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Neste Artigo:
- Automedicação: Risco Desnecessário
-
Intoxicações Medicamentosas Acidentais: Um Risco Para as Crianças
- Cuidados Para Reduzir o Risco
de Intoxicações
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Tema
"Ter medicamentos em casa pode parecer uma questão de previdência. No entanto,
sua má armazenagem ou o fácil acesso de crianças a eles também pode se tornar um
grande problema".
Automedicação: Risco Desnecessário
De todos os conselhos que se ouvem quando se fala em medicamentos o primeiro e o mais
gritante é, sem dúvida, "Não tome medicamentos sem o conhecimento do seu médico,
pode ser perigoso para sua saúde". Um site voltado aos farmacêuticos abre sua
página citando Paracelsus (1493-1541): "Todo medicamento é potencialmente um
veneno: o que distingue um medicamento de um veneno é tão somente a dose". Não é
à toa que tanta advertência é feita. Dados do Centro de Assistência Toxicológica
(Ceatox), da Universidade de São Paulo (USP) indicam que dos 3211 casos de intoxicação
registrados em 1998, 40% foram provocados por medicamentos. Os farmacêuticos atribuem
isso aos altos índices de automedicação praticados no país.
Para citar apenas uma informação, que, embora bastante localizada, ilustra bem a
questão: de acordo com uma pesquisa realizada pela Universidade Paranaense (Unipar), na
cidade de Paranavaí, de 52 a 64% da população local se automedica. De acordo com os
acadêmicos que realizaram a pesquisa, a maioria destas pessoas faz uso de analgésicos
sem prescrição médica e 6% da população procura indicações de remédios com amigos
ou vizinhos. Este último dado se confirma pela afirmação de que 37% dos entrevistados
costumam indicar remédios para conhecidos. Entre os entrevistados, 69% disseram que
procuram profissionais para resolver seus problemas de saúde, ao passo que 25% afirmam
buscar indicações diretamente na farmácia.
A pesquisa ouviu 573 pessoas, divididas em faixa etária, sexo e poder aquisitivo. Uma
curiosidade: embora 62% das pessoas afirmem tomar analgésicos por conta própria, 64%
dizem que não praticam automedicação. Sobre os resultados da pesquisa, a coordenadora
do curso de Farmácia e Farmacologia da Unipar, Érica Peliascov Pereira, alertou que
"os organismos das pessoas são diferentes e quando um medicamento cura um
determinado paciente, não quer dizer que o mesmo remédio vá agir de maneira eficaz para
outra pessoa". Segundo a especialista, mesmo o analgésico, quando usado
indiscriminadamente, pode causar danos ao organismo.
Estas informações muito nos dizem sobre o hábito de comprar e guardar medicamentos em
casa, mantido pela grande maioria das pessoas. A armazenagem inadequada, porém, pode ser
um dos grandes motivos de intoxicações e interações medicamentosas, seja pelo alto
índice de automedicação praticado, seja pelo consumo de medicamentos deteriorados em
função da má armazenagem, ou ainda pelo fácil acesso das crianças às farmácias
domésticas.
Intoxicações
Medicamentosas Acidentais: Um Risco Para as Crianças
Outra advertência comum no que se refere aos medicamentos diz respeito a sua
armazenagem fora do alcance das crianças. Além disso, os profissionais indicam que se
deve observar a dosagem adequada a ser administrada aos pequenos, e lembram que remédios
para adultos podem ser perigosos quando dados para crianças.
De acordo com a pediatra Patricia Dahan, em artigo publicado na Internet, as
intoxicações constituem um problema de grande importância em Pediatria, principalmente
em crianças entre 9 meses e dois anos. "Nessa idade a criança já engatinha ou
anda, sabe abrir armários, frascos e tampas. Tudo para ela é uma fantástica descoberta:
frascos coloridos, etiquetas com desenhos, comprimidos de tamanhos e cores diferentes,
sabores atrativos, principalmente quando se trata de medicação pediátrica... Os pais
costumam demorar a perceber que o bebê da casa cresceu e que já consegue ter acesso
sozinho a esses 'perigos'", avalia a médica no artigo.
De acordo com a médica, a hora das refeições ou as horas que as precedem são as mais
perigosas do ponto de vista toxicológico, pois a criança está com fome e a mãe (ou a
babá) está mais ocupada com os afazeres domésticos e com isso relaxa a vigilância.
"Intoxicações são mais freqüentes em casas desorganizadas, mal arrumadas e em
famílias numerosas (mais de três crianças)", afirma a pediatra.
A Dra. Patrícia explica que os sintomas de uma intoxicação podem ser muito variados e
dependem da natureza da substância ingerida. Entre eles, ela cita as alterações
oculares (midríase ou miose que são: aumento ou diminuição no tamanho da pupila
respectivamente); a secura da boca ou aumento da salivação, sonolência, sudorese fria,
náuseas, vômitos, diarréia, tremores musculares, convulsões, dor de cabeça (em
crianças maiores), delírios, alucinações etc...
Muitas vezes os pais não sabem qual a quantidade ingerida ou até mesmo se realmente
houve ingestão de substância; na dúvida, devem procurar um serviço de emergência,
recomenda a especialista. "Uma lavagem gástrica ou outro procedimento feito o mais
prontamente possível poderá evitar que complicações graves ocorram", complementa.
Cuidados Para Reduzir o
Risco de Intoxicação
A Dra. Patrícia selecionou uma série de dicas para evitar as oportunidades de
intoxicação medicamentosa dentro de casa. "Esses cuidados são de extrema
importância e podem evitar o pior; no entanto não se esqueça que a vigilância absoluta
é imprescindível até que a criança tenha idade suficiente para poder discernir o
perigo", recomenda.
Outros profissionais da área farmacêutica também acrescentaram dicas e informações a
respeito da armazenagem de medicamentos que podem ser úteis na prevenção de acidentes.
Eles alertam os pacientes para que tenham em mente que o medicamento é apenas um auxiliar
terapêutico e que a cura da doença depende da habilidade do médico, da consciência do
farmacêutico e sobretudo, da aderência ao tratamento pelo paciente.
1. Armários com remédios, xampus, cremes, produtos de limpeza, inseticidas, graxas de
sapato e outros produtos químicos devem ser trancados à chave ou cadeado, ou ainda
localizar-se em altura suficiente, fora do alcance das crianças.
2. Nunca use recipientes de alimentos para guardar produtos de limpeza ou inseticidas (A
Dra. Patrícia conta que já presenciou a morte de uma adolescente que tinha ingerido
veneno de rato achando que era adoçante).
3. Esqueça de vez "a automedicação". Lembre-se: o remédio que você usa ou
aquele que o filho da sua vizinha toma, pode ser prejudicial para o seu filho.
4. Procure sempre ter um único pediatra de sua confiança para o seu filho (evite assim
as receitas absurdas e sobrepostas);
5. Se você trabalha e alguém cuida do seu filho durante esse tempo, faça essa pessoa
ler esse artigo, e deixe sempre anotado o endereço e telefone de um pronto socorro de sua
preferência... faça tudo para evitar perdas de tempo!
6. Não utilize medicamentos após o término do tratamento. Observe ainda as datas de
validade dos medicamentos armazenados em casa, assim como antes de compra-los.
7. Medicamentos em cápsulas: a quantidade contida na embalagem deve ser a mesma
indicada.Examine se existem manchas na superfície, isto indica deterioração do
medicamento ou da cápsula examine a existência de cápsulas vazias ou com rachaduras
(trincados); cápsulas pegajosas indicam excesso de umidade em contato com a cápsula.
Verifique se a embalagem está bem fechada.
8. Supositórios: quando mal armazenados podem desmanchar (excesso de calor); Manchas
presentes na superfície podem indicar deterioração; Procure conservar em local bem
fresco ou sob refrigeração leve (no refrigerador na parte inferior).
9. Pomadas e Cremes: Partes com coloração e consistência diferente; Quando ocorrer
separação da parte líquida e sólida. Quando vazar através da tampa ou estufar a
bisnaga. Verifique se há gases no interior da bisnaga.
10. Comprimidos: Desprezar comprimidos quebrados ou faltando partes, se desmanchando ou se
esfacelando facilmente; A quantidade de comprimidos na embalagem deve ser igual ao número
indicado na mesma.
11. Xaropes e medicamentos líquidos: Fique atento à presença de substâncias sólidas
no fundo do frasco ou no líquido, a qualquer cheiro diferente ou desagradável, à
possíveis mudanças de coloração, aos frascos com tampa estufada, às embalagens ou
bulas molhadas. No caso de suspensões (líquidos com partículas minúsculas que quando
em repouso ficam depositadas no fundo do frasco), observe se ao serem agitados não ficam
homogêneos.
12. Soluções injetáveis (ampolas, frascos, etc): Observe a presença de partículas
sólidas no líquido, vazamentos e qualquer coloração anormal. Evite expor a solução
à luz solar direta. Quando for tomar medicamentos injetáveis, tenha sempre consigo a
receita médica (não se deve tomar medicamentos injetáveis sem receita médica). Observe
as condições higiênicas da sala, a presença de pessoa habilitada e o uso de materiais
descartáveis.
13. Antibióticos: siga corretamente a posologia prescrita pelo médico e não o utilize
indiscriminadamente. Leve em conta o perigo de resistência bacteriana.
14. Se ocorrer ingestão simultânea de vários medicamentos, procure orientação médica
ou de um farmacêutico habilitado, pois estes profissionais são os únicos que poderão
dizer se haverá interação entre as drogas, aumentando ou diminuindo seus efeitos.
15. Não troque nem guarde a bula de um medicamento na caixa de outro, pois esta atitude
pode levar a ingestão errônea de medicamentos e posologias não recomendadas, causando
intoxicações.
16. Na farmácia ou drogaria, procure pelo farmacêutico habilitado e extraia dele o
máximo de informações possíveis sobre o medicamento prescrito pelo médico, tais como
possíveis interações medicamentosas, posologia correta, reações adversas e,
sobretudo, a importância da aderência ao tratamento.
17. Evite a compra de medicamentos anunciados pela TV ou rádio, pois só um profissional
habilitado, um médico, tem condições de saber se você precisa ou não tomar um
medicamento. Se for um medicamento de venda livre, oriente-se com o farmacêutico.
18. A maioria dos medicamentos é sensível à luz. Conserve-os na sua embalagem original,
que já foi extensivamente testada para proteção do produto. É realmente importante que
todo e qualquer medicamento fique abrigado da luz direta.
19. Outro grande mal na armazenagem dos medicamentos é a umidade. Mesmo as soluções
devem ser protegidas da umidade, pois esta tem efeito deletério sobre a rotulagem do
produto. Logo, mantenha os medicamentos em local seco, preferencialmente em prateleiras,
afastados das paredes.
20. O calor também precisa ser evitado. A princípio, todo medicamento deve ser mantido
em temperaturas abaixo dos 25ºC. No entanto, vários medicamentos requerem condições
indicadas de temperatura e transporte. Leia as embalagens com atenção: elas devem conter
as condições indicadas de armazenagem.
21. A limpeza é essencial em qualquer situação. Mantenha os medicamentos livres de pó,
partículas, mofo, etc.
22. Os medicamentos devem ser armazenados isoladamente dos cosméticos, produtos de
limpeza, perfumarias, e outros produtos químicos.
23. Medicamentos devem ser guardados em salas protegidas da entrada de insetos, roedores e
aves. Periodicamente, promova a sanitização do local, tendo o cuidado de proteger os
medicamentos do contato com substâncias utilizadas na sanitização. Uma opção é
colocar telas finas nas janelas, para evitar a entrada de insetos e outros animais.
Deve-se evitar a colocação de ralos no local de armazenagem de medicamentos.
24. Durante a gravidez e a amamentação, os cuidados com a ingestão de medicamentos
devem ser redobrados: durante a gestação, a mulher deve evitar a ingestão de
medicamentos, álcool, fumo, cafeína e drogas em geral. Alguns medicamentos podem causar
problemas para o bebê. O médico deve sempre ser consultado antes da ingestão de
qualquer medicamento.
25. Alguns medicamentos são inadequados para quem dirige ou opera máquinas, pois
retardam os reflexos. O farmacêutico pode dar indicações a respeito disso.
26. A bebida alcoólica nem sempre combina com o uso dos medicamentos, pois pode
interferir na sua absorção e efeito, podendo potencializa-lo ou promover efeitos
tóxicos.
Copyright © 2003 Bibliomed, Inc. 22 de Setembro de 2003.
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