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Neste Artigo:
- O Que é Hipodermite?
- Eritema Nodoso - O Tipo
mais Comum de Hipodermite
- Clínica e Diagnose do Eritema Nodoso
- Tratamento
- Outros Tipos de Hipodermite
- Veja Outros Artigos Relacionados
ao Tema
"As doenças do tecido subcutâneo compreendem fundamentalmente as doenças do
panículo adiposo e são genericamente denominadas paniculites ou hipodermites. O estudo
das hipodermites repousa na sua interpretação, fundamentalmente em bases
anatomopatológicas, ou seja, em exames de biópsia. Este fato explica, inclusive, as
dificuldades de classificação das paniculites pela ampla gama de fenômenos desta
ordem".
O Que é Hipodermite?
A pele é o maior órgão do corpo humano. É o órgão que envolve o corpo
determinando seu limite com o meio externo. Corresponde a 16% do peso corporal e exerce
diversas funções, como: regulação térmica, defesa orgânica, controle do fluxo
sangüíneo, proteção contra diversos agentes do meio ambiente e funções sensoriais
(calor, frio, pressão, dor e tato). A pele é um órgão vital e, sem ela, a
sobrevivência seria impossível. É formada por três camadas: epiderme, derme e
hipoderme, da mais externa para a mais profunda, respectivamente. A hipoderme, também
chamada de tecido celular subcutâneo, a porção mais profunda da pele é composta por
feixes de tecido conjuntivo que envolvem células gordurosas (adipócitos) e formam lobos
de gordura. Sua estrutura fornece proteção contra traumas físicos, além de ser um
depósito de calorias. A hipodermite é a inflamação do tecido gorduroso ou subcutâneo.
"Existem vários tipos de hipodermite, assim como, é grande a gama de causas que
podem provocar a doença. É conhecida no meio médico como paniculite (Ite=inflamação /
panículo=tecido gorduroso)", explica a dermatologista Ana Cristina Guimarães
especialista pela Sociedade Brasileira de Dermatologia. "É uma doença rara. Não é
o dia-a-dia, em um ano temos em média dois casos de hipodermite no consultório",
diz a doutora.
É importante entender que o diagnóstico de paniculite é feito por um exame
histológico. São vários os grupos da doença que só podem ser identificados através
do exame anatomopatológico, ou biopsia, como é mais conhecido. O denominador comum entre
estes vários tipos de hipodermites é a inflamação do tecido gorduroso.
Eritema Nodoso - O
Tipo mais Comum de Hipodermite
Uma das hipodermites mais comuns é o eritema nodoso, que consiste em nódulos
que aparecem por baixo da pele, principalmente na parte anterior da perna (eritema =
quando a pele está avermelhada / nódulo = lesão com mais de meio centímetro de
diâmetro). "O eritema nodoso é a síndrome de hipersensibilidade a agentes
infecciosos, drogas e outras causas, caracterizada por lesões eritemato-nodulares
simétricas nos membros inferiores e eventualmente em outras áreas", explica a Dra.
Ana Cristina. A principal causa deste tipo de hipodermite é reação a qualquer tipo de
remédio ou droga, mas principalmente antiinflamatórios como Cataflan ou Voltaren. Pode
ser desencadeada por ingestão de drogas, como sulfas, brometos, iodetos, penicilina,
salicilatos, e anticoncepcionais orais. Há casos em que a etiologia não é esclarecida.
Um vírus, uma gripe, infecção fúngica ou infecção bacteriana também podem
desencadear a doença. "É muito comum surgir eritema nodoso depois de uma simples
gripe. Na realidade é uma reação alérgica a algo que está ocorrendo no organismo do
paciente ou a algum remédio que foi tomado", conclui a doutora.
De acordo com a especialista, fisicamente o eritema nodoso se manifesta com nódulos e
inflamações avermelhados e geralmente doloridos. Muitos pacientes desenvolvem a doença
apenas uma vez, mas em alguns casos ela é reincidente, por isto a necessidade de sempre
se buscar o motivo que desencadeou a inflamação. O eritema nodoso não deixa cicatriz,
ele evolui e desaparece.
Clínica e Diagnose do Eritema
Nodoso
O quadro inicia-se com febre, dores articulares e nas panturrilhas, e
aparecimento de placas eritematosas e nodulares nas faces anteriores das pernas. A cor é
vermelha brilhante e os nódulos são duros e dolorosos. No eritema nodoso podemos ter
também quadros sintomáticos como febre, mal-estar. As lesões regridem de duas a
três semanas, nunca se ulceram, deixando depressão atrófica ou pigmentação residual.
Novos surtos podem surgir. Exames laboratoriais são importantes para a investigação da
causa.
Os especialistas alertam: é importante frisar que a hipodermite é uma doença de
múltiplas causas. Portanto, o principal e o mais difícil da doença, é realmente
descobrir o que a provocou. "Para se fazer o diagnóstico utiliza-se o exame
clínico, mas o ideal é fazer uma biópsia, pois é importante identificar qual o tipo
exato de paniculite que o paciente apresenta", afirma Ana Cristina. Dependendo do
tipo histológico do material, a doença é classificada dentro de suas inúmeras
manifestações. O tratamento é aplicado de acordo com cada tipo de paniculite.
Tratamento
De acordo com a doutora Cleire Paniago Pereira, coordenadora do Departamento de
Dermatopatologia da Sociedade Brasileira de Dermatologia, na hipodermite, a investigação
e tratamento da causa responsável são imprescindíveis. "É importante afastar a
causa para poder tratar. O tratamento consiste basicamente em administrar
antiinflamatórios, ou então, iodeto de potássio. Algumas vezes é necessária a
administração de corticóides, que funcionam como um antiinflamatório mais potente.
Eliminação de drogas suspeitas, repouso no leito e elevação dos membros são
necessários", explica a médica. Para os especialistas, o uso de antiinflamatórios
é uma questão um pouco paradoxal no que se refere a hipodermite, pois ao mesmo tempo em
que este tipo de droga pode desencadear a doença, ela também pode servir como tratamento
em muitos casos.
O tratamento geralmente é prolongado, chegando a durar vários meses. Existem certos
exames que se pode fazer para afastar doenças que provocam a hipodermite, como
tuberculose, hanseníase, mas fora isto não existe nenhuma outra forma de diagnóstico
para descobrir sua origem. Algumas doenças auto-imunes, ou seja, que o próprio organismo
produz, onde as células de defesa (linfócitos) criam anticorpos contra o próprio
organismo, também podem ser vistas como causa para hipodermite. São elas: Lúpus,
artrite reumatóide, esclerodermia, etc. Para Cleide Paniago, é primordial conversar com
o paciente para buscar identificar o que provocou a inflamação. "Saber quais os
remédios que a pessoa tomou nos últimos tempos, se houve algum quadro sintomático ou
enfermidade recente são dados valiosos para esta busca", conclui ela.
Outros Tipos de Hipodermite
Existem outros tipos de hipodermite, como por exemplo, a chamada de nodular
migratória, extremamente rara. Esta manifestação acomete preferencialmente mulheres e
caracteriza-se pelo aparecimento de um, dois ou três nódulos subcutâneos com
disposição unilateral e assimétrica, ou seja, ocorre normalmente em apenas uma das
pernas. Este caso, responde terapeuticamente ao iodeto de potássio. Outro quadro da
hipodermite é conhecido como Doença de Weber-Christian e possui as mesmas
características sintomáticas dos anteriores, com a diferença que pode deixar
cicatrizes. É também uma doença mais sistêmica, podendo ocorrer dores de barriga,
surtos febris, perda de peso e em alguns casos pode levar o indivíduo à morte, pois
além de atingir o tecido gorduroso, atinge outros órgãos do corpo. A Sociedade
Brasileira de Dermatologia classifica inúmeros tipos de hipodermites. Dentre as
principais, além das já citadas, temos: as de origem pancreática, por agentes físicos
(pelo frio e por traumas), vasculite nodular (inflamação da veia que leva a inflamação
do tecido gorduroso) e as afecções próprias do recém-nascido, como o escleredema
neonatal e a necrose subcutânea do recém-nascido.
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29 de Julho de 2004
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