Artigos de saúde
Neste Artigo:
- Maior Quantidade
de Remédios Favorece Efeitos Adversos no Organismo
- Administração
dos Medicamentos Tem Influência Decisiva
- Idosos São os Mais Atingidos
- Boas Condições de Saúde
Evitam as Interações
- FDA Faz Advertência,
Mas Consumo da Erva de São João Continua
- Substâncias
do Álcool e do Cigarro Interagem com Medicamentos
- Veja Outros Artigos Relacionados ao
Tema
"A influência de um medicamento sobre o outro no organismo, provocando o que se
chama de interação medicamentosa, na maioria das vezes reverte em prejuízos para os
pacientes. Uma boa saída para evitar alterações é analisar com mais profundidade os
hábitos do paciente no dia-a-dia. Isso porque as interações medicamentosas não são
provocadas apenas pela relação medicamento-medicamento. Fatores externos como a
poluição ambiental, além da alimentação, tabaco e as próprias doenças já
existentes no organismo do paciente, podem resultar em efeitos inesperados quando
associados a outras drogas".
Maior
Quantidade de Remédios Favorece os Efeitos Adversos no Organismo
O aparecimento no mercado de novos tipos de medicamentos para o tratamento de diversos
tipos de males tem contribuído para ampliar a quantidade de interações medicamentosas
entre as pessoas que ingerem mais de um tipo de remédio. A interação medicamentosa
ocorre quando há influência recíproca de um remédio sobre o outro. Isso porque quando
um deles é administrado sozinho produz o efeito quase sempre esperado pelo médico. Já
quando é receitado junto com outras drogas, ervas ou até mesmo alimentos, pode não ter
o resultado que se deseja, o que caracteriza a interação. As interações
medicamentosas, no entanto, não causam apenas efeitos maléficos ao organismo do
paciente, retardando o tratamento.
Estudos comprovaram que a consorciação entre o ácido acetilsalicílico, princípio
ativo da conhecidíssima aspirina, e a dipirona, por exemplo, aumentam os efeitos
terapêuticos. Até mesmo a ingestão de cafeína, contida no tradicional cafezinho, pode
potencializar o efeito da aspirina no combate à dor de cabeça, outro exemplo de
interação comprovado em estudos recentes.
Entre as principais causas da ocorrência de interações medicamentosas está a
prescrição de vários medicamentos para serem tomados ao mesmo tempo pelo mesmo
paciente. Segundo estimativas, os casos variam em até 5% para os pacientes que fazem uso
de diversos tipos de medicamentos e podem superar os 20% para pacientes que usam entre 10
e 20 tipos de remédios. Para o farmacêutico gaúcho Wilson Pereira de Souza, outro fator
importante que favorece o surgimento dos efeitos das interações é o mau hábito dos
brasileiros de tomarem medicamentos por conta própria. "A automedicação favorece
em muito o surgimento de sintomas não desejáveis, além de representar um perigo real
para a saúde", disse.
Administração
dos Medicamentos Têm Influência Decisiva
A forma como o medicamento é administrado influencia na ocorrência ou não das
interações medicamentosas. Se houver a necessidade do paciente ingerir mais de uma
espécie de remédios, é recomendado que o faça em horários distintos, para que não
haja o risco de ocorrer interação. Na opinião de Wilson Souza, há maiores
possibilidades de que um determinado medicamento anule o efeito do outro quando são
tomados entre um curto espaço de tempo. "Os farmacêuticos precisam ficar atentos a
este tema, já que muitas vezes, os efeitos novos da interação não se manifestam nos
primeiros dias", adverte. A forma de apresentação dos medicamentos, em comprimidos,
drágeas, etc, também são fatores que levam às interações medicamentosas. De acordo
com Souza, aqueles remédios que permanecem por mais tempo no organismo têm mais chance
de interagir com outras novas drogas que o paciente venha a tomar.
Idosos São os Mais Atingidos
As condições físicas do paciente são determinantes para que ocorram os
efeitos das interações decorrentes de medicamentos. Neste sentido, os idosos são as
vítimas potenciais da múltipla prescrição. "Essa parcela da população sofre com
os efeitos colaterais de apenas uma droga, imagine então quando são receitados diversos
tipos de remédios", comenta o farmacêutico. Ele alerta que nestes casos, é preciso
uma avaliação mais profunda sobre as condições físicas do paciente, para que não
haja risco de uma interação medicamentosa mais adversa. Os mais idosos, ao lado dos
recém-nascidos, são os mais afetados pelos efeitos contrários produzidos pelas
interações medicamentosas. De um lado está o organismo já enfraquecido, do outro, um
organismo ainda não totalmente preparado e amadurecido.
Boas Condições de Saúde
Evitam as Interações
Existem diversos tipo de interações que estão ligadas às condições do
próprio paciente. Neste caso, as pessoas consumidoras de álcool, os diabéticos e os que
apresentam problemas de tireóide, por exemplo, podem desenvolver interações com
determinados medicamentos, enquanto outros sem esses problemas, mas com a mesma
prescrição, não serão vítimas dos efeitos de interação.
Fatores internos e externos podem estimular o aparecimento dos efeitos do uso de diversos
tipos de drogas ao mesmo tempo. Os pacientes com alterações nos rins, no fígado, ou com
determinados hábitos alimentares e até mesmo submetidos à poluição do ar, possuem
peculiaridades que aumentam os riscos da interação.
No caso dos alimentos, a quantidade e o tipo ingeridos podem prejudicar a missão do
medicamento no organismo. Na avaliação de Wilson Souza, os alimentos, assim como os
remédios, são passíveis de provocar interações medicamentosas. A quantidade de
fatores relacionados às condições dos pacientes é grande. A área médica considera
atualmente este fator tão importante como as características dos próprios remédios.
FDA Faz
Advertência, Mas Consumo da Erva de São João Continua
Embora a Food na Drug Administration (FDA), órgão dos Estados Unidos responsável pelos
medicamentos, já tenha emitido uma advertência sobre interações provocadas pelo uso da
erva de São João ('Hypericum perforatum') em consorciação com medicamentos
anti-retrovirais, o consumo da planta permanece em alta. Por melhorar o desempenho do
sistema imunológico, a planta vem sendo usada em grande escala pelos portadores do HIV.
Segundo pesquisas realizadas na Alemanha e na Áustria, a planta possui uma substância
chamada hypericina que também é altamente consagrada por sua ação anti-depressiva e
capaz de reduzir os sintomas de melancolia, angústia, insônia, cefaléia, ansiedade,
exaustão e pânico. Segundo matérias relativas à pesquisa realizada, a Europa hoje é
líder na prescrição e consumo da erva de São João. Os números revelam que por ano
são prescritas algo em torno de três milhões de receitas.
De fato, de acordo com estudo realizado em 40 clínicas psiquiátricas da Alemanha, com
324 pacientes, ficou confirmado o efeito da erva no tratamento da depressão. O diretor do
hospital médico da Universidade de Giessen, Helmut Woelk, chegou a afirmar, segundo
notícias publicadas em jornais brasileiros, que a erva poderia ser considerada como
primeira opção no tratamento de pacientes com depressão suave ou moderada. Os estudos
de Woelk concluem que a erva é tão eficaz quanto a imipramina, comercializada no Brasil
com nome TofranilÒ, com a vantagem de provocar menos efeitos colaterais.
A Erva de São João já vem sendo reconhecida por alguns como uma espécie de Prozac
natural, mas também está virando exemplo típico de interação medicamentosa entre os
tratamentos alternativos e alopáticos. Em estudos realizados na Europa e Estados Unidos,
ficou claro que a erva de São João pode interferir com a ação do medicamento
indinavir, um inibidor usado para tratar a Aids. Médicos do Instituto Nacional de Alergia
e Enfermidades Infecciosas, dos EUA, observaram que os pacientes que tomaram a erva e o
medicamento juntos tiveram a concentração do antidepressivo reduzida acentuadamente no
seu sangue.
Outros pesquisadores, estes da Universidade de Zurique, mostraram que a erva interferia no
efeito da ciclosporina, medicamento usado para prevenir a rejeição à órgãos
transplantados. Na Inglaterra, o governo alertou o público também para as interações
que a erva de São João pode causar em associação aos tratamentos de enfermidades
cardíacas, asma, Aids e pílulas anticoncepcionais.
Substâncias
do Álcool e do Cigarro Interagem com Medicamentos
Os hábitos individuais precisam ser analisados antes do fármaco prescrever. Isso porque
os tipos de substâncias que são ingeridas regularmente pelo paciente precisam ser
conhecidos para que os remédios receitados não provoquem alterações na eficácia
terapêutica. As interações alimento-medicamento ocorrem da mesma forma que as de
medicamento-medicamento.
Um sinal de que poderá haver a interação é quando o paciente permanece na boca com o
gosto desagradável do medicamento ingerido. A ocorrência de diarréia após o consumo de
um medicamento pode sugerir a interação alimento-medicamento. As drogas sociais, álcool
e tabaco, possuem a mesma influência que os alimentos.
Como agente sedativo e hipnótico, o álcool (etanol) associado a outras drogas pode
representar efeitos clínicos importantes. Os antidepressivos e as drogas sedativas são
os exemplos mais comuns de interação com o álcool. O etanol também potencializa os
efeitos farmacológicos de muitas drogas não-sedativas, como os vasodilatadores e os
hipoglicêmicos orais.
Em relação ao cigarro, a quantidade de substâncias liberadas, como o monóxido de
carbono, cianureto, nicotina, significa um grande potencial o desenvolvimento de
interações medicamentosas. Estudos a respeito da interação fumo-medicamento mostram
que o cigarro pode reduzir a absorção de insulina, aumentar as chances de acidentes
vascular encefálico e ainda provocar a cardiopatia isquêmica em mulheres que consomem
anticoncepcionais orais.
Copyright © 2001 eHealth Latin America
30
de Janeiro de 2001
Veja também