América do Norte,
ocorrendo, nestas regiões, em 1 a cada 100.000 homens adultos. Nos Estados Unidos, a
previsão para 2001 é que ocorra, para toda a sua população de mais de 250 milhões de
habitantes, cerca de 3000 casos, resultando em algo em torno de 300 mortes.
Diagnóstico
O diagnóstico do câncer de pênis é, via de regra, clínico, obtido através do exame
médico. Obtém-se uma confirmação pela biópsia, que consiste na retirada de uma
amostra do tecido atingido e sua análise em laboratório.
O principal sintoma do câncer de pênis é a presença de uma ferida na pele, na ponta
(cabeça) do pênis, ou seja, na glande. Esta ferida, explica o Dr. Gustavo, é pouco
dolorosa e por isso se diferencia das DSTs (Doenças Sexualmente Transmissíveis, como
herpes, sífilis, gonorréia, entre outras). "A ferida típica do câncer é mais
exuberante e menos dolorida que as provocadas por DSTs", ensina o médico, que
complementa dizendo que as feridas do câncer também demoram em cicatrizar. Sempre que
houver dúvida, no entanto, o médico pedirá uma biópsia. O especialista insiste que,
aparecendo qualquer ferida no pênis, o certo é procurar logo assistência médica. As
especialidades mais indicadas são urologia ou oncologia.
Prevenção
Sendo as condições relacionadas ao câncer de pênis, em ordem de importância, os
hábitos de higiene genital; o comportamento sexual de risco, causador do HPV; e a
circuncisão, conclui-se que este é um tipo de câncer é fácil de prevenir, dependendo
principalmente de investimentos em educação. No entanto, acusa o Dr. Gustavo, sua baixa
prevalência não estimula campanhas nacionais de prevenção. Esta deveria ser uma medida
localizada por regiões e focada nos hábitos de higiene e de comportamento sexual,
atendendo a várias doenças e não apenas ao câncer de pênis.
Independente do homem ser ou não circuncisado, bons hábitos de higiene reduzirão muito
a chance de que desenvolva uma neoplasia no pênis. "Aquela sujeirinha branca,
chamada esmegma, que se forma em torno da glande, precisa ser removida diariamente, pois
ela é irritativa tanto para o homem quanto para a sua parceira sexual", ensina o
especialista Dr. Gustavo.
O avanço na prevenção e tratamento do HPV também deve resultar em redução na
incidência do câncer. É constatada a presença de HPV, segundo o Dr. Gustavo, em cerca
de 50% dos homens que desenvolveram câncer de pênis. Ainda que isso não estabeleça uma
relação direta de causa entre o HPV e o câncer, a redução do índice de HPV
certamente teria algum impacto sobre a incidência de câncer de pênis. O HPV atinge
cerca de 30% da população. Nas mulheres que desenvolvem câncer de colo de útero, cerca
de 95% também acusa presença de HPV.
Tratamento
O tratamento do câncer de pênis é decidido pelo médico em função do seu estágio.
Pode-se optar por tratar com medicamentos aplicados no local (apenas para estágios muito
iniciais) radioterapia, cirurgia, amputação parcial ou total do órgão. O recurso da
quimioterapia é menos freqüente e depende da presença de metástases e outras
variáveis. Como já dito, no caso do câncer ter atingido o sistema linfático, a
cirurgia para extração dos gânglios afetados também se faz necessária.
Estes tratamentos não costumam afetar definitivamente a fertilidade, mas, nos casos de
amputação, podem afetar a vida sexual do paciente, tornando-o impotente. O Dr. Gustavo
insiste em afirmar que, quanto mais cedo o paciente procurar tratamento, melhores são as
suas chances de sobreviver ao câncer e menos agressivos serão os tratamentos pelos quais
ele terá que passar. "O diagnóstico precoce é fundamental", afirma o médico
do Hospital do Câncer.
Copyright © 2005 Bibliomed, Inc. 13 de Junho de 2005.
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