Artigos de saúde
Dr. José Rodolfo Rivera Arango
Guatemala
Aconselham-se as mulheres que já estão casadas que não esperem tanto para
terem filhos, para não ficar tarde e depois, querendo, não possam tê-los. Se
você ouvir uma frase como esta de alguém muito querido na véspera de seu
casamento, provavelmente sentirá muita angústia durante sua lua de mel, e não
felicidade.
Lamentavelmente, nossas mães vêm da geração dos anos 60 e 70, época na qual
deu-se início a comercialização de anticoncepcionais orais, época em que se
formou o conceito "a pílula" e do Rock and Roll. Quando os anticoncepcionais hormonais orais chegaram ao mercado as dose de hormônio que
continham eram entre 5 e 10 vezes maiores que as doses disponíveis hoje em dia,
o que faz esperar um maior número e intensidade de efeitos colaterais.
E mesmo assim, foi a época de massificação da pílula. Por quê? Porque
naqueles anos já a penicilina e tetraciclina eram capazes de tratar todas as
doenças de transmissão sexual conhecidas, e as mulheres viveram o movimento de
"Liberalismo", o que fez com que tivessem uma conduta sexual
desordenada (múltiplos parceiros sexuais) e durante este tempo tiveram apenas
uma preocupação: NÃO FICAREM GRÁVIDAS. Se adquirissem uma doença venérea,
buscavam a cura e ainda não se conhecia a AIDS.
Então, apesar das altas doses hormonais da pílula e dos muitos efeitos
secundários, sua aceitação foi maciça. Desta análise se desprenderam
algumas implicações que hoje têm mitificado negativamente a pílula.
Primeiro: quem faz uso de pílula tem uma vida sexual promíscua. Segundo: se a
pessoa tem vida sexual e não engravida logo não poderá ter filhos. Terceiro: os efeitos secundários podem chegar a converterem-se em uma
verdadeira monstruosidade. Vejamos o que evidencia a experiência de quatro
décadas:
Primeiro mito: uma das melhores indicações do uso da pílula é entre os
casados. Na América Latina a idade de casamento em média é 10 anos inferior
à da Europa e América do Norte, o que implica 10 anos a mais de vida sexual
com probabilidades de gravidez. Enquanto, que na Europa 33% das mulheres casadas
usam pílula, na América somente 9% e em países como Guatemala somente 4% usam
este método. Em geral, quanto maior o nível sócio-econômico e educacional,
maior é a aceitação do método.
Segundo Mito: A pílula NÃO TEM EFEITOS ACUMULATIVOS portanto, deve ser tomada
diariamente. Isto acontece porque a vida média do hormônio é de apenas de 18
horas. E ainda, se a mulher esquecesse de tomar a pílula, então poderia ficar
grávida no decorrer do mês em questão. Por outro lado, se uma mulher após
interromper a administração da pílula não conseguir engravidar, e porque,
provavelmente, sofreu de alguma infecção vaginal crônica (de muito tempo) com
pequenos êmbolos sépticos (coágulos de pus) que ascenderam por seu útero
até obstruir irreversivelmente suas trompas de falópio impossibilitando assim
a fecundação.
A vida sexual desordenada segue sendo hoje em dia, uma das primeiras causas de
infertilidade por obstrução das trompas, e não a pílula em si. Por último,
10% dos parceiros são inférteis no momento do matrimônio. O consenso médico
para classificar uma mulher como "infértil" é que esta tenha tido
uma vida sexual periódica (ao menos 2 contactos por semana) sem planejamento
por um ano. Antes desse tempo, preocupar-se somente acarretará úlceras
gástricas e dores de cabeça desnecessárias. A exceção seria a mulher que se
casa depois dos 33 ou 34 anos.
Por último o Terceiro Mito: Os anticoncepcionais hormonais orais são
conhecidos hoje em dia como "os métodos modernos" e por quê? Porque
têm evoluído. Uma pílula tem somente 95 microgramas de hormônios e todo o
ciclo traz menos de 2 miligramas de hormônio. Assim, para fazer uma
comparação teria que tomar a pílula durante 250 meses para fazer o fármaco
equivalente a um único comprimido de acetaminofem. Com esta dose tão baixa o
fabricante indica que as mulheres férteis ficariam grávidas nos três meses
seguintes após a suspensão do método (pois é uma dose muito baixa sem
efeitos cumulativos). A menos que esteja pensando em casar-se e ter filhos, a
pílula anticoncepcional é hoje em dia, a melhor escolha para evitá-los.
Recorde que planejamento familiar não é somente NÃO TER FILHOS, e sim
"tê-los quando os desejar".
Copyright CELSAM (Centro Latinoamericano Salud y Mujer)
Veja também